Carla
O dia de trabalho havia acabado e eu estava me aprontando para ir embora quando vi a porta de minha sala se abrir e, para meu espanto, mas não minha surpresa, Gustavo entrar trazendo consigo um buquê de rosas e um sorriso amarelo.
– O que está fazendo aqui? – Perguntei o olhando detalhadamente.
– Vim te buscar para podermos jantar juntos... fora. – Respondeu meio desconcertado.
Noite passada ele havia dormido em minha casa, como vocês bem sabem, contudo, o que vocês não sabem é que acabamos discutindo no café da manhã.
Acho que nunca expliquei direito a minha relação com Gustavo – eu sei que é início desse relato ainda e que vocês sabem que somos noivos, mas, vocês sabem o que vivemos?
Então... eu e Gustavo nos conhecemos há 8 anos e, há 7 anos estamos nos relacionando amorosamente, sendo que, 5 são de um noivado que parece não ter fim.
O fato é que, apesar de gostar dele, não me sinto pronta para mudar meu status de vida de noiva para "Senhora Limoeiro", por isso estou postergando as bodas o quanto posso.
Gustavo é um homem maravilhoso. Carinhoso, atencioso, parceiro e, só de olhar para ele percebo o quanto me ama. Bem sucedido em sua carreira – ele dirige a empresa de sua família, que atua na área de turismo de negócios – se dá muito bem no que faz, sendo um excelente profissional na sua área, porém... sempre há um porém, mas, o problema aqui é que eu não sei precisar qual é esse porém.
Enfim! Durante nosso café da manhã, onde eu tinha acordado com a cabeça a mil por hora devido ao que sabia que enfrentaria na reunião trimestral, ele me veio com uma ideia que não me agradou muito, o que nos fez discutir e eu sair de casa soltando "fogo pelas ventas", como diz Marília, minha secretária do lar.
Apesar de estarmos juntos esse tempo todo, dele ter acesso livre ao meu apartamento e eu, apesar de quase nunca pisar lá, também ter o seu, não cogito a ideia de dividirmos o mesmo teto por agora, só que ele deseja que possamos fazê-lo, já que estamos a tanto tempo juntos e já sermos noivos. "É só convenção social... ninguém vai questionar se morarmos juntos antes de casarmos" é o que ele diz, mas eu não quero. Lembram?! Há o porém!
Diante de mais uma recusa minha ele acabou questionando o que eu queria para nós, o que não me agradou, pois detesto ser colocada contra a parede, seja por quem for, então... desci do salto e brigamos feio.
Agora... cá está ele! Totalmente desarmado, à minha frente, com um buquê de rosas e, tenho certeza, pronto para ceder e me pedir desculpas por algo que nem é tão culpa dele assim, admito silenciosamente.
– Hoje é terça-feira, Gustavo... jantar fora em um dia de semana não é algo tão usual. – Falei tentando achar uma desculpa para negar, contudo eu sabia que seria inútil.
– Eu sei... – Ele respondeu com um tom baixo de voz. – Mas é que... – Suspirou. – Passei o dia me culpando por ter feito o que fiz hoje de manhã... eu gostaria de me desculpar de maneira apropriada te levando para jantar.
Ao ouvir suas palavras e ver seu semblante culpado, suspirei pesadamente e, sem muita saída, balancei a cabeça positivamente.
– Tudo bem. – Falei e o vi sorrir alegremente. – Me deixa só guardar o resto das coisas e podemos sair. Um segundo. – Disse me voltando para minha mesa e organizando tudo.
Gustavo ficou de pé, à minha frente, com um sorriso iluminado em sua face que o fazia parecer uma criança que havia acabado de ganhar um doce, segurando aquelas rosas que até eram bonitas.
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Refém do Desejo (Romance Lésbico)
RomanceEra uma noite como qualquer outra, uma festa como qualquer outra das quais eu frequentava... Foi a primeira vez que a vi, foi a primeira vez que a desejei, foi o início do meu calvário. Entre o desejo latente e as obrigações, o que deveríamos escolh...