Capitulo 30* - O primeiro "amor" a gente nunca esquece

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(...)

- Vai me ignorar até em casa? - chamou minha atenção, enquanto eu andava alguns passos a sua frente.

Depois de perceber o quão mal eu o fazia eu só desejava que pudéssemos chegar a casa o mais rápido possível para que finalmente eu pudesse procurar um remédio entre suas coisas, que fosse capaz de me fazer dormir pelos nove dias restantes. Se é que isso existia. Com toda certeza, Strange havia exagerado no tempo.

- Ella? - escutei sua voz distante, o que fez eu me virar de curiosidade e perceber que ele havia desistido de me acompanhar a pelo menos uns quatro metros atrás.

Suspirou, antes de finalmente se dar por vencido e correr em minha direção.

- El... - colocou suas mãos ao redor do meu rosto antes de me puxar para perto do seu, com tanta delicadeza que eu me sentia um cristal prestes a se partir.

Quando sua respiração chegou bem pertinho de mim e seus olhos me fitaram como se fosse capaz de enxergar a minha alma, ele tocou sua boca na minha, com toda sutileza do mundo. Parecia quase um garotinho assustado dando o seu primeiro beijo. Completamente diferente do rapaz insaciável e selvagem que ele se revelava em alguns momentos.

- Argh... - retorceu o nariz quando se afastou minimamente - Você ta fedendo a cachaça barata.

Inevitavelmente sorri, achando graça da situação

- Conversa comigo, El... - implorou.

- O que você quer que eu diga? - quebrei o silêncio, descansando as mãos sobre as suas, que ainda me seguravam pelas bochechas.

- Por que saiu sozinha uma hora dessas? O que estava fazendo naquele beco e por que está fugindo de mim?

Desviei o rosto, fugindo dos seus olhos, mas ele insistentemente procurava por eles.

- Não estou fugindo de você, Steve. Eu só to sendo livre como eu sempre fui. Eu sempre sai quando quis e a hora que eu quis... e hoje não foi diferente. Eu só queria dar uma volta.

- Estamos em 1945, Ella, não podia ter me chamado, se queria dar uma volta? Precisava mesmo passar por tudo isso? - desceu o olhar até o corte entre meus seios - O que teria acontecido se eu não tivesse chegado a tempo?

- Não teria acontecido nada! - suspirei - Eu teria matado todos eles, como matei o primeiro.

- Ella..? - Franziu as sobrancelhas, eu tinha certeza que ele falaria algo do tipo "mas você não é assim" e ele estaria certo... mas ele não fazia a menor ideia de como eu era e por isso se calou. - E o que ia fazer depois? Tinham pelo menos cinco homens na calçada fora as garotas de programa, que correram quando eu cheguei. Ia atrás de cada um, deixar um banho de sangue pelo caminho e ir embora como se nada tivesse acontecido? Depois você ia deitar na sua cama e no dia seguinte me dar bom dia?

- Era exatamente o que eu ia fazer!

- Você não p...

- Não posso o que? - me afastei irritada - Não posso matar? Acha que foi a primeira vez? Acha que em 25 cinco anos eu nunca precisei matar alguém em um beco escuro enquanto voltava a pé sozinha pra base? Acha que a SHIELD nunca precisou acobertar meus crimes porque a polícia de Nova York nunca reconheceria a legitima defesa? Acha que todas as vezes que eu fecho meus olhos eu não me culpo por cada vida que eu tirei? Se acha, está certo, não me culpo. Porque eu sou egoista e sempre vou escolher a mim! Então, sim, Steve, um banho de sangue era exatamente o que eu planejava fazer.

- Não, não era!

- Ah, para! - gargalhei debochada - Você não me conhece.

- Conheço o suficiente pra perceber que está tentando me afastar mas eu só não entendo o porquê.

Ella - Agente Ella e o Super SoldadoOnde histórias criam vida. Descubra agora