Refém do Desejo (Romance Lésbico)

Capítulo 25

Núbia

Lá se vai mais uma semana, mais dias que me aproximam do final das minhas férias e o começo da rotina dupla de estudar e trabalhar (estagiar) quase todos os dias – felizmente, descobri que não terei aulas as quartas-feiras.

Estou no escritório, terminando de digitar um documento que tenho que enviar até o final do dia para minha "chefa", quando ouço meu celular (de trabalho) vibrando em minha bolsa que estava pendurada na cadeira onde estou sentada. Como sei que é ele? Simples! O meu celular do dia a dia eu deixo sobre a mesa, bem à minha visão, para que eu possa pegá-lo sem muitas dificuldades, já o outro, eu preciso manter "as escondidas".

Pego-o e olho a notificação, me deparando com o nome dela na tela, o que me faz sorrir de lado. Fiquei praticamente o final de semana inteiro sem contato com Carla, só voltando a tê-lo na segunda-feira, quando ela me mandou uma mensagem em resposta a minha, apesar de eu ter visto que ela visualizou a mesma já na sexta-feira pela noite. Enfim!

Abro e me deparo com um convite inesperado.

Carla: Boa tarde.

Gostaria de te chamar para um passeio no final de semana. Se puder ir, por favor, me responda até amanhã a noite, pois preciso deixar tudo pronto.

"O que será que você quer aprontar, Carla?!" penso sentindo um sorrisinho surgir em meus lábios, movido pela curiosidade.

– Esse sorrisinho aí, hein?! – Ouço a voz que Flávio, o que me faz bloquear a tela rapidamente. "Ainda não está 'na hora' dele saber sobre isso".

– Nada de mais... só recebi uma notícia boa. – Respondo, guardando o aparelho e voltando ao meu afazer.

– Sei... – Flávio retruca, com a língua "arrastada", claramente não acreditando em minhas palavras. – Vai me dizer que essa "boa notícia"... – Diz fazendo sinal de aspas com os dedos. – não tem nada a ver com... quem sabe?! Um boy magia que você está conhecendo?! Hmmm...?!?! – Questiona brincalhão, meneando as sobrancelhas e com a voz baixa nessa última parte, o que me faz rir.

– Flávio... – Sussurro o olhando com os olhos semicerrados. – Não precisa ficar com ciúmes, amor... noites tórridas de amor e sexo eu resguardo somente para você, amoreco. – Respondo de maneira debochada e brincalhona, vendo como ele finge uma careta e depois me acompanha na risada.

– Núbia, minha linda... você é uma tentação, um mulherão que... – Finge se abanar. – Nuss! Mas, infelizmente para vocês mulheres, eu estou fora do mercado, tipo... pra sempre... A não ser, obviamente, que seja a Paola Oliveira, porque aquela lá me faz duvidar da minha homossexualidade toda vez que a vejo. – Completa, fazendo ambos caírem na gargalhada, mas logo nos recompomos assim que vemos a cara de reprovação de um dos sócios do escritório.

– Realmente... – Sussurro, enquanto ele se senta à minha frente. – Aquela lá, não tem como... creio que ela converteria toda a sociedade global e ainda traria a paz mundial. – Falo peralta, fazendo ele sorrir e balançar a cabeça positivamente.

– Sim... mas somos meros mortais. Fazer o que, né?! – Flávio exclamou levando a mão ao peito e liberando um suspiro baixinho, como se estivesse lamentando. – Mas, enfim, mulheres que nos virariam a cabeça à parte, como você está?! Muito trabalho?! – Questionou, se ajeitando na cadeira e cruzando as pernas.

– Mais ou menos. Como Regina viajou para Brasília essa semana, estou tranquila, só algumas coisas para adiantar, algumas coisas que ela me pede por mensagens para enviar, mas nada "pesado". – Respondi, enquanto apoiava o cotovelo na mesa, o rosto na mão e olhava para a tela do meu computador, onde havia deixando o documento aberto por finalizar.