Refém do Desejo (Romance Lésbico)

Capítulo 17

Núbia

Estava no estágio, com algumas pastas de documentos em mãos e me encaminhando para a sala de Regina. Passei pela antessala, onde Júlia se encontrava e, assim que a atravessei, sorri em cumprimento a secretária de minha chefe e tive o ato retribuído e continuei meu caminho, entrando no confortável e iluminado escritório da belíssima advogada da qual eu era assistente, a encontrando sentada à sua mesa.

Sentada meio de lado na cadeira, com suas pernas cruzadas e um ar superior, suspendia em sua mão um papel, ao qual lia compenetrada. Era impossível olhar para aquela mulher e não se sentir intimidada, uma certa vertigem e também uma excitação latente.

Regina usava um traje simples, mas muito elegante, praticamente uma executiva daquelas que vemos em novelas, filmes, etc. Uma camisa social em um tom azul-claro, cujo a manga ia até um pouco abaixo dos seus cotovelos, com o primeiro botão aberto deixando a mostra seu pescoço longo e bronzeado. Uma calça de cintura alta, que deixava visível sua curva nessa parte do corpo, mas que ia se alargando ao longo das pernas, além de seus pés adornados por uma sandália de salto alto finíssimo, que combinava perfeitamente com sua bolsa e cinto. Além disso, levava os cabelos repicados na ponta, muito bem alinhados e uma maquiagem leve, que ressaltava seus olhos gateados e perscrutadores, compondo o look maravilhoso.

Assim que entrei, ela desviou os olhos do que lia e se virou, me observando e sorrindo amavelmente.

– Pois não, Núbia?! – Questionou, me fazendo engolir em seco. "Essa mulher me tira dos trilhos. Jesus!"

– Trouxe os documentos que você havia pedido para que eu organizasse. – Respondi, me aproximando e lhe estendendo a pasta que levava em mãos.

– Ah... obrigada. – Disse, os pegando e a abrindo, folheando rapidamente os papéis ali contidos. – Excelente. – Completou, os depositando sobre a mesa e pegando seu telefone, já discando um ramal que não demorou em ser atendido.

– Júlia... por favor, peça Augusto para vir a minha sala, preciso que ele junte alguns documentos no processo da Germont. Obrigada. – Falou objetiva, desligando logo em seguida.

– Precisa de mais alguma coisa, Regina? – Perguntei, mantendo, assim como ela havia solicitado, as formalidades só para fora do escritório.

– Sim... – Respondeu pegando sua agenda e um pedaço de papel. Abriu em uma página qualquer da lista e anotou um número, me estendendo logo em seguida. – Preciso que você ligue para esse cliente e marque uma reunião para amanhã. Diga que é sobre o contrato do acordo referente ao segurador novo, por favor. – Explicou e eu só balanceia a cabeça positivamente, olhando o nome e o número contido ali. – Além disso, preciso que se prepare, pois quarta-feira temos uma audiência com o juiz no centro... preciso que estude o processo da Construtora Machado para me auxiliar. – Completou.

– Temos?! – Exclamei surpresa. Não sabia que a acompanharia em audiências também. Aquilo me deu um certo calafrio.

Regina sorriu diante de minha pergunta. Eu deveria estar com uma cara e tanto... apavorada para ser mais explicativa. Não que tivesse medo de audiências, sabia que aquilo era comum e que faria parte do meu dia a dia quando me tornasse advogada. Já havia até assistido algumas como estudante junto aos meus companheiros de curso, mas... dessa vez eu estaria auxiliando uma das maiores e melhores advogadas que eu conhecia.

– Comigo não tem moleza, Núbia. – Regina falou com floreio, enquanto sorria. – Aproveite a oportunidade, será bom para você. – Piscou e, confesso, senti meu rosto esquentar. Era difícil eu ficar constrangida, mas ela conseguia.