POV Marcel
Eu me lembro como se fosse ontem do dia em que eu me tornei pai. Era a terceira semana de maio, o clima frio estava começando a se aproximar. Klaus estava inquieto com alguma paranóia qualquer, a qual eu não dei atenção. Elijah,desde de que Rebekah havia sido "colocada pra dormir" por Klaus, só estava presente de corpo, seus pensamentos vagavam e ele raramente conversava, a não ser para advertir o irmão das consequências de seus atos imprudentes.
Eu evitava julgar a melancolia de Elijah, já que também estava triste. Sentia saudades de Rebekah, aquela enorme mansão ficava ainda maior sem a presença dela. Maior, mais triste e sem vida. Todos os dias eu passava pela porta do quarto onde o caixão dela estava e me sentia vazio.
Era noite, e como de costume eu estava no pátio central da mansão. Estava sentado, lendo um livro, klaus andava de um lado para o outro e tagarelava sobre as bruxas,os lobisomens e Mikael o perseguindo desde sempre. Quando ele me perguntava algo, eu o respondia, mas não queria entrar no meio daquelas teorias malucas. Klaus é um ótimo estrategista, mas as vezes a paranóia dele supera o bom senso. Elijah estava em seu quarto (como de costume).
De repente, ouvi um barulho, parecia um coração, não era o do Klaus e também não era o meu. Parecia o coração de uma criança, frágil.
- Você está ouvindo este som? - perguntei. Klaus fechou os olhos, se concentrando, e logo os abriu.
- É um batimento cardíaco, Marcellus. - ele disse, sem entender porque eu o havia interrompido por algo tão banal. - O q tem de mais?
- É uma criança.
- E? - ele perguntou ainda sem entender.
Me levantei e assim que fechei o livro o coloquei sobre a mesa, ouvi um suspiro profundo. Era uma criança, eu tinha certeza. Fui até a porta da mansão e ao sair vi uma pequena cesta com um bebê. Peguei e voltei para o pátio.
- Te disse que era uma criança. - Falei baixo, já que o bebê estava dormindo. Klaus veio até mim.
- Estava aqui na porta? - Fiz que sim com a cabeça - Que estranho.
- Não parece ter mais que um, talvez dois meses de idade - disse, depois de avaliar o rosto daquele bebê.
Klaus pegou um bilhete que eu ainda não tinha visto e leu em voz alta.
É uma menina. Deixei ela em sua porta porque não quero e não vou cria-la. É minha filha, mas não sinto nada em relação a ela, não a amo e não a odeio. Porém sei q vcs vão cuidar para q ela fique bem.
~Uma bruxa do quartel francês
- Se a mãe é uma bruxa, a filha também é. - Diz Klaus
- Olhe para ela, Klaus
- Olhos negros, cabelos escuros, pele morena clara.
- Olhe bem Klaus, por favor. - insisti
- Ela se parece com Beatrix. Talvez seja filha dela.
- Devemos devolver? - eu não tinha ideia do que fazer com aquela menininha. - Ou vamos cuidar dela?
- Vamos cuidar dela. - Quem responde minha pergunta é Elijah.
Elijah veio até mim e avaliou a menina. Ele com certeza via as semelhanças dela com Beatrix Durkheim.
Os Durkheim eram uma família bruxa da cidade, faziam parte dos Tremé. A única filha do casal Durkheim era Beatrix. Ela era rebelde e para contrariar os pais se envolveu com um bruxo que praticava magia negra sacrificial. Ela tinha viajado a um tempo para Paris, se não me engano. Contei mentalmente a quanto tempo a viagem havia ocorrido. 7 meses. Considerando que aquela menina tinha 1 mês mais ou menos, se Beatrix tivesse viajado já grávida de 3 meses as datas se encaixariam perfeitamente.
Eu estava encantado com a criança. E mesmo sendo egoísmo, uma parte de mim ficou feliz por ter recebido a oportunidade de cria-la.
- Concordo com Elijah - disse e Klaus se virou para me olhar - Vamos cuidar dela.
- Não vamos. Não quero essa descendente dos Durkheim aqui. - Klaus disse, mas eu vi que os olhos dele estavam encantados com ela, eu sei que ele se indentificou com aquela situação, assim como eu. Afinal, Klaus e eu havíamos sido rejeitados por nossos pais, mas contamos com nossas mães por um tempo de nossas vidas. Já a menina foi rejeitada pela mãe e o pai era um ser desprezível.
- Irmão, é a nossa chance de darmos a ela o que a vida nos roubou. - disse Elijah, e eu percebi que ele também tinha sofrido com um pai lunático e uma mãe que o amaldiçoou com a imortalidade e depois o odiou. Ele caminhou até Klaus e colocou a mão sobre o ombro do irmão - Vamos fazer isso.
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A filha de Marcel
Fiksi PenggemarNascer bruxa no quartel francês já não era uma coisa muito boa, mas ser abandonada ainda bebê pela mulher que deveria me amar, foi ainda pior. Mas eu tive a sorte de encontrar um pai que me amou e que me deu uma família. Eu sou Anne Marie Gerard, um...