Carla
– Estou morta! – Falei me jogando em minha cadeira no escritório na empresa.
Eu sei o que vocês devem estar pensando: "Mas você não falou que ia sair?!". Bem, eu realmente vou sair, não mudei meus planos, mas é fato que, com meu pai na situação que está, não tenho como deixar tudo para lá e tomar meu "rumo na vida".
Acabei tendo que ficar aqui, até que ele se recupere e possa: ou voltar, ou colocar alguém de sua confiança para substituí-lo à frente da AVS. Posso está decidida a seguir em frente, longe de tudo isso que sempre me aprisionou, mas não posso ser ingrata e jogar tudo para o alto e deixar ruir/afundar. Querendo ou não, se tenho condições de sair daqui e não passar nenhuma dificuldade, isso é graças a tudo que essa empresa, mais precisamente seus lucros, e os esforços de meus pais me proporcionaram ao longo dessa vida, por essa razão, vou segurar as pontas até tudo se acertar. "Só espero que se acerte logo".
– Carla! – Ouço a voz de Andreia me chamando, o que faz minha cabeça latejar mais ainda. – Desculpe incomodar. – Ela fala ao me ver levar a mão a frente e esfregar as têmporas.
– Tudo bem, Andreia... não se preocupe. – Digo, contemporizando a situação. Realmente estava morrendo de dor de cabeça.
– A Senhora quer algo para sua dor de cabeça, tem analgésicos em minha bolsa. – Ofereceu de forma prestativa.
– Vou aceitar... estou acabada. – Respondo forçando um sorriso. – O afastamento de meu pai tem deixado as coisas bem complicadas. – Comento, olhando a pilha de papéis sobre minha mesa.
Realmente, nossa empresa estava passando por uma verdadeira metamorfose, algo que nem eu mesma tinha ciência e, posso garanti, não gostei nada de ser a última ficar sabendo.
Eu era a diretora financeira e fui surpreendida por um plano louco de abrir o Capital da AVS, transformando-a em uma empresa S.A. Era algo maluco, totalmente arriscado que poderia nos fazer crescer substancialmente, mas também desmoronar em pouco tempo. Contar com investidores externos era algo complicado, aumentaria nosso poder diante do mercado, mas também nos colocaria diante de ações que influenciaria muito na estrutura financeira e gerencial. Fazê-lo sem um plano detalhado, conhecimento minucioso dos riscos e do mercado, era algo incertíssimo.
"Ser diretora financeira e não ser avisada, comunicada, estar ciente destas intenções era o primeiro tiro no pé que estavam dando" pensei suspirando pesadamente.
– Aqui. – Andreia voltou me puxando de meus pensamentos, trazendo com ela água e um comprimido para minha enxaqueca. "Nem a vi saindo".
– Obrigada. – Disse, já pegando o remédio e o engolindo com a ajuda da água. – Quando entrou aqui, o que queria falar comigo?
– Ah! Sim... o representante do banco já está aqui para a reunião que marcaram. Posso pedir que ele entre?
– Não! O leve para a sala de reuniões e diga que já estou indo, chame também o Ulisses e o Marcos, peça para que levem os informes que pedi, por favor. – Orientei e ela meneou a cabeça positivamente e se retirou apressadamente.
Aí estava mais um problema que teria que lidar: Meu pai queria que eu me reunisse com o gerente de nosso principal banco no dia que passou mal, porém, o que eu pensei que seria só uma reunião para analisarmos possibilidades de aumento de nosso crédito diante da instituição bancária, acabei por descobrir que era para acertamos o valor e detalhes de um empréstimo que não estávamos prontos para contrair. Quase enlouqueci! Havia muita coisa naquele ambiente que estavam me escondendo e, por displicência minha, acabei deixando passar.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Refém do Desejo (Romance Lésbico)
RomanceEra uma noite como qualquer outra, uma festa como qualquer outra das quais eu frequentava... Foi a primeira vez que a vi, foi a primeira vez que a desejei, foi o início do meu calvário. Entre o desejo latente e as obrigações, o que deveríamos escolh...