Capítulo 11

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—Ajax é tão bom para você. —Bárbara solta em uma lamuria sofrida. Lucius suspira impaciente da porta. — Ele cuida de você como um bom companheiro. —Ela abraça os joelhos, seu corpo tremendo. — Achei que o Eniel fosse meu companheiro, mas ele saiu correndo. —Abraço seu corpo a consolando como se alguém da família dela tivesse morrido, sem saber mais o que falar, não me parecia tão grave assim. —

—Não sei o que são companheiros, mas talvez o seu fosse outra pessoa...

—É sua alma gêmea, igual você e Ajax. —Ela segura firmemente com as duas mãos as duas partes que se abrem da minha capa, as duas mãos e aproxima o rosto de uma maneira bem intima do meu, meus olhos se abrem o máximo que podem, tentando prever se talvez ela queira fazer uma possível substituição de companheiros entre ele e eu. —Quando você olha nos olhos dele o seu lobo sabe, ele confia e ama. Meu pai falou das sensações que só seu companheiro te trazia, mas o meu saiu correndo. —Ela lamenta abrindo a boca a chorar enquanto se jogava em cima de mim. Eu sorrio complacente e passo minha capa por sua volta. — Eu vou morrer sozinha.

—Está bom, já, chega. Levanta-se já daí. —Lucius solta de repente se aproximando da Bárbara com os braços cruzados. Ela engole o choro, os olhos arregalados. — Não vai ficar chorando por homem nenhum. —Lucius a puxa firmemente para cima, limpando seu rosto e arrumando seu cabelo de um jeito muito objetivo. Ela parece voltar a si, respirando mais calmamente. — Ele está chegando. Se ajunta. Chuta a canela dele. —Ele a abraça e beija a cabeça dela. —Pai te ama, humilha o inimigo. —E a empurra para fora.

Me levanto insegura do que acabou de acontecer e com receio de ser a próxima me mantenho um pouco distante, perto do fundo da caverna, tentando não sentir tanto o frio de fora sem minha capa quente e aconchegante. Lucius permanece em silêncio, as mãos no bolso analisando algo que acontece lá fora, mas que não consigo observar.

—Não sabia que você era pai dela, mas pensando bem ela tem muito do seu jeito. — Até demais. —

—Minha menina foi e ainda é a única coisa que não deixou meu lobo enlouquecer e me manteve nesse mundo quando a mãe dela morreu, minha companheira. —Ele suspira. —Saber que a sua linhagem está viva é a única coisa que impede um lobo de perecer até a morte sem sua companheira, porque a nosso instinto de proteção nos mantém aqui por eles. Nossos filhos. Pedaço da minha alma que eu sabia que estava viva e pude ver crescer. —Ele revira os olhos e solta um suspiro alto, levando as mãos para o ar. —

—O que foi? Eles brigaram? —Me coloco ao seu lado para ver os dois juntinhos conversando. Eniel todo inquieto e Bárbara mexendo sem para em uma mecha do cabelo, mas ambos com sorrisos enormes no rosto. Eu sorrio com essa reconciliação e Ajax do outro lado faz o mesmo na minha direção. —

—A vida toda ensinando tudo o que sei para nem meteu um soco na cara desse moleque de cabelo aguado. —Eu rio passando um braço por ele e deito minha cabeça no seu braço. — Eu vou lá dizer como vão ser as coisas a partir de agora para esse aparecido. —Ele resmunga de cara fechada. —

—Tão intimidador você de cara emburrada e cheio de ciúmes. —Ajax fala, chegando perto de nós, porém antes que ele posse me embalar em seu abraço Lucius me abraçou apertado, fazendo Ajax sumir com o sorriso e assumir um olhar afiado. —

—O que disse? —Lucius abre um sorriso sacana e eu abro uma gargalhada, achando um deboche enorme da parte dele desafiar o lobo na frente dele. —

—Lucius... —Ele diz simplesmente. Sinto a diversão sair do corpo do que me segura pelo tom de voz específico que foi usado, junto com o olhar estranhamente mais negro e o cabelo mais selvagem e descontrolado, dando uma áurea de primitivo a Ajax. Belisco o braço de Lucius para o fazer me soltar, sentindo a tensão no ar e indo de encontro a Ajax com medo de algo dar de errado. —

—Oi, meu lobo mal. —Abraço o pescoço dele tentando buscar um calor corporal. Ele rosna pra Lucius que sai apressado pela porta e rapidamente passa a mão na minha cintura, escondendo o rosto no meu pescoço. Passo a mão pelas suas costas. —

—Fria. —Sua voz sai rouca e ele traz a mão esquerda para o centro das minhas costas. —

—Eu deixei minha capa com a Bárbara.

—Morder. Ela. —Eu rio de suas frases curtas tentando resumir uma ideia. —

—Não vai não. Eu vou buscar outra lá em cima, simples assim. —Pego seu rosto nas minhas mãos, encantada com sua íris vibrante me analisando, parecendo muito um verdadeiro predador, muito mais com conectado com seu lado animal do que humano. — Não é para brigar com ninguém. Pode voltar e continuar suas atividades. —Dou um beijo rápido em sua boca e vou em direção a montanha ouvindo um rosnado contrariado de fundo. —

Aperto minhas mãos juntas assim que posso as deixar desocupadas no topo da montanha por não estra mais escalando. A luz das pequenas partículas do sol me permitiu observar melhor a coloração avermelhada da minha mão. A temperatura ali em cima era muito mais fria do que no solo, meu corpo tinha começado a tremer durante a subida e uma roupa por cima não iria resolver como aquele dia que cai no rio congelado.

Prendi meu cabelo com uma tira de couro, deixando algumas mechas de fora porque não consegui prender direito, tirei toda minha roupa com um pouco de dificuldade por causa dos meus músculos que resolverem não me responderem mais tão rapidamente e entrei na banheira natural de água quente borbulhante que chegava a cobrir meus seios se ficasse sentada. Alguns minutos ali me fariam recuperar meu calor corporal natural e a circulação nas minhas mãos e braços que tinha ficados rígidos e doloridos pelo o frio.

—Quase mordi a perna de um. Você só tem essa capa, ela é só sua. Ninguém tem o direito de encostar. Já avisei que se eu vir alguém te deixando com frio eu-

A voz de Ajax para de repente e levanto meu rosto, o vendo na porta com uma das mãos ocupadas carregando mais cobertas e minha capa branca na outra mão. A boca travada no meio de um vocábulo, os olhos com as pupilas dilatadas e bem abertos, o cérebro parecendo processar o que estava acontecendo. Abro um sorriso preguiçoso, enviando um olhar falsamente inocente em sua direção, gostando de estar finalmente sendo dona do meu destino e vontades, deslizando minhas mãos mais demoradamente que o necessário pelo meu corpo.

—Você iria você mesmo me esquentar para afastar o frio? —Ele apenas me observa por um momento até abrir um sorriso, jogando todas as peças de roupa no chão. — Eu iria agradecer ter uma dessas toalhas para me secar.

—Pra que? Se uma mulher tão como você bonita eu faço de secar pessoalmente. Bem de perto. Com minha língua. —Ele se joga ainda de calça na pequena piscina espirrando água para fora e no meu cabelo. —Eu te deixar ainda mais molhada.

—Ajax! —Eu rio de sua pressa por ter se jogado com roupa mesmo na água em cima de mim—

—Isso, você já sabe o nome de quem tem que gritar.

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A lenda de AjaxOnde histórias criam vida. Descubra agora