CAPÍTULO 35

192 42 5
                                    

Radishi acordou sentindo seu corpo pregar de tanto suor. Não suava por causa da temperatura que estava amena e sim por causa dos pesadelos. Felizmente aquele foi o último pesadelo daquela noite. Com sua visão retornando ao foco, observou que Will vestia-se.

- Dificuldades para dormir, tisamirense? - disse o rebelde em voz baixa, procurando não despertar Roubert e Vekkardi que ainda dormiam nos divãs.

- Pesadelos. - suspirou Radishi levando as costas das mãos à testa e observando seu suor.

As poucas palavras foram suficientes para acordar Roubert que ficou sentado e alerta num instante. Encarou o necromante e verificou que estava amarrado e desacordado, como deveria. O movimento brusco de Roubert derrubou sua lâmina no chão produzindo ruído de metal arranhando pedra que acabou por acordar Vekkardi. Mas este apenas rolou e resmungou e permaneceu num estado semidesperto.

Radishi percebendo que Roubert dormira com sua espada desembainhada no divã questionou, - Roubert, o que deu em você? É perigoso dormir abraçado com uma coisa dessas. Poderia ter se ferido, não vê?

O silfo custou a processar as palavras de Radishi e após uma longa pausa respondeu, - Não estava conseguindo dormir. - Olhou para o necromante. - Senti-me um pouco melhor empunhando minha espada. Imagino que caí no sono com a espada em mãos.

Will escutava a conversa com atenção e equipava-se para sair. - Já é dia. - anunciou. - Vou sair para ver como estão as coisas lá fora. Tentarei contactar alguns companheiros. É melhor que fiquem por aqui e descansem mais.

Radishi encarou o rebelde com seus olhos azuis quase transparentes. Will observou as fortes olheiras abaixo dos olhos brilhantes do tisamirense e recomendou. - Descanse mais. Volto em meio-dia. - Virou-se para Roubert e disse, - Fique de olho no necromante, mesmo amarrado pode ser perigoso se despertar. É melhor deixá-lo amordaçado até eu voltar. Até mesmo falar com ele pode trazer riscos. Tentarei trazer comigo um companheiro iniciado nas artes mágicas para interrogá-lo.

Will os deixou, descendo os longos degraus milenares e desaparecendo na escuridão.

Radishi pressionava a cabeça e tentava relaxar um pouco, mas a simples presença do necromante era um grande estorvo. Aos poucos Vekkardi despertava. Assim que ficou consciente, perguntou sobre o paradeiro de Will. Roubert lhe explicou e enquanto o fazia, Radishi esfregava os olhos com força.

Pouco depois, o tisamirense deu um basta. Levantou-se e seguiu em direção à saída da toca.

- Onde vai? - quis saber o silfo.

- Preciso descansar. O mais longe possível deste necromante. Está rodeado de energia muito nociva para mim. Preciso respirar.

O silfo levantou-se e disse, - Se importa se acompanhá-lo?

- Venha se quiser.

Roubert encarou Vekkardi e disse, - Pode vigiá-lo por uns instantes? Preciso lavar meu rosto e andar um pouco. Volto logo, e você poderá sair um pouco, se quiser.

Vekkardi concordou com um aceno e pôs-se a observar atentamente o necromante.

Radishi seguiu descendo os degraus com cuidado e quase no fim deles, sentiu-se aliviado. Como se tivesse tirado um peso de sua cabeça. Sentou-se no último degrau e suspirou aliviado.

Roubert veio em seguida e decidiu sentar-se ao lado do companheiro de viagens.

Após um breve silêncio, o silfo puxou assunto. - Bem, aqui estamos. Finalmente encontramos Vekkardi, como o ancestral Modevarsh queria.

- Pois sim, caro Roubert. Foi uma dura jornada. Mas tenho a sensação de que enfrentaremos dificuldades ainda maiores, logo em seguida.

- Que terrível mal! - exclamou o silfo emocionado e mergulhou num silêncio introspectivo.

Maré VermelhaOnde histórias criam vida. Descubra agora