Capítulo 7- Origens

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POV Marcel

Se eu pudesse, certamente mandaria aquela maldita mulher embora e iria ficar junto de minha filha. Mas aquela opção tinha sido tirada de mim no momento em que Elijah permitiu a presença de Beatrix na mansão. Agora eu teria de lidar com o problema que eu vinha ignorando desde o dia em que Anne chegou a essa casa. Não me refiro aos poderes de minha filha, mas sim a odiosa existência de Beatrix. Eu me pergunto a um bom tempo, que tipo de circunstância ela considerou grave o suficiente que a fez abandonar a própria filha?

Não que os problemas pessoais dela fossem fazer despertar, em mim, por ela, algum tipo de empatia. Mas será bom escutar a versão dela.

Apesar desses pensamentos, eu me recuso a perguntar a Beatrix o que ela tem a dizer. Eu sinceramente a detesto, sinto um nojo indescritível por ela.

Rebekah, que já demonstrava estar extremamente irritada e ansiosa, tomou a dianteira na "conversa" com Beatrix.

- A etiqueta exige que sejamos educados com as visitas, mas como eu clara e sinceramente não aprecio a sua existência, vou me limitar a te tratar com indiferença, senhorita Durkheim. – Rebekah disse, aparentando estar tentando conter seu completo desprezo. Ela aproximou-se de Beatrix, a olhou nos olhos e disse, em um tom de voz que não era de apelo e sim de ordem: - Conte o que tem que contar sobre a minha sobrinha e a razão de ela não ser uma bruxa comum, não ofereça resistência, não minta e não faça rodeios. Seja sucinta e não me faça tolerar sua presença mais do que o necessário. Ah, e mais uma coisa, tome cuidado com a linguagem que decidir usar. Caso eu me desagrade ou me sinta ofendida, ficarei satisfeita em arrancar sua língua. – Rebekah falou e então se afastou alguns passos da bruxa.

- Alguns anos atrás, - a bruxa começou a falar e eu tive vontade de tapar os ouvidos a fim de não ouvir sua voz, mas me mantive firme. – eu me envolvi com um bruxo, não por amor, mas para desagradar meus pais. Ficamos juntos durante um ou dois meses e quando minha mãe descobriu que estávamos próximos, ela fez com que nos afastássemos. Um tempo depois eu tive sintomas de gravidez e a existência da gestação foi confirmada por uma das bruxas anciãs. Assim que a gravidez se confirmou, minha mãe ficou apavorada e meu pai ficou furioso com a possibilidade de a criança ser fruto da minha relação com esse bruxo, o Lohan. Eu tinha plena certeza de que Lohan era o pai do bebê. Não que eu estivesse feliz por estar grávida, mas a angústia nos olhos dos meus pais tornou aquele momento extremamente divertido para mim. Porém, a alegria sumiu do meu ser quando minha mãe me revelou o motivo pelo qual ele e toda a família dele não eram bem vistos entre os bruxos. O ponto principal que faz com que eles sejam considerados bruxos com os quais não se deve envolver é que eles praticam um subtipo de magia sacrificial que não leva em conta as vontades ancestrais das bruxas, e que é considerada extremamente desrespeitosa. A magia praticada por aquela família é necromante, podendo usar sangue humano, de lobos ou vampiros, o que dispensa a magia da natureza ou ancestral. Sendo assim, eles abandonaram nossos costumes e tradições, uma vez que diferente de nós, não precisam seguir as regras impostas pelos ancestrais para poder praticar magia e fazer qualquer tipo de feitiço. Devido a esse histórico desrespeitoso de toda a família, por conta dessas práticas, os ancestrais fizeram a previsão, que foi passada a nós através das anciãs, de que a criança que eu estava gerando em meu ventre, por ser fruto de um relacionamento que não deveria ter acontecido, seria amaldiçoada. Em consulta direta aos ancestrais, quando perguntei que tipo de maldição recairia sobre mim, eles disseram que não seria nenhuma, porque apesar do meu envolvimento com Lohan, eu não passaria a ter o seu sangue, ao contrário da criança. Basicamente, o bebê nasceu sem magia própria, condenado a viver como "parasita mágico". – Beatrix fez uma pausa, refletindo sobre o que mais tinha para contar. – Minha mãe aconselhou que eu interrompesse a gravidez, quando soubemos da tal maldição, mas depois de saber que não aconteceria nenhum tipo de punição por parte dos ancestrais, eu decidi continuar grávida. Me arrependo até hoje. Foi uma gestação muito difícil e que exigiu muitos cuidados. Quando a bebê nasceu eu decidi deixa-la para ser adotada por alguma família, mas não sabia onde deixar. Por algum acaso do destino eu passei por essa rua e avistei a tão temível e intocada mansão dos Mikaelsons, a família original. Pensei que já que o destino tinha pregado uma peça em mim, eu poderia muito bem pregar uma em vocês, deixando aqui uma bruxa que, segundo o que os ancestrais esperam, será capaz de mutilá-los um a um somente para fazer um feitiço. Eles contam com o fato de que ela será tão rebelde quanto eu fui quando mais jovem, e ainda mais agressiva e louca por sangue quanto...- ela fez uma pausa dramática- bom, vocês, vampiros.

- Em que os ancestrais baseiam a opinião de que ela será assim tão rebelde? – Elijah perguntou.

- O fato de ela ser esponja não representa a totalidade da maldição. Isso é só um artifício usado para que ela cresça se sentindo inferior. Se algum dia ela tiver a necessidade de fazer um grande feitiço, coisa que invariavelmente acontece em algum momento para as bruxas, a ausência de magia fará com que ela apele para outros métodos, e apesar de ser proibida, a magia que o pai dessa criança pratica...

- Eu sou o pai dela, não ele. – Eu afirmei de forma breve.

- Que seja. - Beatrix retomou sua fala. – A magia que Lohan pratica é muito poderosa. Assim sendo, se ela optar por fazer uso dessas técnicas e por algum acaso matar alguém, talvez ela morra, talvez seja punida de alguma outra forma. Ao menos foi isso que os ancestrais afirmaram.

- Como assim "os ancestrais afirmaram"? – Rebekah indagou.

Beatrix não teve tempo para responder essa pergunta de Rebekah, porque Klaus explodiu em fúria e gritou:

- POUCO ME IMPORTA COMO É QUE A SUA LAIA SE COMUNICA COM OS SEUS MORTOS. SUMA DAQUI COM SUAS MALDIÇÕES E SUPERTIÇÕES. – Fazia tempo que ele não surtava daquela forma, eu pude ver o quanto a bruxa se assustou com aquela reação.

- Mais um momento, Niklaus. Ainda não é hora da nossa convidada nos deixar. – Elijah disse, em um tom moderado.

- JÁ É HORA DE ELA IR EMBORA DESDE O MOMENTO EM QUE ELA CHEGOU AQUI, PELO AMOR DE DEUS IRMÃO. EU NÃO A QUERO AQUI. ELA NÃO É NOSSA CONVIDADA, É SUA. Já está muito nítido para todos que ela não é bem vinda. – Klaus controlou a voz na última frase.

- Vejamos se tudo foi esclarecido para que você possa sumir da minha visão. – Rebekah disse, forçando uma calma que eu não sabia de onde ela tinha tirado. – Você se envolveu com quem não deveria e ao invés de ser punida por isso, as bruxas mortas que regem o mundinho de faz de conta de vocês acharam sensato punir uma criança, condenando-a a um destino pior do que a morte, forçando-a a nunca ser livre e a ser vista como inferior por bruxas como você. É isso?

- É. – Beatrix respondeu friamente.

Nesse momento, Rebekah avançou em direção a bruxa, mas algo fez com que ela parece antes de tocar em Beatrix. Sorte a dela.




A filha de MarcelOnde histórias criam vida. Descubra agora