Capítulo 15

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*Salto no tempo

POV Anne

Já fazem quase dois anos que tio Klaus me contou a história da origem da família e desde então o clima na casa não parece mais o mesmo. Ele, tio Klaus, sumiu por quase um mês depois da briga que aconteceu quando voltamos da floresta e só voltou depois do tio Elijah buscá-lo. A partir disso, os dias passaram quase que normalmente, mas a noite as mágoas nascidas graças a aquele evento voltam para assombrar a todos. A culpa de tudo isso é minha. Desde o primeiro pesadelo com o irmão do tio Klaus, nunca mais dormi uma noite sem ter longos sonhos ruins, despertando toda a família quando acordo gritando. Mesmo que o dia passe normalmente e sem sobressaltos, com toda a família em paz, a noite eu sonho, esperneio e grito. Quando acordo, eles estão todos ao meu lado, me olhando, exceto tio Klaus, que fica de pé, perto da porta, recebendo os olhares desapontados e irritados dos demais.

Tenho cada vez mais medo de ir para a França, pois não sei como todos ficarão aqui. Me preocupo com tio Klaus e seu relacionamento com meu pai e os irmãos. Eu tentei diminuir o peso que eles estavam jogando sobre meu tio, mas depois de me ouvirem pronunciar que "vocês serem vampiros é de verdade incrível", as coisas só pareceram piorar, por isso eu não toco mais nesse assunto, mesmo vendo a situação se repetir constantemente.

Kol viajou a mais ou menos um mês e ,sem ele aqui, tio Klaus perdeu a única pessoa que não considerou uma blasfêmia terrível o que aconteceu, porque, segundo Kol, eu não deveria estar excluída da realidade da família, e me tratar eternamente como uma criança, iria me prejudicar no futuro próximo. Enquanto o tempo passa, sinto cada vez mais saudade de Kol. Recentemente, percebi que minha proximidade com ele fez com que eu parasse de trata-lo como tio, agora ele é mais como um amigo, mas não tenho certeza. Esse tipo de pensamento vem e vai, as vezes deixado um pouco de lado, mas não esquecido. Sem sombra de dúvidas, esse mês demorou mais a passar do que eu pensei.

Carolina entrou no quarto, interrompendo meus pensamentos quando perguntou:

- Já está acordada? O dia mal amanheceu.

- É, estava pensando sobre algumas coisas. – Respondi depois de me sentar na cama.

- Como o quê?

- A França.- falei, omitindo o restante.

- Sim, sobre isso, se vista e vamos descer. Seu pai e seus tios querem conversar conosco.

Eu percebi que o assunto era sério, já que ela não deu uma resposta em francês, como faz normalmente para praticarmos.

- Quando você diz "conversar conosco", quer dizer: "informar sobre algo que decidimos", não adianta tentar disfarçar. Eu conheço vocês desde que nasci. – Eu falei e ri.

Ela sorriu de volta, e me ocorreu uma pergunta que sempre passava pela minha cabeça.

- Carolina, por que você abandonou sua vida para cuidar de mim? Você era uma humana normal e agora tem que cuidar de mim, viajando por aí para satisfazer minhas necessidades. Qual a razão?

- Essa pergunta já vem com a resposta, então é fácil. Eu era uma humana normal, mas agora eu tenho você, que é como uma filha. A razão? Eu me encantei por você desde o começo, assim como todos, eu não tenho como viver sem você, Anne. Graças a você, seu pai e os Mikaelsons, minha vida é feliz e animada. Quando você crescer e se livrar da maldade que te fizeram, eu serei a mulher mais orgulhosa de todas, pois fiz parte da sua vida, me esforçando ao máximo para ver-te feliz, meu anjo.- Ela disse e seus olhos se encheram de lágrimas.

Nesse momento me levantei da cama e fui apressada em sua direção. Choquei meu corpo no dela e a abracei, sentindo o cheiro doce que vinha dos seus cabelos, que era tão familiar. Pensando bem, esse era o cheiro dela, doce como as flores, combinando perfeitamente com sua personalidade delicada e gentil. Carolina é a única mãe que conheci e a única que eu sempre quis, qualquer outra não me importa ou interessa.

- Obrigada, mãe. Me desculpe por ser difícil as vezes. – Eu falei, chorando.

Senti-a balançar a cabeça em negativa.

- Não desculpo não. Te amo exatamente desse jeito. Agora- ela desfez o abraço e secou as lágrimas em meu rosto- vá se vestir. Eles estão a nossa espera. Tudo bem?

- Sim. E eu te amo também.

- Eu sei minha pequena. Agora se apresse.- Eu a vi secar as próprias lágrimas enquanto eu me vestia.

Descemos até o pátio depois de nos recompormos um pouco, mesmo sabendo que todos, provavelmente, tinham nos escutado, não falamos mais a respeito do que acontecera.

Meus tios e meu pai estavam dispostos pelo pátio em seus lugares de costume. Tia Rebekah e papai dividindo um banco, como namorados. Tio Klaus e Elijah sentados em cadeiras, distantes um do outro, de modo que tio Klaus estava bem distante de todos os outros.

- Bom dia! – Eu disse, assim que alcancei o fim da escadaria.

- Bom dia. – Eles responderam quase que em uníssono.

Me sentei em uma cadeira, na qual, eu me encontrava quase que centralizada no círculo da discussão, como de costume.

- Vocês querem conversar algo?

- Informar. – Tio Klaus me corrigiu, para deixar explícito que estivera ouvindo.

- Ouvir a conversa dos outros é feio, você sabia, Tio?

- Sim, mas não ligo a mínima.

Fiz uma careta para ele, que debochou mais de mim.

Tio Elijah pigarreou, chamando a atenção para si, a fim de falar e ser ouvido.

- Está ciente da viagem, certo? – Ele perguntou.

- Sim, daqui a dois meses. – Eu respondi.

- Iremos ao final da próxima semana. – Ele disse, calmo.

- Por quê?

- Será melhor para nós e para Kol, assim ele não tem que viajar de volta sem necessidade, pode só esperar por nós lá.

- Em Paris?

- Não, em uma cidade mais ao leste, próxima da escola.

- Entendo. Farei minhas malas mais cedo, então.

- Sem objeções? – Quem perguntou foi meu pai.

- Não, desde que prometam não brigar mais, mesmo na minha ausência.

- Fazendo cobranças uma hora dessas da manhã? Você é mesmo a filha do seu pai.- Tio Klaus disse, implicando.

- Assim como ele é o seu, tio. Por favor, podem parar de brigar e prometer me contar sempre que algo acontecer?

- Prometo pensar seriamente sobre isso. – Tia Rebekah pareceu ceder.

- Obrigada, tia. Convença-os a manter o mínimo de paz, está bem?

- Está. – Ela disse, sorrindo.

O dia foi comum e a noite como sempre, movimentada. Ainda assim, eu fiquei contente por poder logo viajar e dar fim a essa espera estranha e irritante

A filha de MarcelOnde histórias criam vida. Descubra agora