Cap. 22
POV Anne
Era terça.
Eu não tinha aulas à tarde.
Almocei com Carolina, Paula e Helena. Não falamos muito, mas estávamos bem humoradas.
Depois do almoço, o sol brilhava forte no céu azul. Era tão claro e limpo, nem sinal de nuvens.
Era primavera. As flores do campo mais ao norte da escola tinham desabrochado lindamente.
Carolina tinha ido direto para o dormitório, depois do almoço, alegando ter coisas para arrumar.
– Vocês souberam? - Helena estava eufórica. – A diretora confirmou que vai realizar o festival da colheita no próximo ano.
– Festival da colheita?? Somos camponesas indefesas ou o quê? E esse festival é quase uma lenda por aqui, do tipo que só se vê uma vez quando se está aqui. – Paula retrucou.
Eu não sabia do que se tratava. Mas eu estava interessada o bastante para perguntar.
– O que é esse festival? – Fui direto ao ponto.
– É uma festa para todas as espécies, quase que um tratado de não agressão. Um banquete e um baile são oferecidos. Sempre vêem muitos garotos de todos os tipos. – Helena estava extasiada.
– É mesmo, tem do tipo cão pulguento, morcego sanguessuga, sem ofensa Anne, e o pior tipo, bruxos convencidos e humanos idiotas, tudo isso agravado por serem homens "jovens".
– Em primeiro lugar, você não me ofende. – Eu ri do jeito que ela falou dos garotos. – Em segundo, eu pensei que você fosse a que mais gostaria de uma festa assim.
– Eu gostaria, mas ouvi dizer que é só uma esperança tola que as bruxas anciãs alimentam em nossa cabeça, para nos manter na linha. Todas as garotas que supostamente já participaram dessa festa, a essa altura não estudam mais aqui. – Ela se distraiu, mexendo no vestido bege com bordados em fios de ouro.
Olhei para o enorme gramado à frente da escola, próximo aos bancos do pátio de onde estávamos conversando, e imaginei um baile de gala entre todas as espécies ali.
– Haha. - Eu ri, sarcástica. – Agora eu entendo o seu ponto, Paula. Essa ideia é uma piada de mau gosto.
Ela concordou com a cabeça.
Não falamos muito mais sobre aquilo, elas tomaram um caminho sem mim, para os dormitórios.
Eu passei na cozinha e apanhei algumas maçãs. Em seguida, dei um pulo no quarto, Carolina não estava lá. Escrevi rapidamente:
" O dia está bom.
Vou caminhar. Volto já."
Deixei o bilhete na escrivaninha e apanhando um lençol, e uma cesta para o carregar, eu saí da escola, caminhando na direção oeste para um pequeno bosque que eu havia descoberto a pouco tempo.
Lá, entre as árvores, eu me sentia realmente livre. Adentrando um pouco, caminhando entre as poucas árvores do lugar, ouvi o som de água corrente. Era bom demais para ser verdade.
Não. Era incrível.
Uma cachoeira de queda sútil e um córrego cristalino bem ali na minha frente. Era tão estonteante e convidativo. Eu não hesitei.
Estiquei o lençol sobre a grama, colocando a cesta sobre ele. Eu pensei naquilo. Não tinha planejado que precisaria de outra roupa, então simplesmente não trouxe mais nada comigo. Mas eu não deixaria isso me impedir.
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A filha de Marcel
FanfictionNascer bruxa no quartel francês já não era uma coisa muito boa, mas ser abandonada ainda bebê pela mulher que deveria me amar, foi ainda pior. Mas eu tive a sorte de encontrar um pai que me amou e que me deu uma família. Eu sou Anne Marie Gerard, um...