Capitulo 14 - A Manutenção do Poder

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Por sorte, ou não, Bucky ficou quieto durante a noite, pensei que presenciaria suas crises ou que ele me provocaria a noite toda, mas não, ele apenas se virou para o lado oposto ao meu e dormiu. Ou eu achava que sim.

Por sorte a cama da morgan era bem grande, mas ainda era apertado dividir uma cama de solteiro.

Esperei um tempo para ter certeza de que ele havia adormecido e me levantei devagar, nas pontas dos pés...

- Onde vai? - perguntou me assustando.

- Meu deus... - levei as mãos ao peito - Você me assustou!

- Quer que eu saia daqui? - Seus olhos recaíram sobre o travesseiro em minhas mãos.

- Não! - relaxei os ombros - Achei que já tivesse dormido, só queria te deixar mais confortável.

- Eu não consigo dormir...

- Pesadelos? - sentei-me na beirada da cama.

Ele sorriu sem graça, engolindo uma possível resposta.

- Você sente muito medo deles né? - Passei a mão por seu cabelo bagunçado e seus olhos piscaram tão lentamente que brevemente se fecharam.

- Sei que são só sonhos... - me fitou nos olhos- Não sinto medo deles, sinto vergonha, arrependimento, consciência pesada... - forçou um sorriso para esconder sua dor.

- Você não tem que se envergonhar por algo que você não fez. - acariciei seu rosto, sentindo sua barba espetar minha mão. - Aquela pessoa não é você, James! Eu sei que nunca faria aquelas coisas. Você não é o soldado invernal, ponha isso na sua cabeça.

- Você não sabe...

- Sei! - interrompi-o - Sei porque o soldado invernal é frio e se você fosse frio como ele não estaria dividindo uma cama de solteiro com alguém que você mal conhece simplesmente porque você sente medo de dormir sozinho. O Bucky é alguém com sensibilidade, e isso é... - parei para pensar na palavra ideal - ...lindo, e humano!

Imaginei que ele diria algo, retrucaria, agradeceria, qualquer coisa que fosse... mas ao invés disso, inesperadamente, ele se jogou em minha perna, envolvendo os braços em meu quadril, deitando o rosto em meu colo, implorando pelo mínimo de carinho e atenção.

Naquele momento eu vi nele uma pessoa frágil, com feridas abertas, sozinha, que implora em silêncio por alguém. E eu estranhamente estava contente que fosse eu.

Não fui capaz de dizer mais nada, ele parecia buscar conforto físico e tudo que eu tinha para falar ele já estava saturado de saber.

Mas palavras sozinhas não curavam uma mente machucada.

- Você precisa de ajuda...- passei os dedos entre seus fios castanhos - Quando acabar tudo isso devia voltar para terapia!

- Eu não suporto aquele lugar... - Respondeu se aninhando em minhas pernas.

- Peraí... - dei-lhe um empurrãozinho de leve, para que ele se levantasse, permitindo que eu me ajeitasse na cama, recostando na cabeceira. - Vem... - bati de volta em minha perna, e entendendo o recado ele voltou a se deitar. - Você é pesado!

- Não sou não! - Ele disse, se apertando contra mim.

Acabei por deixar escapar um riso fraco, enquanto observava-o deitado de bruços, com o rosto em meu colo, os braços ao redor de mim e os olhos fechados.

Era estranhamente meigo.

- O que foi? - Perguntou ao me sentir rir.

- Nada... - dei de ombros - Só achei fofo...você é todo grande, mas é todo sensível... Sei lá, seu coração não combina com a sua cara.

Ella - Agente Ella e o Super SoldadoOnde histórias criam vida. Descubra agora