CAPÍTULO 8

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Tendo notícia de que Archibald estava bastante recuperado, Kyle sentiu-se ansioso para que conversassem. Muita coisa acontecera e Kyle acreditava que precisavam colocar muitos assuntos em dia.

O tempo ruim havia passado e o navio deslizava com relativa suavidade. Estando Archibald comprometido com a silfa, Kyle sentiu um pouco de dificuldade para chamar o amigo para uma conversa particular. Mishtra sentiu a hesitação de Kyle sorriu e foi delicada, dizendo através de seus pensamentos que ele não precisava agir diferente só por que agora ela e Archibald estavam enamorados. Sentiu-se aliviado pela compreensão da silfa e isso afirmava uma simpatia cada vez maior que nutriam entre si. Tinham muito em comum. Por exemplo, ambos adoravam Archibald, ambos detestavam o Capitão An Lepard, ambos simpatizavam reservadamente com Noram, gostavam de Kiorina e sentiam impulsos para proteje-la, entre outras coisas.

– Archibald, meu amigo! Fico feliz pela sua recuperação. Fico feliz por você e Mishtra.

– É bom contar com seu apoio.

Ficaram em silêncio, lado a lado com os braços apoiados na lateral do navio, olhando para o oceano, infinito. Próximo de onde estavam podiam acompanhar com o olhar, ondas pronunciadas. Na medida em que afastavam a vista, as ondas ficavam menores até parecer que o mar estava quieto.

Ambos hesitavam, mas tinham muito sobre o que conversar.

– Kyle, você veio me buscar para conversarmos, mas na realidade tem muita coisa que eu preciso lhe contar.

– Imagino. Se quiser começar?

– Sim. Mas estou confuso! Muita coisa passa por minha cabeça. Estive pensando se não estou enlouquecendo.

– Entendo. Às vezes também me sinto assim.

– É mesmo?

– Podia ser diferente? Aconteceram tantas coisas terríveis, que tudo parece loucura!

– Sabe Kyle, quando comecei a fraquejar, duvidar de minhas crenças, duvidar de mim mesmo, percebi que você havia desenvolvido uma enorme auto confiança.

– Enorme auto confiança, eu? De que você está falando, Archie?

– Você pode não perceber, mas tornou-se um homem de fé. E em termos de fé conseguiu me superar. Enquanto eu, que fui preparado por anos, impulsos controlados, a mente organizada dentro do edifício da fé divina, fé nos Deuses... – Fez uma pausa procurando controlar a irritação. – Hah! Perdi a fé! Não sei mais no que acreditar.

– Não sei se compreendo. Mas percebo o que disse quanto a minha fé. Deve estar se referindo à tarefa que aceitei do silfo Modevarsh. Encontrar o oráculo de Shimitsu.

– Sim, principalmente isso.

– Pois então, tome isso como sua missão também. Aceite este norte.

– De certa forma aceitei isso, mas não pela tarefa em si, mas sim pelas pessoas que assumiram essa busca. Mas o que me deixa louco é não entender as coisas em um plano superior.

– Plano superior? – Kyle franziu a testa.

– É! O verdadeiro motivo para tudo acontecer como acontece.

– Disso pouco sei. Acho que talvez ninguém saiba disso. Como dizem, é assunto para os Deuses, e para os Deuses apenas.

Archibald deu com os ombros.

– Mais cedo, Gorum me disse que faremos uma parada em breve. Um lugar que os marinheiros chamam de Porto Seguro. – informou Kyle.

– Espero que seja seguro como implica o nome.

Maré VermelhaOnde histórias criam vida. Descubra agora