Capítulo 1

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POV Marcel

Eu me lembro como se fosse ontem do dia em que eu me tornei pai. Era a terceira semana de maio, o clima frio estava começando a se aproximar. Klaus estava inquieto com alguma paranóia qualquer, a qual eu não dei atenção. Elijah,desde de que Rebekah havia sido "colocada pra dormir" por Klaus, só estava presente de corpo, seus pensamentos vagavam e ele raramente conversava, a não ser para advertir o irmão das consequências de seus atos imprudentes.

Eu evitava julgar a melancolia de Elijah, já que também estava triste. Sentia saudades de Rebekah, aquela enorme mansão ficava ainda maior sem a presença dela. Maior, mais triste e sem vida. Todos os dias eu passava pela porta do quarto onde o caixão dela estava e me sentia vazio.

Era noite, e como de costume eu estava no pátio central da mansão. Estava sentado, lendo um livro, klaus andava de um lado para o outro e tagarelava sobre as bruxas,os lobisomens e Mikael o perseguindo desde sempre. Quando ele me perguntava algo, eu o respondia, mas não queria entrar no meio daquelas teorias malucas. Klaus é um ótimo estrategista, mas as vezes a paranóia dele supera o bom senso. Elijah estava em seu quarto (como de costume).

De repente, ouvi um barulho, parecia um coração, não era o do Klaus e também não era o meu. Parecia o coração de uma criança, frágil.

- Você está ouvindo este som? - perguntei. Klaus fechou os olhos, se concentrando, e logo os abriu.

- É um batimento cardíaco, Marcellus. - ele disse, sem entender porque eu o havia interrompido por algo tão banal. - O q tem de mais?

- É uma criança.

- E? - ele perguntou ainda sem entender.

Me levantei e assim que fechei o livro o coloquei sobre a mesa, ouvi um suspiro profundo. Era uma criança, eu tinha certeza. Fui até a porta da mansão e ao sair vi uma pequena cesta com um bebê. Peguei e voltei para o pátio.

- Te disse que era uma criança. - Falei baixo, já que o bebê estava dormindo. Klaus veio até mim.

- Estava aqui na porta? - Fiz que sim com a cabeça - Que estranho.

- Não parece ter mais que um, talvez dois meses de idade - disse, depois de avaliar o rosto daquele bebê.

Klaus pegou um bilhete que eu ainda não tinha visto e leu em voz alta.

É uma menina. Deixei ela em sua porta porque não quero e não vou cria-la. É minha filha, mas não sinto nada em relação a ela, não a amo e não a odeio. Porém sei q vcs vão cuidar para q ela fique bem.

~Uma bruxa do quartel francês

- Se a mãe é uma bruxa, a filha também é. - Diz Klaus

- Olhe para ela, Klaus

- Olhos negros, cabelos escuros, pele morena clara.

- Olhe bem Klaus, por favor. - insisti

- Ela se parece com Beatrix. Talvez seja filha dela.

- Devemos devolver? - eu não tinha ideia do que fazer com aquela menininha. - Ou vamos cuidar dela?

- Vamos cuidar dela. - Quem responde minha pergunta é Elijah.

Elijah veio até mim e avaliou a menina. Ele com certeza via as semelhanças dela com Beatrix Durkheim.

Os Durkheim eram uma família bruxa da cidade, faziam parte dos Tremé. A única filha do casal Durkheim era Beatrix. Ela era rebelde e para contrariar os pais se envolveu com um bruxo que praticava magia negra sacrificial. Ela tinha viajado a um tempo para Paris, se não me engano. Contei mentalmente a quanto tempo a viagem havia ocorrido. 7 meses. Considerando que aquela menina tinha 1 mês mais ou menos, se Beatrix tivesse viajado já grávida de 3 meses as datas se encaixariam perfeitamente.

Eu estava encantado com a criança. E mesmo sendo egoísmo, uma parte de mim ficou feliz por ter recebido a oportunidade de cria-la.

- Concordo com Elijah - disse e Klaus se virou para me olhar - Vamos cuidar dela.

- Não vamos. Não quero essa descendente dos Durkheim aqui. - Klaus disse, mas eu vi que os olhos dele estavam encantados com ela, eu sei que ele se indentificou com aquela situação, assim como eu. Afinal, Klaus e eu havíamos sido rejeitados por nossos pais, mas contamos com nossas mães por um tempo de nossas vidas. Já a menina foi rejeitada pela mãe e o pai era um ser desprezível.

- Irmão, é a nossa chance de darmos a ela o que a vida nos roubou. - disse Elijah, e eu percebi que ele também tinha sofrido com um pai lunático e uma mãe que o amaldiçoou com a imortalidade e depois o odiou. Ele caminhou até Klaus e colocou a mão sobre o ombro do irmão - Vamos fazer isso.



A filha de MarcelOnde histórias criam vida. Descubra agora