Carla
Estava sentada no sofá de minha sala de estar, lendo os papéis que Igor deixou comigo após comer o maravilhoso jantar que Marília, minha empregada, havia deixado preparado para mim, quando escutei o barulho de chaves na porta de entrada, o que me fez desviar os olhos e dar de cara com Gustavo entrando.
– Meu Deus, Carla... – Ele fala e posso perceber aflição em seu tom de voz.
– O que houve?
– Estou te ligando e você não atende... nem manda uma mensagem. – Falou se aproximando de mim, se sentando ao meu lado e pegando em minhas mãos. – Fiquei preocupado, meu amor.
"Aí que porcaria... Esqueci de retornar a chamada dele quando cheguei em casa e deixei meu celular no silencioso no quarto" pensei me recriminando mentalmente.
– Desculpa... estava focada nesse relatório e deixei o celular no silencioso... me desculpe. – Respondi afagando suas mãos.
Gustavo liberou um suspiro pesado e me fitou intensamente.
– Você não pode se esforçar tanto assim, meu amor. – Disse de maneira doce. – Sei como o trabalho é importante para você, mas já são quase 00:00 e você ainda está aqui... ainda me deixou preocupado, pois pensei que tinha acontecido algo com você.
Ao ouvir o que ele disse, olhei espantada para o relógio que havia sobre uma das mesinhas de canto e ver que eram 23:40.
– Nossa! – Exclamei espantada. – A hora passou voando e nem vi.
Ao me ouvir, Gustavo liberou um riso e se aproximou, depositando um beijo leve em meus lábios.
– Você e esse vício no trabalho. – Falou brincando e me fazendo mostrar um sorriso forçado.
– Bem... acho melhor eu descansar, afinal, amanhã meu dia será tão corrido quanto hoje. – Falei me soltando de suas mãos e me erguendo do sofá.
– Reunião trimestral?!
– Reunião trimestral. – Respondi, me encaminhando para a cozinha para poder deixar as coisas que tinha levado para a sala. – Hoje passei o dia analisando os resultados financeiros do segundo trimestre... estou cansada e ainda preciso me estressar com outras coisas para amanhã. – Completei voltando para a sala e indo em direção a meu quarto, sendo seguida por Gustavo.
– Algo que possa ajudar?
– Não... nada que possa ajudar. – Respondo abrindo meu closet e pegando uma camisola.
Visto-me sobre o olhar atento de Gustavo que, pelo que vejo, ficará para passar a noite – mais uma vez. Escovo meus dentes e volto para o quarto, arrumando minha cama para poder deitar.
Gustavo, que só me observava, veste uma das muitas roupas que deixou em meu apartamento, faz seu asseio e volta para se deitar ao meu lado. Fico de costas para ele, mas sinto como ele se aproxima e coloca seu braço sobre minha cintura.
– Boa noite, meu amor. – Ele sussurra em meu ouvido.
– Boa noite. – É o único que digo, buscando meu sono que se recusa a chegar.
Mais um dia começa... com ele minha rotina de sempre, minha vida de sempre, meus dias corriqueiros que não posso considerar tediosos. Creio que me agrada, de alguma forma.
Assim que chego a empresa, já me deparo com a movimentação das pessoas. Todo fim de trimestre é assim: As diretorias se reúnem para dizer ao "grande chefe" seus passos e, muitas delas, prestar contas de seus trabalhos.
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Refém do Desejo (Romance Lésbico)
RomanceEra uma noite como qualquer outra, uma festa como qualquer outra das quais eu frequentava... Foi a primeira vez que a vi, foi a primeira vez que a desejei, foi o início do meu calvário. Entre o desejo latente e as obrigações, o que deveríamos escolh...