*Salto no tempo
POV Anne
Já fazem quase dois anos que tio Klaus me contou a história da origem da família e desde então o clima na casa não parece mais o mesmo. Ele, tio Klaus, sumiu por quase um mês depois da briga que aconteceu quando voltamos da floresta e só voltou depois do tio Elijah buscá-lo. A partir disso, os dias passaram quase que normalmente, mas a noite as mágoas nascidas graças a aquele evento voltam para assombrar a todos. A culpa de tudo isso é minha. Desde o primeiro pesadelo com o irmão do tio Klaus, nunca mais dormi uma noite sem ter longos sonhos ruins, despertando toda a família quando acordo gritando. Mesmo que o dia passe normalmente e sem sobressaltos, com toda a família em paz, a noite eu sonho, esperneio e grito. Quando acordo, eles estão todos ao meu lado, me olhando, exceto tio Klaus, que fica de pé, perto da porta, recebendo os olhares desapontados e irritados dos demais.
Tenho cada vez mais medo de ir para a França, pois não sei como todos ficarão aqui. Me preocupo com tio Klaus e seu relacionamento com meu pai e os irmãos. Eu tentei diminuir o peso que eles estavam jogando sobre meu tio, mas depois de me ouvirem pronunciar que "vocês serem vampiros é de verdade incrível", as coisas só pareceram piorar, por isso eu não toco mais nesse assunto, mesmo vendo a situação se repetir constantemente.
Kol viajou a mais ou menos um mês e ,sem ele aqui, tio Klaus perdeu a única pessoa que não considerou uma blasfêmia terrível o que aconteceu, porque, segundo Kol, eu não deveria estar excluída da realidade da família, e me tratar eternamente como uma criança, iria me prejudicar no futuro próximo. Enquanto o tempo passa, sinto cada vez mais saudade de Kol. Recentemente, percebi que minha proximidade com ele fez com que eu parasse de trata-lo como tio, agora ele é mais como um amigo, mas não tenho certeza. Esse tipo de pensamento vem e vai, as vezes deixado um pouco de lado, mas não esquecido. Sem sombra de dúvidas, esse mês demorou mais a passar do que eu pensei.
Carolina entrou no quarto, interrompendo meus pensamentos quando perguntou:
- Já está acordada? O dia mal amanheceu.
- É, estava pensando sobre algumas coisas. – Respondi depois de me sentar na cama.
- Como o quê?
- A França.- falei, omitindo o restante.
- Sim, sobre isso, se vista e vamos descer. Seu pai e seus tios querem conversar conosco.
Eu percebi que o assunto era sério, já que ela não deu uma resposta em francês, como faz normalmente para praticarmos.
- Quando você diz "conversar conosco", quer dizer: "informar sobre algo que decidimos", não adianta tentar disfarçar. Eu conheço vocês desde que nasci. – Eu falei e ri.
Ela sorriu de volta, e me ocorreu uma pergunta que sempre passava pela minha cabeça.
- Carolina, por que você abandonou sua vida para cuidar de mim? Você era uma humana normal e agora tem que cuidar de mim, viajando por aí para satisfazer minhas necessidades. Qual a razão?
- Essa pergunta já vem com a resposta, então é fácil. Eu era uma humana normal, mas agora eu tenho você, que é como uma filha. A razão? Eu me encantei por você desde o começo, assim como todos, eu não tenho como viver sem você, Anne. Graças a você, seu pai e os Mikaelsons, minha vida é feliz e animada. Quando você crescer e se livrar da maldade que te fizeram, eu serei a mulher mais orgulhosa de todas, pois fiz parte da sua vida, me esforçando ao máximo para ver-te feliz, meu anjo.- Ela disse e seus olhos se encheram de lágrimas.
Nesse momento me levantei da cama e fui apressada em sua direção. Choquei meu corpo no dela e a abracei, sentindo o cheiro doce que vinha dos seus cabelos, que era tão familiar. Pensando bem, esse era o cheiro dela, doce como as flores, combinando perfeitamente com sua personalidade delicada e gentil. Carolina é a única mãe que conheci e a única que eu sempre quis, qualquer outra não me importa ou interessa.
- Obrigada, mãe. Me desculpe por ser difícil as vezes. – Eu falei, chorando.
Senti-a balançar a cabeça em negativa.
- Não desculpo não. Te amo exatamente desse jeito. Agora- ela desfez o abraço e secou as lágrimas em meu rosto- vá se vestir. Eles estão a nossa espera. Tudo bem?
- Sim. E eu te amo também.
- Eu sei minha pequena. Agora se apresse.- Eu a vi secar as próprias lágrimas enquanto eu me vestia.
Descemos até o pátio depois de nos recompormos um pouco, mesmo sabendo que todos, provavelmente, tinham nos escutado, não falamos mais a respeito do que acontecera.
Meus tios e meu pai estavam dispostos pelo pátio em seus lugares de costume. Tia Rebekah e papai dividindo um banco, como namorados. Tio Klaus e Elijah sentados em cadeiras, distantes um do outro, de modo que tio Klaus estava bem distante de todos os outros.
- Bom dia! – Eu disse, assim que alcancei o fim da escadaria.
- Bom dia. – Eles responderam quase que em uníssono.
Me sentei em uma cadeira, na qual, eu me encontrava quase que centralizada no círculo da discussão, como de costume.
- Vocês querem conversar algo?
- Informar. – Tio Klaus me corrigiu, para deixar explícito que estivera ouvindo.
- Ouvir a conversa dos outros é feio, você sabia, Tio?
- Sim, mas não ligo a mínima.
Fiz uma careta para ele, que debochou mais de mim.
Tio Elijah pigarreou, chamando a atenção para si, a fim de falar e ser ouvido.
- Está ciente da viagem, certo? – Ele perguntou.
- Sim, daqui a dois meses. – Eu respondi.
- Iremos ao final da próxima semana. – Ele disse, calmo.
- Por quê?
- Será melhor para nós e para Kol, assim ele não tem que viajar de volta sem necessidade, pode só esperar por nós lá.
- Em Paris?
- Não, em uma cidade mais ao leste, próxima da escola.
- Entendo. Farei minhas malas mais cedo, então.
- Sem objeções? – Quem perguntou foi meu pai.
- Não, desde que prometam não brigar mais, mesmo na minha ausência.
- Fazendo cobranças uma hora dessas da manhã? Você é mesmo a filha do seu pai.- Tio Klaus disse, implicando.
- Assim como ele é o seu, tio. Por favor, podem parar de brigar e prometer me contar sempre que algo acontecer?
- Prometo pensar seriamente sobre isso. – Tia Rebekah pareceu ceder.
- Obrigada, tia. Convença-os a manter o mínimo de paz, está bem?
- Está. – Ela disse, sorrindo.
O dia foi comum e a noite como sempre, movimentada. Ainda assim, eu fiquei contente por poder logo viajar e dar fim a essa espera estranha e irritante
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A filha de Marcel
FanficNascer bruxa no quartel francês já não era uma coisa muito boa, mas ser abandonada ainda bebê pela mulher que deveria me amar, foi ainda pior. Mas eu tive a sorte de encontrar um pai que me amou e que me deu uma família. Eu sou Anne Marie Gerard, um...