O plano era louco e desesperado. Melgosh apenas convenceu-se quando foi lembrado de que An Lepard tinha sido responsável pela morte de Sinevall, sobrinho de Shark e um antigo inimigo seu. Atacar Shark em sua própria mansão fortificada em plena Aurin. Uma ousadia de que poucos silfos seriam capazes.
Apesar de conseguirem convencer Melgosh a ajudar não conseguiam convencer Kyle. Estava irredutível, não participaria de um ataque suicida para salvar An Lepard. Não gostava do Dacsiniano e acreditava que não passava de um salafrário, ladrão e aproveitador.
– Por favor, Kyle, nos ajude, eu... eu... – Kiorina implorava com os olhos cheios de lágrimas.
– Você o que? – retrucou o cavaleiro irritado.
– Eu o amo! – admitiu a ruiva em prantos.
Kyle sentiu uma pontada no peito e seu estômago embrulhar. Perdera Kiorina, talvez para sempre. Soube naquele instante que se não ajudasse, perderia até sua amizade. Não admitia totalmente seus sentimentos, mas gostava da ruiva. E escutando seu choro desesperado disse, – Certo, vou colocar meu pescoço em perigo. Mas saiba, não farei isto por ele. Farei isto por você, e por você apenas.
Kiorina pulou em seus braços alegre e agradecida e uma expressão amarga surgiu no rosto de Kyle.
Archibald percebia o conflito de seu amigo e ficou orgulhoso de sua decisão. Olhou para o sol que os abandonaria em poucos instantes. Estavam em alto mar e havia apenas água por todos os lados.
Melgosh propôs, – Precisamos discutir melhor a estratégia.
Kyle livrou-se de Kiorina e antes de juntar-se ao grupo chamou por Noran.
– Noran, preciso de sua ajuda.
Noran parecia cansado e estava pensativo. – Diga-me o que deseja, meu caro.
– Eu preciso que me ensine a meditar.
– Meditar? Porque esta idéia agora?
Respondeu confuso, – Não sei, sei apenas que preciso começar logo. – Após uma pausa lembrou-se, – O velho Modevarsh, sim! Ele queria que eu aprendesse a meditar.
– Aprender a meditar da forma correta pode levar tempo.
– Não importa. Quero começar.
– Pois então relaxe. Sente-se aqui e relaxe.
Archibald chamou-os. – Ei, Vocês! Não vem discutir a estratégia?
Kyle respondeu, – Sigam sem nós, por hora precisamos meditar.
Amanhecia. Todos, com exceção das sentinelas dormiam. Kyle e Noran prosseguiam incansáveis em seus exercícios de meditação. Noran estava impressionado com a capacidade de concentração do rapaz. Em uma noite aprendera mais que muitos aprenderiam em um mês.
– Noran, temo essa ação. Talvez não devêssemos ir.
– Entendo. É muito perigoso.
– Não é só isso. – Tocou o braço do Tisamirense e apertou-o. – Há algo de errado. Como se fossemos cair em uma armadilha.
– Não concorda que uma ação nossa seria uma surpresa? Algo totalmente inesperado.
– É o que parece, somente loucos fariam o que estamos prestes a fazer. Mesmo assim...
– Tem consciência de que é portador de uma capacidade de concentração extraordinária?
– Percebi uma série de coisas estranhas desde que começamos a treinar. Sons e imagens, mas não consigo extrair sentido do que vejo e ouço.
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Maré Vermelha
FantasyKyle e seus companheiros atravessam mares no navio, Estrela do Crepúsculo, com a ajuda do capitão Dacsiniano, An Lepard Baltimore. Durante a busca de salvação para Lacoresh, ameaçada pelas forças sombrias, enfrentam perigos nos arquipélagos sílficos...