POV Kol
- Essa é a lista de coisas que você precisará. Você manteve a horta de sua mãe? As ervas você poderá encontrar lá. – Eu perguntei, finalizando as instruções do feitiço.
- Mantive sim. Vou até lá agora mesmo para pegá-las. – Margot respondeu e saiu em direção aos fundos da casa.
Optamos por realizar o feitiço na sala mesmo. Eu tratei de afastar os móveis e desenhar os inscritos do feitiço com as cinzas de uma velha bruxa que outrora viveu e foi minha parceira em tudo que fiz e planejei.
- Não é desrespeitoso com os ancestrais usar as cinzas de uma bruxa morta? – Indagou Margot, retornando com as ervas do feitiço.
- A morte é parte da natureza assim como tudo acerca dela, como o luto e a tristeza. Eu posso usar a energia deixada na terra por essa bruxa, o que eu não poderia é ter a matado para usar a magia que a morte de alguém da sua raça libera. Conseguiu as ervas?
- Sim, estão todas aqui.
- Ótimo, posicione-as nos devidos lugares e sente-se no centro formado pela colocação dos elementos. – Observei enquanto ela seguia minhas orientações.
- Não pode me ajudar? E se eu as colocar no lugar errado?
- Se eu tocar nas ervas, o feitiço não funcionará. Tem de fazer você mesma.
- Mas você desenhou os inscritos com as cinzas, não altera o feitiço?
- Você continua curiosa como sempre. – Eu observei e ela fez cara feia. – Eu não posso tocar nas ervas porque elas estavam vivas a pouco tempo, então sua energia ainda está instável, diferentemente da energia vinda das cinzas, que já se estabilizou faz anos.
- Entendi. – Ela disse e sorriu.
- Você deveria ter aprendido isso na escola. É diferença de manipulação mágica simples. É pura teoria. – Eu confrontei, indignado com a falta de preparo que ela estava mostrando.
- Eu aprendi, mas tudo fica melhor de ouvir quando sai da sua boca, professor. – Ela falou, provocando. Mas eu não tenho tempo para isso agora, apesar de querer.
- Concentre-se no feitiço, por favor. – Eu desviei do assunto.
- Farei o feitiço e você não poderá mais fugir, Kol Mikaelson. – Ela pronunciou meu nome de uma forma que eu sempre adorei ouvir, com desejo. Não me contive e me aproximando mais do que o comum dela, disse:
- Eu nunca fujo, Margot. Agora termine de arrumar e comece a execução do feitiço. – Eu não a compeli, mas ela fez o que mandei.
Ela se sentou e eu entreguei a joia em suas mãos.
Ela finalizou o feitiço lindamente em alguns minutos. Apesar da complexidade de algumas partes ela se saiu muito bem. Não que eu esperasse menos dela, afinal, Margot sempre foi talentosíssima, desde a época em que eu a ensinava.
Ela se levantou e me entregou o colar, dizendo:
- Ajude-a e volte para me ver assim que puder, professor. Eu te levo até a porta.
Ela me acompanhou e quando eu estava indo, me deu um beijo no rosto, se despedindo. Eu fiz o mesmo e corri para casa, contente por achar uma solução para as questões de Anne e ter ficado junto de Margot novamente, aquela que um tempo atrás foi minha aluna.
Cheguei em casa antes mesmo do meio-dia. Subi até o quarto de Anne, que estava acompanhada de Carolina.
- Todos vocês! – Eu chamei, alto o suficiente para que eles me ouvissem se estivessem na casa. Logo todos, sem exceção, estavam no quarto da menina. – Estou de volta.- Finalizei.
- Não diga! – Klaus disse, ironicamente.
- A palavra final não tem que ser sempre sua, irmão. – Eu impliquei. – Todos sabem que você é o macho alfa aqui.
- Que bom. É ótimo que todos saibam, irmão. – Ele disse, irritado por eu tê-lo confrontado.
- Já que voltou, quer dizer então que achou uma solução? – Elijah indagou.
- Claro. Eu não sou de decepcionar bruxinhas.
Me virei na direção de onde Anne estava e fiz um gesto para que ela viesse até mim e assim ela fez. Quando estava mais perto, ela disse:
- Oi, tio Kol.
- Oi, garotinha. Isso é para você. – Disse e tirei a caixa com o colar do bolso do paletó, entregando-o a ela, que sorriu ao ver o embrulho de madeira revestido de veludo negro e com detalhes em dourado. – O primeiro presente que te dou. Que tal? - Perguntei enquanto ela abria a caixa e examinava seu conteúdo. - Ele tem magia e se ele é seu, toda a magia dele é sua também.- Falei, me referindo ao colar. - Aproveite.
Ela pulou em mim e me abraçou, agradecendo e pedindo para que eu colocasse o presente nela.
Coloquei o colar e ela correu até o espelho para olhar.
Enquanto ela admirava o colar, Klaus me chamou a atenção para algo que ele tinha percebido: ele conhecia aquela caixinha.
- Esse embrulho me parece familiar. - Ele soltou, como quem não quer nada.
- Lindo não é? encontrei em um velho baú em um desses quartos que usamos para esconder velhos tesouros. - Eu disse, devolvendo o tom despreocupado dele.
- É meu. - Ele disse, firme.
Sim, era. Dado a ele quando a filha mais jovem de um rei inglês, ou talvez italiano, presenteou-o com um relógio de bolso tão lindo quanto caro. Mas ele tinha uma dezena deles, relógios e os embrulhos nos quais eles vieram.
- Chame de reparação histórica pela última apunhalada que me deu, Niklaus. E de qualquer forma, teria dito não se eu tivesse pedido antes?
- Não. - Ele disse, e parecia descontraído.
- Então está resolvido. - A essa altura estávamos ombro a ombro, olhando a garota afastar os cabelos ondulados do colar.
Me virei para meus irmãos e expliquei:
- Essa solução é temporária, porém pode se estender o quanto for conveniente e necessário. Esse colar fornecerá energia mágica canalizada de toda a Nova Orleans, mas não será possível que Anne realize grandes feitiços, porque apesar de a fonte de magia ser ampla, o objeto canalizador é limitado. Basicamente, ela usará bastante esse colar e não o tirará para quase nada. A noite conversaremos, todos nós, com exceção de Anne apenas, sobre a outra solução na qual eu pensei para o problema a longo prazo. Dito isso – me virei novamente para olhar para Anne e chamando-a, disse: - Venha me dar um abraço, bruxinha. Vou sair e só volto a noite.
Anne me abraçou e eu a girei.
- Gostou do presente? – Eu perguntei para me certificar.
- Sim, ele é lindo. – Ela falou, empolgada.
- Igual a você.
- Obrigada, tio Kol. Quando voltar o senhor vem me falar boa noite?
- Só se você se comportar.- Disse isso e fiquei sério e ela pareceu triste. – É brincadeira, bruxinha. Não precisa se comportar se você não quiser. Você é a princesinha dessa cidade, faça o que quiser. – Eu sussurrei, mesmo com todos ouvindo. – Quando eu chegar, venho te dar boa noite. Agora eu preciso ir. Depois a gente se vê, bruxinha. – Eu a soltei e quando estava saindo, Marcellus perguntou:
- Onde vai?
- Ver uma pupila que já cresceu, enquanto eu espero essa aqui. – Vendo a reação dele, eu gritei que era brincadeira e corri, em direção a casa de Margot, ainda assim, jurei escutar uma maldição ecoar da boca de Marcel.
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A filha de Marcel
FanficNascer bruxa no quartel francês já não era uma coisa muito boa, mas ser abandonada ainda bebê pela mulher que deveria me amar, foi ainda pior. Mas eu tive a sorte de encontrar um pai que me amou e que me deu uma família. Eu sou Anne Marie Gerard, um...