Gustavo
"O número que você ligou está desligado ou fora da área de cobertura..."
A raiva me consumia e ouvir essa mensagem, essa voz metálica, mais uma vez no dia de hoje, fez com que o sangue fervesse em minhas veias.
Num impulso, tomado pela irritação, sem medir as consequências, acabei lançando meu celular na parede de meu apartamento, o que o fez se partir em vários pedaços que caíram ao chão.
Sábado a noite, desde quinta-feira que não tenho contato com Carla e isso está me tirando dos eixos.
Deixo meu corpo cansado cair sentado sobre o sofá em minha sala e, mais uma vez, mostrando que estou no fundo do poço, dou uma longa e profunda golada na garrafa de uísque, deixando toda a compostura de lado e bebendo todo o líquido que ainda havia ali.
– Por que você está fazendo isso comigo?! – Sussurro, desolado, sentindo as lágrimas já começarem a escorrer de meus olhos e relembrando o episódio deprimente que protagonizei mais cedo.
– Ei! – Chamei, vendo como Pedro, irmão mais novo de minha noiva, se virava para me olhar. Ele estava saindo de uma das suas lojas no momento em que o abordei e, pela sua face, estranhou ao me ver.
– Gustavo?! – Perguntou me observando, enquanto me aproximava dele. – Tudo bem com...
– Onde está Carla?! – Perguntei logo, o cortando. "Se" havia alguém que poderia saber onde ela estava, esse alguém era Pedro. Eles eram como unha e carne. Ela sempre o mimou e ele sempre deixou claro que não gostava de minha relação com sua irmã.
Assim que ouviu minha pergunta, ele franziu o cenho confuso.
– Como assim?! Não sei. – Falou dando de ombros e estendendo a mão para me cumprimentar. – Aconteceu algo com ela?!
– Não sei! – Falei "desprezando" sua cordialidade. – "Me diz você"! – Joguei de volta, vendo como ele me olhava mais abismado ainda.
– Aconteceu algo?! Tipo... eu não sei onde ela está. Aliás, não a vejo nem falo com ela direito tem uns... – Parou para pensar. – Acho que uns três dias. – Falou semicerrando os olhos. – Tanto a agenda dela quanto a minha estão bem cheias esses últimos dias.-- Suas palavras pareciam verdadeiras.
– "Se" ela não está com você... – Murmurei colocando a mão na cintura e encarando o chão, tentando pensar em algo, mas nada vinha a minha mente, nenhuma ideia de onde ela poderia estar. "Ela simplesmente sumiu... nem a mãe dela, nem Regina, aquela metida, sabem onde ela está".
– Gustavo?! – Pedro me chamou, interrompendo meu raciocínio e me fazendo olhá-lo. – Aconteceu alguma coisa com a minha irmã?! – Perguntou, me observando de uma forma "acusatória".
– Por que quer saber?! – "Respondi" de forma ríspida. – Já que você não sabe onde ela está... deixa eu ir porque tenho que encontra a MINHA noiva. – Falei, realçando o pronome e já me virando para ir embora, mas ele me impediu, segurando meu braço, o que fez meu humor, que já não estava bom, ir por terra.
– "Se" aconteceu algo com minha irmã eu tenho o direito de saber. – Pedro falou de forma firme. – O que houve? Vocês brigaram, é isso?! Terminaram?!
Ao ouvir sua pergunta, senti uma dor na boca do estômago, uma leve vertigem junto a uma ira que fez meu corpo esquentar. Só em pensar que Carla poderia terminar comigo eu já...
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Refém do Desejo (Romance Lésbico)
RomanceEra uma noite como qualquer outra, uma festa como qualquer outra das quais eu frequentava... Foi a primeira vez que a vi, foi a primeira vez que a desejei, foi o início do meu calvário. Entre o desejo latente e as obrigações, o que deveríamos escolh...