Rainha - Cap 14

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Ana Amélia observava o sol se pôr, aconchegada em cima de Ajax, o próprio peito diretamente encostando no dele enquanto a mão esquerda do lobo brincava com uma mecha do cabelo feminino e a direita estava passada em volta da cintura dela, sem ambos terem realmente dormido, cobertos por somente uma manta. O cabelo ondulado e preto, como a noite, caia pelo ombro direito do lobo adormecido, pois sua cabeça estava apoiada ali para olhar o sol ir embora mais uma vez.

—Quero te contar uma coisa...—Ajax começou se sentou e a levando junto com ele, apertada contra seu peito. —Eu lembrei do diário da minha Vó e eu quero retomar por você, por nós, o ciclo do laço. O último foi há muito tempo, já que meus pais não tiveram o deles, com meus avós. Ninguém daqui estava vivo quando aconteceu.

—O que é isso? —Ela inclinou a cabeça inocentemente curiosa, aquecendo o coração do lobo alfa que se inclinou enfeitiçado sobre sua fêmea a deitando sobre as inúmeras cobertas que forravam o chão da caverna.

—Ah, minha chama de luz. —Ele sussurrou com um sorrido de lado, demostrando sua dominância sobre ela através do seu corpo quente e forte pressionado precisamente sobre o dela. — Nós temos que ficar no meio de um círculo formado com pessoas da nossa matilha, você começa enrolando uma fita branca em torno de si, simbolizando que aceita essa união, depois de passar pelo seu corpo passa em volta do meu pé, mostrando que começou a criar um laço por mim e eu pego a fita, simbolizando que estou cultivando esse laço e passo pelos mesmos lugares que você passou, pé, quadril, ombro e braço, sem passar por articulações ou órgãos vitais, pois esse não é um laço que te limita ou que te obrigada a sacrificar sua vida por mim. Então bebemos a água do mesmo copo, como um só. —Ele encosta o nariz na base do pescoço da sua companheira, subindo de maneira perigosamente sedutora. —

—Hm...—Ela respondeu de olhos fechados, respirando rápido. —

—Então o ciclo se conclui quando a lua abençoa o casal com um filho. —Ele termina e se afasta para comtemplar o sorriso de sua amada. —

—Mas você já me tem por completo.

E foi assim que algumas noites no futuro eu me vi na caverna da clareira que me acolheu, vestida com apenas minha capa branca, meu cabelo solto e Ajax na minha frente me bloqueando a visão de algo que trazia nas mãos unidas nas costas. Seus cabelos estavam soltos e revoltos, uma mecha que eu tinha trançado balançava diferente das outras.

—Bhaskara finalmente conseguiu o que tinha pedido para ele naquela vez. —Ele finalmente me revelou suas mãos, mas elas permaneceram fechadas. —

—Sei que sou muito incrível, mas ainda não consigo ver através dos objetos. —Ele riu e abriu as mãos revelando uma pedra circular um pouco maior que meu olho. A pedra estranhamente brilhava quando a luz da lua incidia sobre ela iluminado um pouco a caverna. Era como se ele estivesse segurando um pedaço do sol nas mãos. Eu me adietei alguns passos, querendo tocá-la, porém estava encantada demais para conseguir fazer algo além de me aproximar e segurar as mãos de Ajax.

—Eu sei que não posso te proporcionar o sol, já que vivo no meio da escuridão, mas quero te dar à luz que sempre busca quando olha para o céu.

Ele puxa um cordão e a pedra é levantada, mostrando que estava amarrada nele, como um colar. Eu me virei de costas e ele o colocou e volta do meu pescoço. Eu segurei a pedra encantada com meu presente e feliz por poder ver mais facilmente por onde estava andando.

—Amei, querido. Obrigada. —Eu o abracei, ele sorriu, segurando minha mão. —

—Pronta? —Concordei apertando firme sua mão e me dirigindo para o centro da clareira. —

O vento não corria cortante como de costume quando o casal Alfa se posicional lado a lado, de frente a montanha, despindo-se de suas capas, medos e inseguranças no centro do círculo formado pela sua família, a matilha, que sorria orgulha do futuro sendo escrito muito mais belo que o passado havia demostrado que seria.

Amélia sorriu de volta, silêncio sendo feito, e começou amarrando a fita branca ao seu dedo anelar da mão esquerda, subiu determinada a enrolando em torno do braço, pulando as articulações. O laço não tem a intenção de impedir que o outro seja livre. Passa ao redor do ombro, um símbolo de suporte, e desce em diagonal até o lado direito do quadril, e como uma faixa, se enrolando várias vezes ao redor do quadril, a descendência. A mulher enrola o laço em si mesma, comprovando que aceita realmente a união, por livre vontade. Desce pela sua perna direita, mas quando chega no pé passa a fita ao redor do pé esquerdo de Ajax algumas vezes.

O laço, nasceu nele e Ajax sorri, se abaixando para pegar a fita e cultivar o laço nele, a enrolando excessivamente em torno de seus membros: perna esquerdo, o ombro esquerdo, pescoço, ombro direito, cintura e perna direita. Concluindo tudo com determinada precisão.

Eles deram as mãos no meio da clareira, sob a luz da lua e com o barulho do mar batendo calmamente nos pedaços de gelo flutuante. Amélia rio quando uma mecha de cabelo flutuou a fazendo cócegas no nariz.

Eles beberam de um mesmo copo que foi enchido com água da cachoeira e do mar e levado até eles por Bhaskara, falando como um.

—Você me engrandece —Ajax começou segurando firme as mãos de Amélia. — Por ter aceitado interligar sua história no mesmo fio que a minha, por ser minha companheira e agora mãe da minha descendência, nosso filho. —Embaixo dos olhos de ambos pequenos cristais de gelo se formavam.

—Você percebeu... —Ele acenou suavemente com a cabeça sem conseguir pronunciar uma palavra e explicar como conhecia o cheiro viciante de sua companheira e percebeu a mudança. Os lobos uivaram quando o rei se ajoelhou no gelo com a testa colocada contra a barriga da companheira, com os olhos fechados. Amélia soluçou enquanto sorria.

—Minha família. Vou atrás de respostas por vocês. —Pela primeira vez, com um rei aos seus pés, Amélia se sentiu uma rainha.

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