Capítulo 24 - Consequências

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Cap. 24

POV Anne

Eu sabia que logo teria problemas por ter burlado a segurança da escola, coisa que nem foi assim tão difícil. Mas mesmo assim, nada poderia mudar a minha crença de que sete da manhã era cedo demais para tudo, qualquer coisa que fosse, inclusive lidar com as consequências dos meus próprios atos. Infelizmente para mim, as anciãs não pensavam da mesma forma.

No dia seguinte à minha fuga, Celeste Dubois apareceu à minha maldita porta, batendo incessantemente, e mais e mais forte a cada vez que percebia minha hesitação em atendê-la. Naquele momento, é claro, eu não imaginei que se tratava dela, mas eu percebi com grande irritação, pouco tempo depois.

– Mais uma batida dessa e eu juro por todas as bruxas mortas desse mundo que eu derrubo essa escola no grito! – Eu berrei enquanto me levantava da cama para atender minha visita indesejada, meu corpo urrando em protesto, devido ao cansaço que me consumia. Quando abri a porta e percebi que se tratava da garota que se intrometeu em uma discussão entre mim e uma coisinha insignificante alguns meses antes, minha raiva do mundo cresceu subitamente.

– Me mandaram aqui...

– Pouco me importa, de forma que eu acredito que não poderia me importar menos. – Eu disse, interrompendo ela.

– Escuta, senhorita Gerard...

– Não. – Eu interrompi novamente, fechando a porta. – Adeus.

Ela colocou o pé entre a porta e o portal, e aquela era a coisa mais irritante que ela poderia ter feito.

– Preciso falar com a senhorita. Insisto que me escute.

– Eu vou fechar essa porta e sugiro que seu pé não fique no maldito caminho dessa vez. – Eu ameacei.

– Eu vou arriscar. Afinal, me delegaram uma tarefa importante. – Ela respondeu, convencida.

– Limpar a bunda do rei da França? – Eu debochei, impaciente.

– Eu acredito que seria mais fácil do que ter que lidar com a senhorita. – Ela não estava satisfeita.

– Pode apostar o seu sobrenome nisso, bruxa. – Eu estava tão estressada por ter que ficar ali de pé impedindo-a de dar o recado que viera dar, tão fisicamente exaurida, que só conseguia pensar em quanta raiva eu sentia de ser justo ela a vir me buscar para minha própria versão da inquisição. – Fique a vontade. – Eu disse, escancarando a porta e dando passagem para ela. Eu sabia que adiar não melhoraria em nada a situação e eu estava desesperada por poder me sentar o mais depressa possível.

Ela entrou e sentou-se na cadeira que estava junto à escrivaninha, frente a frente com a minha cama.

– Diga o que tem para dizer e vá embora, bruxa. – Eu ordenei.

– Meu nome é Celeste. – Eu sabia. – E eu sou mais velha que você, senhorita Gerard, demonstre respeito.

– Diga o que tem para dizer e vá embora, Celeste. – Eu dei foco ao nome. – Assim está melhor?

Ela não me respondeu.

– Você não deveria ter uma acompanhante aqui? Ou o seu tempo de 3 anos já acabou? – Ela perguntou, se referindo a Carolina.

– Isso é da sua conta? – Os rodeios dela começavam a me fazer repensar a atitude de deixá-la entrar, talvez se ficasse parada na porta, ela encurtasse o discurso.

– Certo. Eu vou direto ao ponto. – Ela anunciou.

– Ótimo.

– Como você está se sentindo hoje? – Por todos os ancestrais, era como se ela não entendesse o sentido das palavras "direto ao ponto".

A filha de MarcelOnde histórias criam vida. Descubra agora