sixteen 🦋

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Life can be so mean
But when he goes
I know he doesn't leave
— perfect harmony, jatp.

any gabrielly.

Abro os olhos com certa dificuldade, já que a primeira coisa que vejo são luzes, luzes em um ambiente branco com azul e com um cheiro desconhecido. Mexo a cabeça, mas não consigo movimentar meus braços com tanta agilidade, e logo vejo o o problema: fios e mais fios ligados a mim. Era isso, eu estava numa cama de hospital, demoro a raciocinar o porquê de estar ali, então as lembranças da noite anterior — pelo menos eu achava que havia dormido só uma noite — vêm à tona.

Josh me agredindo, me culpando pelo fracasso que sua vida virou. Eu já sem forças, Noah chegando e largando tudo no chão e partindo pra cima dele, e por fim, tudo se escurecendo e eu acordando aqui. Tento levantar meu braço direito, o que está com menos coisas a ele e passo a mão pelo rosto, imaginei estar sozinha mas concluo estar errada ao ouvir uma voz conhecida.

— Any? Ah meu deus, você acordou! — o tom de voz sugeria felicidade e surpresa. Só que eu fiquei ainda mais surpresa por ver quem era a dona da voz.

— Sina? O quê? — abro e fecho a boca diversas vezes, digerindo a loira na minha frente com o roupão hospitalar azul, então ela era médica, ou enfermeira.

— É, acredite você não foi a única que ficou surpresa. Mas eu sou enfermeira agora, e por coincidência peguei logo seu caso — ela riu e eu ainda não conseguia assimilar nada, meu corpo todo doía, como se um caminhão tivesse me atropelado e passado por cima de novo só pra ter certeza, infelizmente o nome desse caminhão era Joshua Beauchamp.

— É realmente uma surpresa, por que não tá brava comigo? Por que não passou o caso? Eu "roubei" Noah — faço aspas com os dedos e percebo que consegui mexer o braço esquerdo também, é, eu não estou tão mal assim.

— Olha Any, isso não me importa mais, ontem vi o quanto Noah ama você e eu perdoei os dois a muito tempo, agora eu estou namorando e me sinto feliz, e sei que você também é feliz. Então é isso, mas sendo profissional, como você está? — Ela pegou a prancheta que até então estava em cima de um armário branco e me olha com ternura, nunca imaginei estar nessa situação, pelo menos não com ela na minha frente, cuidando de mim.

— Um cocô, parece que um caminhão me atropelou, minha cabeça dói e meu corpo todo também, mas fora isso acho que não sinto mais nada — até aquele momento percebi que não perguntei de Noah, nem de Anne, eu estava surpresa demais por ver Sina. Será que Anne estava bem? Será que Noah estava bem?

— Pela sua cara eu sei o que vai perguntar, sim, Noah está bem, foi no refeitório tomar um café depois que eu e Sabina o obrigamos, porque ele não queria sair do seu lado por nada, Sabina veio pra cá ainda de madrugada, Anne está com Pepe mas está bem, e ela não disse nada porque não queria preocupá-la. Mas se quiser que eu chame Noah, eu vou — dou um sorriso, em que mundo Sina seria minha amiga? Nem eu sei, mas era bom e engraçado, aceno um não com a cabeça, não queria ver nenhum dos dois ainda, apesar de estar com saudade da minha filha.

— Obrigada Sina, de verdade. Não era sua obrigação cuidar de mim, bem, tecnicamente era, mas logo eu? Não me entra na cabeça que você foi tão gentil comigo depois de tudo — Sina sorri e toma a liberdade de sentar na ponta da cama e coloca sua mão em cima da minha, me olhando com tanto carinho que eu não consigo acreditar.

— Você é importante pra Noah, e eu sei o quanto vocês se amavam. Era o mínimo que eu deveria fazer, quanto a Josh, o policial passou aqui de manhã e disse que ele está preso, provavelmente deve ir a julgamento se você aceitar depor contra ele. Falando emocionalmente, como você se sente depois de tudo? — diante dessa única pergunta, um turbilhão de respostas vem a minha mente, mas não via motivo para mentir diante de Sina, só deixo que as lágrimas escapem dos meus olhos e ela logo me abraça sem dizer nada, apenas um abraço calmo e forte, que diz "eu estou aqui, não se preocupe", me agarro a isso e despejo tudo abraçada nela, depois de longos minutos ela se afasta, mas ainda me olhando com carinho.

𝘴𝘪𝘯𝘨𝘶𝘭𝘢𝘳 | noanyOnde histórias criam vida. Descubra agora