Capítulo 12 - Soluções e presentes

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POV Kol

- Essa é a lista de coisas que você precisará. Você manteve a horta de sua mãe? As ervas você poderá encontrar lá. – Eu perguntei, finalizando as instruções do feitiço.

- Mantive sim. Vou até lá agora mesmo para pegá-las. – Margot respondeu e saiu em direção aos fundos da casa.

Optamos por realizar o feitiço na sala mesmo. Eu tratei de afastar os móveis e desenhar os inscritos do feitiço com as cinzas de uma velha bruxa que outrora viveu e foi minha parceira em tudo que fiz e planejei.

- Não é desrespeitoso com os ancestrais usar as cinzas de uma bruxa morta? – Indagou Margot, retornando com as ervas do feitiço.

- A morte é parte da natureza assim como tudo acerca dela, como o luto e a tristeza. Eu posso usar a energia deixada na terra por essa bruxa, o que eu não poderia é ter a matado para usar a magia que a morte de alguém da sua raça libera. Conseguiu as ervas?

- Sim, estão todas aqui.

- Ótimo, posicione-as nos devidos lugares e sente-se no centro formado pela colocação dos elementos. – Observei enquanto ela seguia minhas orientações.

- Não pode me ajudar? E se eu as colocar no lugar errado?

- Se eu tocar nas ervas, o feitiço não funcionará. Tem de fazer você mesma.

- Mas você desenhou os inscritos com as cinzas, não altera o feitiço?

- Você continua curiosa como sempre. – Eu observei e ela fez cara feia. – Eu não posso tocar nas ervas porque elas estavam vivas a pouco tempo, então sua energia ainda está instável, diferentemente da energia vinda das cinzas, que já se estabilizou faz anos.

- Entendi. – Ela disse e sorriu.

- Você deveria ter aprendido isso na escola. É diferença de manipulação mágica simples. É pura teoria. – Eu confrontei, indignado com a falta de preparo que ela estava mostrando.

- Eu aprendi, mas tudo fica melhor de ouvir quando sai da sua boca, professor. – Ela falou, provocando. Mas eu não tenho tempo para isso agora, apesar de querer.

- Concentre-se no feitiço, por favor. – Eu desviei do assunto.

- Farei o feitiço e você não poderá mais fugir, Kol Mikaelson. – Ela pronunciou meu nome de uma forma que eu sempre adorei ouvir, com desejo. Não me contive e me aproximando mais do que o comum dela, disse:

- Eu nunca fujo, Margot. Agora termine de arrumar e comece a execução do feitiço. – Eu não a compeli, mas ela fez o que mandei.

Ela se sentou e eu entreguei a joia em suas mãos.

Ela finalizou o feitiço lindamente em alguns minutos. Apesar da complexidade de algumas partes ela se saiu muito bem. Não que eu esperasse menos dela, afinal, Margot sempre foi talentosíssima, desde a época em que eu a ensinava.

Ela se levantou e me entregou o colar, dizendo:

- Ajude-a e volte para me ver assim que puder, professor. Eu te levo até a porta.

Ela me acompanhou e quando eu estava indo, me deu um beijo no rosto, se despedindo. Eu fiz o mesmo e corri para casa, contente por achar uma solução para as questões de Anne e ter ficado junto de Margot novamente, aquela que um tempo atrás foi minha aluna.

Cheguei em casa antes mesmo do meio-dia. Subi até o quarto de Anne, que estava acompanhada de Carolina.

- Todos vocês! – Eu chamei, alto o suficiente para que eles me ouvissem se estivessem na casa. Logo todos, sem exceção, estavam no quarto da menina. – Estou de volta.- Finalizei.

- Não diga! – Klaus disse, ironicamente.

- A palavra final não tem que ser sempre sua, irmão. – Eu impliquei. – Todos sabem que você é o macho alfa aqui.

- Que bom. É ótimo que todos saibam, irmão. – Ele disse, irritado por eu tê-lo confrontado.

- Já que voltou, quer dizer então que achou uma solução? – Elijah indagou.

- Claro. Eu não sou de decepcionar bruxinhas.

Me virei na direção de onde Anne estava e fiz um gesto para que ela viesse até mim e assim ela fez. Quando estava mais perto, ela disse:

- Oi, tio Kol.

- Oi, garotinha. Isso é para você. – Disse e tirei a caixa com o colar do bolso do paletó, entregando-o a ela, que sorriu ao ver o embrulho de madeira revestido de veludo negro e com detalhes em dourado. – O primeiro presente que te dou. Que tal? - Perguntei enquanto ela abria a caixa e examinava seu conteúdo. - Ele tem magia e se ele é seu, toda a magia dele é sua também.- Falei, me referindo ao colar. - Aproveite.

Ela pulou em mim e me abraçou, agradecendo e pedindo para que eu colocasse o presente nela.

Coloquei o colar e ela correu até o espelho para olhar.

Enquanto ela admirava o colar, Klaus me chamou a atenção para algo que ele tinha percebido: ele conhecia aquela caixinha.

- Esse embrulho me parece familiar. - Ele soltou, como quem não quer nada.

- Lindo não é? encontrei em um velho baú em um desses quartos que usamos para esconder velhos tesouros. - Eu disse, devolvendo o tom despreocupado dele.

- É meu. - Ele disse, firme.

Sim, era. Dado a ele quando a filha mais jovem de um rei inglês, ou talvez italiano, presenteou-o com um relógio de bolso tão lindo quanto caro. Mas ele tinha uma dezena deles, relógios e os embrulhos nos quais eles vieram.

- Chame de reparação histórica pela última apunhalada que me deu, Niklaus. E de qualquer forma, teria dito não se eu tivesse pedido antes?

- Não. - Ele disse, e parecia descontraído.

- Então está resolvido. - A essa altura estávamos ombro a ombro, olhando a garota afastar os cabelos ondulados do colar.

Me virei para meus irmãos e expliquei:

- Essa solução é temporária, porém pode se estender o quanto for conveniente e necessário. Esse colar fornecerá energia mágica canalizada de toda a Nova Orleans, mas não será possível que Anne realize grandes feitiços, porque apesar de a fonte de magia ser ampla, o objeto canalizador é limitado. Basicamente, ela usará bastante esse colar e não o tirará para quase nada. A noite conversaremos, todos nós, com exceção de Anne apenas, sobre a outra solução na qual eu pensei para o problema a longo prazo. Dito isso – me virei novamente para olhar para Anne e chamando-a, disse: - Venha me dar um abraço, bruxinha. Vou sair e só volto a noite.

Anne me abraçou e eu a girei.

- Gostou do presente? – Eu perguntei para me certificar.

- Sim, ele é lindo. – Ela falou, empolgada.

- Igual a você.

- Obrigada, tio Kol. Quando voltar o senhor vem me falar boa noite?

- Só se você se comportar.- Disse isso e fiquei sério e ela pareceu triste. – É brincadeira, bruxinha. Não precisa se comportar se você não quiser. Você é a princesinha dessa cidade, faça o que quiser. – Eu sussurrei, mesmo com todos ouvindo. – Quando eu chegar, venho te dar boa noite. Agora eu preciso ir. Depois a gente se vê, bruxinha. – Eu a soltei e quando estava saindo, Marcellus perguntou:

- Onde vai?

- Ver uma pupila que já cresceu, enquanto eu espero essa aqui. – Vendo a reação dele, eu gritei que era brincadeira e corri, em direção a casa de Margot, ainda assim, jurei escutar uma maldição ecoar da boca de Marcel.



A filha de MarcelOnde histórias criam vida. Descubra agora