Carla
Após uma noite em que jantei com Gustavo, viemos para meu apartamento onde, mais uma vez, ele ficou.
Contrariando meu estado de espírito, que estava totalmente transtornado, acabei cedendo de transando com ele, porém, se meu corpo estava presente no ato, minha cabeça estava longe dali, tanto que, se me perguntarem como foi ou o que senti, não saberei definir.
Passei a noite em claro, observando pelas grandes janelas a escuridão se fazer dia, enquanto Gustavo dormia tranquilamente ao meu lado.
"Seus olhos claros... sua boca emanando provocações, seus olhos dissimulados e sedutores." pensei suspirando, enumerando as características físicas daquela mulher, que agora sei, mais ou menos, quem é. "Corpo curvilíneo, andar delirante e postura cativante..."
Passo as mãos pelos cabelos e resolvo levantar. Sei que não vou conseguir dormir mesmo e, já que o dia se faz presente, prefiro "despertar" logo.
Visto-me com minhas roupas próprias para exercícios e vou até a academia do prédio. Subo na esteira e a programo, começando a correr em uma velocidade alta. Só queria expurgar todas as minhas frustrações.
– Por que não consigo tirar ela da cabeça?! – Pergunto-me nervosa.
Só a vi uma vez! Uma única vez, mas ela se alojou em meus pensamentos de uma maneira que não consigo lidar.
– Uma garota de programa, Carla! Ela é só uma garota de programa que já deve ter passado pelas mãos de mais da metade dos empresários que você conhece! – Digo, tentando me convencer que não devo mais pensar nela, mas é inútil, pois, instantaneamente, sua imagem naquela festa me invade.
"Sua boca, seu andar destilando sedução, seu corpo... aquele olhar!"
– DROGA! – Exclamo exacerbada, correndo alucinadamente.
Não sei quanto tempo fiquei ali, naquele lugar, correndo feito uma louca. Só sei que quando parei de me "exercitar", eu me sentia esgotada e com dores pelo corpo. "Nunca me submeti a uma carga tão alta assim".
Subi para meu apartamento e, quando abri a porta e entrei, dei de cara com minha empregada, Marília, servindo o café da manhã e Gustavo já sentando à mesa.
– Olá, amor. – Ele falou assim que me viu. – Bom dia!
– Bom dia. – Respondi sem muita animação, já me dirigindo para meu quarto, pois queria tomar meu banho e me arrumar, porque ainda teria que ir para empresa.
Durante o banho, tento racionalizar essa necessidade que sinto em saber mais sobre essa mulher que teve a audácia de invadir minha mente nesses últimos dias. A água escorre por meu corpo, trazendo sensações que me desconcertam e, invés de me tranquilizar, me causa um frisson que não estou conseguindo suportar. Desligo o chuveiro e saio do box correndo para me secar.
Visto-me e me maquio mantendo a elegância e respeito que sempre fiz questão de enfatizar em minha vida profissional e vou realizar o meu desejum.
Assim que me sento, já tenho minha atenção chamada por Gustavo.
– Amor! Você pode me dar uma carona? – Pergunta me fazendo olhá-lo de maneira interrogativa. – É que deixei meu carro em um estacionamento perto da empresa da sua família ontem a noite... preciso buscá-lo. – Explica, me fazendo recordar que ele me buscou no trabalho para jantarmos e depois fomos no meu carro.
– Ahh... tudo bem. – Respondo voltando minha atenção ao café.
Não demoro muito a terminar meu café da manhã e logo estamos saindo. Descemos até a garagem do prédio e entro na posição do motorista, enquanto Gustavo entra na de passageiro. No momento em que vou dar a ré para sair da vaga, meus olhos se deparam com o buquê que havia ganhado no dia anterior, jogado sobre o banco traseiro. Suas pétalas, apesar de ainda vívidas, já estão mostrando os sinais da falta de cuidado, murchando lentamente.
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Refém do Desejo (Romance Lésbico)
RomanceEra uma noite como qualquer outra, uma festa como qualquer outra das quais eu frequentava... Foi a primeira vez que a vi, foi a primeira vez que a desejei, foi o início do meu calvário. Entre o desejo latente e as obrigações, o que deveríamos escolh...