CAPÍTULO 4

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An Lepard sorria e de forma bastante cortês dava as boas-vindas a Kyle, Mishtra, Noran e Kiorina. – Desculpem minha demora, mas estava realizando os cálculos de navegação quando o imediato Erles avisou-me que já estavam despertos. Por isso, não pude vir logo. – disse o capitão com seu forte acento dacsiniano.

– Não se preocupe senhor Capitão. – disse Noran procurando chamar sua atenção. Observava-o atentamente, precisava saber logo se poderiam confiar nele.

An Lepard encarou-o estranhando as três marcas interligadas pintadas sobre sua testa. Observou a expressão suave de Noran, seus longos cabelos castanhos e pelo seu olhar concluiu que o estranho sofria de enjôo marítimo. – Muito pelo contrário caro...

– Noran. – informou o Tisamirense.

An Lepard prosseguiu, – Meu dever, Sr. Noran, é me preocupar com minha tripulação e meus passageiros.

Noran sentiu alguma sinceridade nas palavras do capitão. Não queria forçar nenhuma análise que dependesse de seus poderes psíquicos, ainda estava muito abalado pelo uso excessivo e danoso que havia feito de suas faculdades em conflitos recentes. Sua mente estava fragilizada, assim como seu corpo. Por isso, sentia um constante enjôo marítimo. Deu-lhe crédito, mas ainda assim não gostava muito de seu olhar.

Com Noran saindo do foco, An Lepard concentrou suas atenções em Mishtra e Kiorina. Admirou as duas formas distintas de beleza das moças e ao deparar-se com os detalhes ficou surpreso. Quando foi informado da presença de damas em sua embarcação não havia imaginado que fossem tão belas. Percebendo que uma delas era uma silfa, concentrou-se na moça ruiva que era humana.

Admirou seus olhos verdes como os mares do sul, seus lábios cheios e delicados como pétalas de rosas e seus cabelos de vermelho intenso lindamente mal penteados.

Agindo à moda dos dacsinianos, curvou-se tomou a mão esquerda dela beijando-a. – É para mim um grande prazer receber tão bela dama em minha humilde embarcação! Capitão An Lepard, aos seus serviços.

Kiorina ficou encabulada, mas gostou de ser tratada como uma dama. Deixou escapar um sorriso discreto e disse – Você é muito gentil. Sou Kiorina de Lars.

O sorriso de Kiorina foi como uma facada no peito do jovem e galanteador capitão. A voz da moça, levemente rouca atingiu seus sensíveis ouvidos desprevenidos. Todo o sentimentalismo dos Baltimore foi exaltado e An Lepard engoliu seco. – Encantado!

O capitão piscou e forçou-se a cumprimentar Mishtra, a silfa da floresta de Shind. Repetiria o cumprimento feito a Kiorina, mas sentindo a atitude negativa da silfa limitou-se a curvar-se observando seu corpo delicado, forte e escultural. Seus cabelos loiros cacheado eram impulsionados com facilidade pelo vento e seu rosto não parecia dos mais amigáveis, mesmo sendo belíssimo.

Gorum falou pela silfa em seu grave habitual: – Seu nome é Mishtra. – E procurando protege-la completou: – Ao contrário do que pode estar pensando caro An Lepard, ela não é um dos silfos do mar. Veio da floresta de Shind, local habitado por silfos pacíficos e gentis.

O que levou o dacsiniano a pensar “É ainda mais bela que a doce Kiorina! Mas é uma silfa! E não importa de onde é. Silfos não são nada confiáveis!”

Mishtra apertou o olhar para An Lepard, não gostou dele e nem de suas atitudes. Isso transpareceu em sua expressão apesar de um pouco controlada.

– Obrigado pela introdução, Gorum. Presumo que ela não fale o Lacorês.

– Ela compreende bem o Lacorês, apenas é incapaz de falar ou emitir qualquer som.

– Compreendo. disse o capitão. Teria de lidar com esta com extrema cautela. Nem todos na tripulação seriam tão tolerantes com relação a ter um silfo a bordo.

Maré VermelhaOnde histórias criam vida. Descubra agora