Alguns homens assumiram a forma humana observando Eniel correr em direção ao primeiro bloco, adotando uma estratégia de passar direto correndo, tentando se desviar do ocupante do bloco.
A técnica funcionou em primeiro instante, porém os outros guerreiros se coloram mais perto das suas bordas, evitando que Eniel pudesse passar por eles sem um confronto, dificultando a escolha do próximo bloco. Eniel se jogou no gelo ao lado, caindo com o corpo de lobo em cima de um homem de cabelos caramelos, e assumindo a forma humana para iniciar um combate.
Seu corpo foi propulsionado para de cima por meio de um chute na barriga. Eniel agarrou a perna que o levou para cima e a usou como arma para tentar jogar o garoto para fora do gelo escorregadio. O garoto voltou a forma de lobo e se agarrou no gelo, exercendo um peso, que impactou o corpo de Eniel e o fez esbarrar no lobo e tombar sobre o corpo dele, para frente, em direção a água. Bárbara se levantou rapidamente, gritando pelo nome de Eniel. Fui até ela.
—Bárbara. Olha para mim. —Me coloquei na sua frente e de costas para os acontecimentos apesar de ouvir os barulhos de confronto, gelo batendo um no outro e gritos de dor. — Pensa no bebê. — Abracei seu corpo, escondendo o rosto dela no meu abraço, apesar de sua relutância em deixar de ver a luta.
—Calma, não é em mim que você deve descontar sua raiva, pensa no seu bebê. Será que nossos bebês vão ser bons amigos como nós somos?
—Não sou sua amiga mais. —Ela responde com a voz abafada porque estava apertada contra mim. —
—Aproveita a chance de se livrar dela e só concorda, Luna. —Elena chega devagar atrás da Bárbara, nós fazendo rir com seu comentário. — Vem fazer companhia a mim ali perto daquela árvore, Eniel caiu no bloco do Edu. —Ela diz franzindo as sobrancelhas e contorcendo a boca. —
—Perto da árvore assim você pode me amarrar?
—Como se quando ela realmente quisesse fosse precisar de uma árvore. —Replico, me virando para observar o andamento da luta. —
Eniel estava em um bloco mais à esquerda de onde o tinha visto antes, deitado de barriga no gelo, a cabeça dentro da água congelante, sendo mantida ali pelo pé do Edu pressionado contra a parte de trás do seu pescoço. Volto rapidamente para as mulheres a minha frente.
—Acho que isso não está me fazendo muito bem. —Sinto meu estomago embrulhar, procurando alguma coisa para me apoiar. Observo Lívia sentada ao longe torcendo empolgada por algo que acontecia. — Acho que Eniel mudou de bloco, deve estar no do Mattew. Eu vou me sentar. Fiquem tranquilas, por favor.
Volto ao meu lugar, deixando que meu corpo se acalme das imagens que vi. Respiro fundo, olhando séria e impassível para a luta, ajeito minha postura e deixo meus sentimentos de lado, sendo a Luna que todos esperavam que eu fosse.
O lobo Mattew chutou o lobo, antes branco, mas agora de sangue vermelho com suas patas traseira para fora do seu bloco de gelo, o propulsionado vários metros a frentes. Eniel rapidamente voltou a forma humana para ficar mais leve e poder cair em um bloco mais à frente. No gelo de Bhaskara.
Bhaskara, quando nós conhecemos, me pareceu tão indefeso e educado, não o teria imaginado na posição que estaria alguns minutos após Eniel ter pisado na sua plataforma. Bhaskara o segurava pelos cabelos loiros avermelhados um pouco compridos, um sorriso maldoso no rosto. O moreno sussurra algo no ouvido de Eniel, que tentava se debater apesar do cansaço, pouco antes de direcionar a cabeça do meu irmão em direção ao solo como um projétil, partindo o gelo no meio.
Bhaskara se assusta quando tem o pé puxado para baixo, em direção a rachadura que ele havia formado, escorregando com as beiradas do gelo, com Eniel conseguindo pular para o próximo gelo. O do Lucius, pai de sua companheira. Aquela parecia uma luta pessoal. Desviei meu olhar para Lívia, que assim como todos, continuava torcendo e depois para Babi deitada no colo de Elena.
Lucius estava em seu lobo cinza e atacou Eniel assim que este pisou na neve que começava a se juntar em cima do bloco. O lobo branco respondeu o ataque que o fez escorregar na neve com uma mordida na cauda do adversário, o rodando pelo gelo. Lucius rosnou, e se atirou na jugular de Eniel, pressionando os dentes onde meses antes tinha ensinado ao aluno sobre onde se devia morder com intenção de matar um lobo. Eniel projetou a pata com garras afiadas com a intenção de danificar o outro olho de Lucius, sendo reprimido com mais pressão na mordida e seu corpo sendo arrastado em direção a borda.
Lucius o puxava com determinação, as patas firmes no chão, as costas para o mar e para o pedaço de gelo, quebrado ao meio por Bhaskara, que foi propulsionado pelas ondas e colidiu com o bloco que eles estavam, fazendo o lobo cinza ser jogado para o bloco de Bhaskara.
Eniel tentava acalmar a respiração, enquanto tentava procurar pelo bloco que Ajax deveria estar, porém o lobo negro era bom em se camuflar na escuridão e ele precisava ser rápido antes que Lucius voltasse até seu bloco. Por isso se assustou quando o enorme bloco de gelo se virou inteiro, de cabeça para baixo, forçando Eniel para cima com a potência da força exercida em um dos lados do gelo para que ele pudesse ser virado e Eniel caísse no pedaço de gelo partido ao meio.
Ajax surgiu imponente, parado no centro do bloco de gelo virado, sem a neve por cima, penas o gelo puro, transparente e muito mais escorregadio. Ele tinha vindo correndo até se lançar na borda esquerda do bloco, elevando a parte direita, devido a tamanha força, para que ele pudesse pular sobre ela quando chegasse no seu ponto mais alto e cair cai no centro do bloco ao contrário.
A imagem do lobo negro de olhos vermelhos, admirado pela lua, pegando impulso na borda esquerda, para conseguir voar por cima do gelo, o virando e aterrissar magnificamente e observar Eniel marcou minha noite e encheu meu coração de admiração pelo meu companheiro,
O lobo branco que rapidamente percebeu que tinha conseguido chegar ao final e pulou no bloco da frente, sendo integrado na matilha com o uivo de Ajax, acompanhado de todos os outros. Meu irmão tinha crescido. Nós dois erámos pessoas diferentes agora. As pessoas da terra comemoravam, se abraçando. Lívia girava Miguel no ar e Bárbara, pela primeira vez em muito tempo voltava a sorrir de verdade. Comecei a chorar orgulhosa de tudo o que meu irmão tinha conquistado, meus sentimentos estavam uma confusão esses meses.
Ajax me direciona um olhar preocupado, se jogando no mar, vindo até mim, atraindo olhares e todos da matilha para perto de mim, preocupados com meu estado.
—Está se sentindo mal? Alguma dor? —Ele chegou ao solo com o cabelo comprido e a barba pingando com a água gelado, me fazendo sentar na cadeira e ele se ajoelhar na minha frente. Os olhos comprimidos, a testa vincada e a sobrancelha franzida, suas marcas registradas depois que eu completei cinco meses, quando ele achava que eu não o estava vendo. Vários rostos me encarando, como se eu fosse explodir a qualquer momento. Eu apenas ri, e Ajax respirou fundo limpando minhas lágrimas. —
—Eu estou bem. Orgulhosa demais de Eniel. Onde ele está?
—Desmaiou de cansaço. —Edu comentou sendo abraçado por Elena. —
—A Luna está realmente bem? Quer alguma coisa? —Algumas pessoas me perguntaram enquanto Ajax analisava meu corpo e acariciava minha barriga para se acalmar. —
—Na verdade sim. —Ajax me olhou rapidamente. — Saber o que Bhaskara falou para o Eniel. —Algumas risadas de alivio foram ouvidas, e o clima ficou mais leve. —
—Bem...com isso eu posso ajudar. —Ele surgiu do meio da multidão, o cabelo marrom curto cortado todos as suas partes com mesmo comprimento estava molhado e grudava na testa. —Eu disse que tinha gostado do novo cabelo dele, era melhor de segurar e que não eram todos que que conseguiam sustentar o estilo, alguns podiam acabar dando de cara no chão. —Ele deu de ombros, abrindo um sorriso. —
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A lenda de Ajax
RomanceAna Amélia se tornou órfã muito cedo e por causa de uma guerra entre lobos e bruxos ela encontrou um menino lobo abandonado que se tornou seu irmão. Eles cresceram e a vida em terras humanas se tornou difícil, e a única alternativa foi voltar para...