Desabamento - Cap. 22

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—Quem é você? —Ajax deu alguns passos par atrás involuntariamente. —

—Braux, seu avô e Ancião da comunidade bruxa.

—Avô?

—Sim, sua mãe era minha filha. Ela seria próxima regente dessa comunidade. Seu nome, Ajax, foi uma ideia dela para homenagear homenagem seu pai, Ajaz, mas tinha nossa marca. —Ele olhou o lobo de cima a baixo. —Aparentemente seu sangue bruxo é bem mais forte que pensei, se não o veneno negro que de dei quando criança teria já ido para o seu coração.

—Meu nome...nunca tinha...Não sabíamos disso, achamos que era somente uma variação. — Ele piscou repetidamente, tentando retomando os pensamentos. O choque o impedia de exercer qualquer movimento. Suas palavras saiam em balbucias. — As veias negras que tenho...são um veneno tentando me matar?

—Ah, sim. —O bruxo levantou um pouco as sobrancelhas, a testa enrugada não permitindo um movimento muito brusco. — Então ele ainda existe em você.

—Sim. —Ele cuspiu a resposta agressivamente— assim como esse maldito sangue bruxo que me aterrorizou por anos com o medo de por causa dele eu não ter uma companheira, como todo lobisomem puro.

—Uma pena que mesmo tendo uma companheira sua geração vai morrer com você assim que ela tentar ter sua criança. Ela virá com o veneno no sangue e matará a mãe que não tem sangue bruxo. Minhas medidas realmente surtiram um efeito ao final. —Ambos sorriram, contudo por motivos diferentes. Um pelo plano maléfico, outro pela certeza e saudade da criança que estava em terras geladas. —

—Foi você que tentou me matar, não foi? —O lobo desviou a mente das suas maiores preciosidades, entendendo finalmente a escolha da Deusa da lua de companheira. — Cadê aquela mulher que se dizia minha mãe, mas deixou que me jogassem no rio quando não virei o que ela esperava?

—Nós sempre soubemos o que seu pai era. Era obvio, além do físico do seu pai, ele falou para sua mãe. Sabíamos que você era lobo e a guerra acabou por sua causa, minha filham implorou que parássemos de guerrear. Nós concordamos e vocês tinha sofridos vária perdas também. Sua mãe não saiu do quarto até você nascer, chorava todo dia por algo que não sabíamos. Decidimos criar você como se na verdade fosse meu filho. Ninguém sabia que era meu neto e foi melhor assim quando resolvi mandar sua mãe para o deserto de Ló para fazermos uma aliança por meio do casamento dela com o Lorde de lá.

—Mas... —Ele cambaleou para trás, tentando entender os motivos de sua mãe— Por que me jogaram no rio?

—Foi depois que você se transformou em lobo e matou sua avó. Quando voltou em si, eu gritei muito e você percebeu o que tinha feito. Admito que fiquei com medo e falei coisas muito grosseiras. Desde a morte de sua vó mulheres não são mais permitidas aqui por causa do que o seu nascimento trouxe, então temos que sequestrar crianças dos humanos depois de matar seus pais. —O velho ajeitou um pouco sua postura velha e cansada. —Ameacei te prender e os outros bruxos concordaram percebendo o que você era de verdade e concordaram comigo. O conselho pedia sua morte e você ficava mais forte e incontrolável a cada dia, eu simplesmente não podia matar a sangue, mas entendia que seu lugar não era ali, me movi pela vingança a minha esposa e por isso pensei que te dei aquele veneno negro, mas você piorou muito não suportava mais as experiencias que o conselho queria fazer com você e seu sangue. Me movi pela minha raiva e decidi te desacordar e jogar no rio com o objetivo de acabar com o seu e o meu sofrimento. Você foi um dos últimos a ter realmente sangue bruxo.

—Minha mãe não me jogou no rio? —O lobo respirou fundo, olhos arregalados e mãos fechadas em punho para atacar aquele homem. —

—Não. Ela te amou, via aquele homem em você e só aceitava continuar sobrevivendo por sua causa. E esse foi o pior erro dela. Pensei que ela melhoraria quando a mandei para Ló, espairecer um pouco, mas recebi uma carta do Lorde informando que ela fugiu a pé pelo deserto chamando pelo seu nome. Você além de matar minha mulher matou minha filha. —O velho fez um barulho de raiva com a garganta. —Seu nascimento não trouxe felicidade a ninguém. Apesar de eu ter te amado por um tempo você amaldiçoou minha vida e eu amaldiçoo a sua também. Pode me matar, estou morrendo mesmo, mas pelo menos te mantive aqui muito tempo, seus homens já devem ter se desesperado com os gases alucinógenos que usamos em você uma vez para impedir que nos atacasse.

Ajax começava a entender de onde vinha esse medo intrínseco nele do desconhecido, de sair das montanhas, dessa necessidade dele de se proteger de qualquer ameaça, achando que qualquer pessoa pudesse ser um perigo. Ele cresceu achando que todos eram seus inimigos e começou a entender algumas de suas atitudes passadas de agressividade. Ajax rosnou pela fala anterior do homem.

—Jogamos o veneno que produz os gases no chão. —O mestre bruxo tossiu e com uma calma advinda da morte eminente, continuou. — Se eles tentaram sair para a superfície, com pânico e com falta de ar, o teto vai desabar sobre vocês e na melhor das hipótese, se sobreviverem ao esmagamento, vão entrar em contato com a poção de envenenamento no solo que mata a vida a sua volta. Meus homens conhecem os caminhos por baixo da terra e sabem chegar a sua terra e conseguem permanecer lá apenas o tempo necessário para fazer o que precisam.

Ajax permaneceu parado, em pânico pela vida dos seus e pelo desafio que surgiu a sua frente. Ele precisava resgatar seus homens e levá-los de volta e impedir que os bruxos chegassem em sua terra e ferissem as pessoas mais importantes de sua vida. Mas ele tinha recebido tantas informações que seu corpo se encontrava travado.

—Você será o único culpado pela morte dos seus, pela morte de sua mãe, pela morte da minha mulher, todo esse sangue vermelho que você derramou vai correr em todas suas gerações, te amaldiçoando.

—Pare... Quieto... —Ajax apertou os olhos com força, se encolhendo em torno de si mesmo. Tentando apagar toda as informações que recebia. O corpo começava a esquentar, as veias negras saltavam na pele extremamente mais branca do que a de seus membros da matilha. Sua semelhança com a do Ancião o dava náuseas e vontade de destruir esse lugar repleto de lembranças. Uma prisão. —

—Você tem muito de mim em você. —A respiração superficial e demorada do Ancião o irritava. —

O Mestre Ancião se encolheu engolindo o seco e desviando o olhar quando o mostro de olhos negros o olhou. Veias negras lhe subiam do pescoço, chegando ao se maxilar. Da têmpora surgiam raios negros com o que ele agora sabia que era veneno, o que não impedia de continuar a sentir a sua raiva crescendo na medida em que pensava no que ele dizia a respeito daqueles que deixou na terra do gelo e dos que trouxe aqui. Ele precisava resolver isso logo e ir para os seus.

—Você não é nada diferente de mim. —O velho homem propositalmente decidir soltar um comentário maldoso e não totalmente verdadeiro, somente para se sentir superior a ele. —

—Realmente. —O lobo abriu os olhos, completamente negros. — Então, vou agir como você. Vou sufocar algo que está vivo, tirando todo seu ar. —O mostro arrancou a porta do lugar e a enfiou na parede de terra, a utilizando em seguida como uma pá, provocando um buraco e desmoronando todo o território bruxo. O ancião arregalou os olhos e se pôs de pé quando, no desabamento, as tochas entraram em contanto com as madeiras dos móveis e a poção inflamável infiltrada na terra roxa.


A lenda de AjaxOnde histórias criam vida. Descubra agora