—Calma, Bárbara. Se senta aqui. —Ando devagar por causa da minha barriga, que a cada dia ficava mais pesada, conduzindo uma Bárbara nervosa e agitada pela mão até a fazer se sentar no banco de fora da minha caverna. Me sentei ao seu lado e peguei sua mão. — O Eniel treinou muito nesses últimos seis meses para provar seu lugar na matilha. Todos vão estar lá, eles são preparados e sabem o limite do próprio corpo, vai dar tudo certo.
—Mas ele é tão lerdinho as vezes. —Ela suspirou—Se ele se machucar? Vai sobrar pra mim cuidar dele ainda. Não estou conseguindo cuidar nem de mim e...do bebê que carrego.
—Sério? —A braço do jeito que posso com minha barriga enorme que segundo Ajax é pequena para uma gravidez de lobo nesse tempo, afinal já era para o bebê ter nascido. — Nós vamos poder trocar roupinhas. Elena fez um macacão lindo para mim esses dias, tinha que ver o qual grande era para um bebezinho.
—Acho bom não sobrar pra eu ter que criar esse filho sozinha. Eniel pega a parte da diversão e inventa de se machucar.
—Ele treinou, sabe o que fazer. Sem mais preocupações, sim? —Ajax fala saindo de dentro das cavernas arrumando sua calça e o cinto de couro que a segurava no lugar. —
—Sim, claro. —Bárbara concorda rapidamente se colocando de pé. —Acho que já vou indo então, para desejar boa sorte pro Eniel antes do teste de admissão dele como guerreiro da matilha. —Ela desce apressada pela montanha. —
Ajax andava mais nervoso ultimamente depois que passei os cinco meses, data na qual as lobas geralmente dão à luz, sem o menor sinal de algum nascimento, ainda mais porque, de acordo com os padrões, minha barriga está menor que o normal, para minha idade gestacional. Ajax não me deixava ir muito longe sem ele, algum membro da matilha estava sempre me vigiando.
—Ei, bebê. —Ele se aproximou do banco que eu estava sentada e se ajoelhou na minha frente, as mãos na minha barriga e o rosto bem próximo das minhas roupas. — Você está demorando, papai e mamãe querem te conhecer. Como está se sentindo? A Bárbara deixou você preocupada? Se quiser podemos ficar.
A cada movimento que eu fazia, ele vinha ao meu encontro conversar com o bebê para saber como ele estava e ficava se sentindo o homem mais sortudo do mundo quando era correspondido com um chute que as vezes pegava na minha costela, me fazendo ter que pedir para ele parar de conversar com o bebê porque eu queria conseguir respirar enquanto dormia.
—Eu não vou perder meu irmão nesse dia especial. Ele treinou muito e é importante para ele. —Ele sorriu, acariciando meu rosto com o dedão. —
—Você é tão linda. —Ele acariciou minha barriga também. — Acha que está muito apertado para ele aí dentro?
—Eu sou linda e você está preocupado demais. Não tem lugar melhor no mundo para esse bebê ficar, ele é esperto de não querer sair. Estamos bem. —Segurei a mão de Ajax me dirigindo até a beirada para descer, algo atualmente impossível sem ajuda. —
Nós ainda chamávamos nosso bebê de bebê, ou filhote, criança, filho. Escolher o nome era algo feito só no dia que a criança nascia e a lua iluminava sua alma, trazendo vida ao seu corpo através do ar que corria nos seus pulmões e o brilho que passava a existir no seus olhas naquele momento.
Estávamos com tantos acontecimentos, preparações, planos de batalha, marcados para depois do nascimento do nosso filho e preocupações com o bebê por não saber nada de como seria dali pra frente e o que esperar dessa gravidez ou ao menos até quando esperar, que o nome realmente não era uma preocupação.
—Pronto, fique aqui. —Me sentei em uma cadeira acolchoada na beirada do lago. Voltando a respirar normalmente. —
—Confortável? Não vai demorar muito.
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A lenda de Ajax
RomanceAna Amélia se tornou órfã muito cedo e por causa de uma guerra entre lobos e bruxos ela encontrou um menino lobo abandonado que se tornou seu irmão. Eles cresceram e a vida em terras humanas se tornou difícil, e a única alternativa foi voltar para...