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S/N POVS ON

O expediente estava proximo de acabar, tive somente dois clientes hoje com tatuagens simples, já estava ficando frustrada, fazem alguns dias que estou sem movimento no estúdio e isso me da medo já que me sustento as custas do que recebo aqui, preciso sair, encher minha cara e esquecer meu nome esse fim de semana, estou exausta psicologicamente.. 

Meus pensamentos são interrompidos pelo sino da porta, um rapaz entrou no estudio, alto, magro, a pele muito clara, cabelos escuros, lindos olhos verdes que destacava a vermelhidão ainda nos olhos e uma cara de brisa estampada na face do rapaz.

-Oi, posso te ajudar?- falei tentando soar amigavel e vejo um sorriso de canto aparecer no rosto dele

-Oi, pode sim, quero sentir dor.- Estranhei e minha cara me entregou, o mesmo sorri ainda mais - Resumindo, tatua qualquer coisa ai, só quero anestesiar os pensamentos com dor.- aquilo me deixou estranha, como assim anestesiar os pensamentos? Isso não ajuda muito.

-Tem certeza do que quer? Pode ficar arrependido.

-você parece ter bom gosto, pode escolher. Quero algo que dure, seila, uma hora pelo menos.- ele diz sem nenhum tipo de hesitação. Eu preciso de dinheiro, não estou podendo pagar de terapeuta né ?

- Ta chega ai.

Ele me segue da recepção pra maca, se senta e me mostra um braço com algumas cicatrizes antigas de cortes e varias tatuagens pequenas espalhadas pelos dois ante braços por cima das cicatrizes, o mesmo também tinha algo que ia do pescoço até atras da orelha e se tinha mais alguma, não era visivel de primeira.

-Tem preferen- me interrompe com um gesto leve e lento com a mão. 

-Não, só não tatuar um pinto, o resto eu aceito de boas.- ele sorri fraco, assim como eu.

- tive uma ideia aqui, acho que vai ficar legal.- pego um sulfite e meu lapis, mordo a ponta do mesmo, pensando em como colocar minha ideia em pratica.

-Posso fumar aqui?

-Pode claro, também fumo.- O rapaz bate nos bolsos e acha onde o maço esta escondido, abre e se frustra ao ver que esta vazio.-Que foi acabou?- digo sem estar de fato o olhando, só percebendo a movimentação e o suspiro longo que ele acabou dando.

-Essa merda... acho que to mais estressado do que pensei.- deita a cabeça pra trás e fecha os olhos. Levantei meu olhar e reparei por um momento que ele tem um lindo pescoço, mas o mesmo volta a cabeça e me olha, desviei o mais rapido possivel.- Você não me arranja um?

-meu maço ta ai na mesinha do seu lado, pega ai.

O moreno estica o braço e pega, tira um e busca o esqueiro no bolso, enquanto ele acende eu o observei de canto de olho, a imagem era incrivelmente linda, é sexy o suficiente pra parecer estar em camera lenta ou talvez ele realmente esteja fazendo devagar, já que até a fala dele é tranquila.

 Ele traga e me olha, eu desvio o olhar pra folha, desenhei um torço até antes do nariz, cigarro na boca saindo fumaça e arames farpados enrolados no pescoço.

-Uau, eu gostei do desenho.- o cliente diz reparando no papel diante de mim.

-Que bom, é a sua tatuagem e ela vai demorar umas duas horas pode ser?

-Sem problemas, não tenho nada util pra fazer o resto do dia- ele ri nasalado, dando um trago.

-Uma pergunta, tu ta brisado?- digo o olhando com os olhos cerrados.

-você é da policia ?- ele ri da própria fala - estou, fumei um antes de vir.

-Isso vai fazer você sentir mais dor.

-Otimo, se eu soubesse tinha trazido e fumado aqui.

Eu rio nasalado e começo a tatuagem colando o estêncil no braço do rapaz, o tamanho encaixou muito bem e comecei a fazer, ele encostou as costas pra trás, apoiou o braço no suporte que é exatamente pra isso e ficou tragando o cigarro olhando pro teto.

-Posso saber seu nome?- pergunto sem tirar os olhos da maquina.

-Rintarou Suna e o teu?

- S/n.

- Nome bonito.- ele diz simples ainda olhando pro alto.

- Porque essa tara pela dor, Suna?- digo despretensiosa.

-Porque é melhor sentir, que causar.

Ele respondeu serio e deu o ultimo trago, colocando a bituca no cinzeiro. Paro a tatuagem e pego um cigarro pra mim, deixo entre os lábios enquanto ligo a caixa de som, Suna vem com o esqueiro e o liga pra que eu acenda o cigarro, me surpreendo um pouco, mas só trago a fumaça, fazendo o mesmo acender, guarda o esqueiro e voltamos ao desenho. A musica que toca é Fm$ - New boyz.

-Nossa, você é tatuadora, gata, criativa e com otimo gosto musical, suas qualidades não tem fim?-Rintarou fala calmo de olhos fechados com o rosto virado pro teto, eu corei fortemente com o comentario, mas fingi que não já que ele não viu e provoco de volta:

- até tem, mas esse final ta bem longe.- consigo ve-lo sorrir malicioso e virar o rosto pra mim [...]

Algum tempo passou e a tatuagem termina, eu limpo e forro o plastico filme.

-Quanto te devo?

-200 reais. - Ele tira da carteira e me entrega, me choquei ao ver que tinha muito mais que isso lá dentro, quem anda com tanto dinheiro?

-Gostei do seu trabalho, quando eu precisar de dor, vou vir aqui de novo.- ele diz se levantando.

- Sem problema, só evite bebida alcoolica e coisas gordurosas, principalmente carne de porco ou chocolate, pra não interferir na cicatrização.

-Pode deixar.. Até a próxima s/n.

- Até, Rintarou.

O observo até que passe pela porta, suspiro fraco e me espreguicei, a frase sobre a dor me pegou. Limpei tudo ouvindo musica, desliguei a caixa de som e as luzes, tranquei tudo e sai, vou encontrar Nami, minha melhor amiga, ela disse que tem um role diferente hoje, o que ela quis dizer com isso eu não sei, mas sinto que algo esta pra acontecer.

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Cap saiu meio curto por ser introdução, os proximos vão ser maiores ok? E postarei dois por semana, não sei o dia ainda.

Comentem o que acharam .

Beijinhos, até a proxima ❤

Não corta minha brisa!Onde histórias criam vida. Descubra agora