Capitulo 2 - Projeto centopeia

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"Você não tem nada a perder, Ella!"
"Você não tem nada a perder..."
"Você não tem nada..."

A fala de Bucky se repetia incansáveis vezes em minha mente por todo caminho de volta a sede.

Ele tinha razão, eu não tinha nada, minha vida inteira se resumia a poucos metros quadrados que eu chamava de lar. Meus vizinhos eram os peixes no fundo do oceano ou os pássaros no céu, e muitas vezes meu despertador era o canto aterrorizante das orcas.

Minha pele pálida refletia bem o meu estilo de vida longe da luz solar. E minha vida era tão sombria e fria quanto as paredes do aero porta aviões em que eu morava, ora no fundo do mar, ora entre as nuvens.

Talvez devessem estar se perguntando como eu vim parar aqui... essa pergunta so duas pessoas poderiam responder. Ambas mortas!

Tudo que eu sabia era que durante uma tentativa da HYDRA atacar a SHIELD, pela milionésima vez, os agentes invadiram um navio de carga, e lá estava eu...escondida entre as munições.

Todos os nazistas foram mortos, dentre eles provavelmente meus pais...

Pouco antes de ser morto Howard havia me contado como sentiu algo diferente ao ouvir o meu choro. Ele dizia que tinha som de esperança e a partir da li me tornei a pupila de seus olhos.

Ele era atencioso, pelo pouco que me lembro, mas não o suficiente para enfrentar sua mulher e me adotar como filha. Principalmente porque ele não a queria como minha mãe... eu era o maior elo entre ele e a Margareth, depois da SHIELD, é claro!

Mas a Peggy estava velha, cansada, tinha seus próprios filhos adultos e uma sobrinha neta um pouco mais velha que eu...não estava a procura de mais uma criança para cuidar, especialmente porque eu ainda nem havia desmamado quando apareci em seus caminhos.

Fui criada como o mascote da agência, todos se achavam no direito de querer me educar. Enquanto Howard me ensinava a ser bastante linguaruda.

"As pessoas não vão te respeitar se for boazinha com elas" - dizia apertando a ponta do meu nariz.

Até os cinco anos, o maior vínculo que tive fora com ele... a minha representação de figura paterna.

Até que ele foi morto e tudo mudou completamente.

O que já era ruim, ficou pior!

Peggy me tirou da escola, dizia que não tinha tempo para se preocupar com isso.

Passei a ter aulas com professores particulares nas instalações da organização e babas 24horas por dia.

Nesse meio tempo, Sharon se mudou para sede e lá crescemos juntas, quando o treinamento começou.

"Você é um desastre!" Nossa treinadora dizia, todas as vezes que eu errava um chute.

"Tudo bem, Ella, você consegue!" Era o que Sharon sempre falava...

E ela tinha razão, talvez eu conseguisse, mas eu não queria. Eu sempre preferi observar do que lutar.

"Como você descobriu que era ele?" Sharon perguntou quando retornamos da nossa primeira missão

"Pela expressão corporal."

"Fantástico!"

Eu constantemente conseguia ver o que a maioria dos olhos ignoravam, mas também sempre acabava no fim das contas enfiando os pés pelas mãos.

Isso irritava meus superiores e em especial a Peggy, que dizia a todo momento que eu atrasava a equipe e reforçava esteriótipos de que mulheres são seres frágeis... como se a minha força se resumisse aos meus braços.

Ella - Agente Ella e o Super SoldadoOnde histórias criam vida. Descubra agora