Capítulo 47

5.8K 450 135
                                    

Carla

Era ela ali, bem em minha frente. Vê-la assim fez algo dentro de mim disparar, sentia como se meu coração fosse escapar do meu peito e correr em sua direção. "Que merda! Mesmo ela tendo feito tudo que fez, eu ainda me sinto assim perto dela".

– Você está bem?! – A outra moça que estava com ela, a mais alta, me perguntou, me chamando a atenção. Núbia só me observava. Mesmo com a pouca luz, eu conseguia ver seus olhos vidrados em mim, como se tentando reconhecer algo em mim, talvez um sinal de que estava tudo bem.

"Mas o que eu vou dizer?!" Perguntei-me, sem entender direito em que pé estávamos daquela relação tão tumultuada e louca que vivíamos até ali. Temos tanto a conversar... "Mas eu só quero abraçá-la... beijá-la".

– Estou bem... obrigada. – Respondi educadamente para a jovem, me fazendo ser ouvida de alguma forma no meio daquela algazarra toda.

– Que cara, mala. – O rapaz comentou, olhando em direção que o homem que tentou me agarrar se foi reclamando.

– Homens machistas e mimados de baladas. – Falei dando de ombros. – Prefiro não me estressar mais com isso. – Disse me voltando para ela, que me olhava sem mexer um único músculo. – Então... – Tentei me dirigir a ela, mas fui cortada.

– O que aconteceu aqui?! – Pedro chegou todo nervoso, seguindo por Flávio e mais alguns amigos. – Vi uma confusão lá de cima e, quando olho, vejo que você está no meio... tudo bem, irmã?! – Perguntou me puxando para um abraço.

– Estou sim... eles me ajudaram a me livrar de um galã de balada. – Respondi apontando para o trio que nos observava.

– Núbia!! – Flávio "gritou" indo em direção a garota, que o recebeu com um sorriso e um abraço. – Que bom que veio. – Falou se virando para nos olhar. – Gente! Essa aqui é a Núbia, que trabalha comigo no escritório da DRª Regina. – Apresentou e ela deu um aceno sem graça.

– Oi, Núbia! – Pedro cumprimentou sorridente. – Fico feliz de te conhecer. Flávio fala bastante de tu lá em casa. – Estendeu a mão para ela, que logo estreitou.

– Espero que ele fale bem. – Brincou. – Esses são meus amigos, Patrícia e Miguel... eles estudam comigo.

Eu estava hipnotizada por sua presença. Havia descido ali porque achei tê-la visto e, no fim, era ela mesma. Não conseguimos falar naquele pequeno intervalo, no meio daquela multidão toda. Pedro logo nos convidou para subirmos para a área VIP, o que todos aceitaram, claro!

Eram ínfimos centímetros que nos separavam, mas a distância parecia tão grande. Era como se eu estivesse na América e ela no Japão. Eu sentia que ela queria se aproximar, mas não o fazia. Eu queria ir até ela, pedir, implorar, para que ela segurasse a minha mão e fugisse comigo daquele lugar, deixando todos para trás, mas não conseguia.

"Que tolos são os amantes. Coisas simples se tornam difíceis num piscar de olhos. Não custaria me aproximar e falar com ela, mas o medo e as lembranças dolorosas não me permitem ir e... de alguma forma, sei que a ela também" pensei cansada, indo até o bar pegar algo para eu beber.

Apoiei-me no balcão e a vi de longe, falando com alguém que eu não sabia quem era. Percebi que me olhou de soslaio, mas, ao me perceber a observando, disfarçou passando a mão no cabelo e bebendo de seu copo.

– Que saco! – Sussurrei pegando meu drink e virando em uma golada só.

Voltei a olhá-la e, dessa vez, sua amiga falava com ela. Gesticulavam de maneira e agitada, como se discutissem uma com a outra. De repente, sua amiga apontou em minha direção e, de um jeito que aparentava autoritário, disse algo a ela, que suspirou pesadamente e voltou a mexer nos cabelos.

Refém do Desejo (Romance Lésbico)Onde histórias criam vida. Descubra agora