Capítulo 48

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Núbia

Era, ao mesmo tempo, estranho e confortável sentir minhas pálpebras moverem-se levemente apontando que estava acordando, e perceber o leve peso sobre mim.

Com preguiça e uma morosidade gostosa de uma manhã pisquei calmamente, visualizando o lugar, mas não reconhecendo onde estava, contudo distinguir com clareza aquele perfume que emanava em todos os lugares daquelas acomodações.

Aquele braço sobre mim me apertou mais a si assim que me mexi de forma vagarosa. Era como se tivesse medo de eu desaparecer, mas... como poderia desaparecer se aquele era o lugar que, hoje sei, sempre quis estar?! Impossível!

Noto leves mordidas nas minhas costas nuas, o que me faz sorrir e me retorcer ao sentir as cócegas que elas me proporcionam, o que a faz rir também e começar a beijar meu pescoço, me dando uma sensação gostosa.

– Bom dia... – Sussurra com a voz arrasta próximo ao meu ouvido, me arrepiando toda.

Se eu estiver dormindo... por favor, não me acorda... – Falo com a voz rouca pelo sono, me virando levemente e aproveitando para esticar um pouco as minhas pernas, o que deixa claro a sensação dolorida que fica em meu corpo e me alegra mais ainda ao lembrar o motivo de eu estar assim.

Se estivermos sonhando EU não quero acordar nunca. – Retrucou realçando o pronome e afundando o rosto em meu pescoço, deixando um beijo leve nele.

– Bom dia! – Falo, finalmente, me virando de frente para ela e lhe dando um beijo leve sobre os lábios.

Sei que não é a primeira vez que acordamos juntas. Já aconteceu quando viajamos para Teresópolis e também quando ela dormiu em meu apartamento, entretanto, as coisas agora parecem tão diferentes... tão mais reais e mágicas. Ver seus olhos levemente inchados por causa do sono... ouvir sua voz rouca sussurrando coisas em meu ouvido, sentir seu agarre junto a mim, seus pés tocando os meus, seus cabelos em desalinho... Não sei explicar! É como se ela brilhasse, emanasse uma luz que a deixasse mais linda do que já é.

Tudo é diferente... Absolutamente tudo! Quando me entreguei para ela na noite passada, quando deixei que me tocasse sem que eu reivindicasse o domínio sobre a situação, no momento em que alcancei o clímax olhando em seus olhos... Nossa! Não sei explicar. É como se pudesse tocar as nuvens com meus dedos. Foi absolutamente perfeito, uma sensação que nunca senti em toda minha vida até o presente momento. "Isso é o que se sente quando se está apaixonada?!"

– Quer levantar pra tomar café?! – Pergunta me puxando mais para ela, encaixando meu corpo ao seu. – Ou quer ficar de preguiça aqui na cama?! – Sorri, me devolvendo o beijo que lhe roubei.

– É uma proposta tentadora... – Respondo erguendo o rosto e lhe dando alcance ao meu pescoço, onde deixa alguns beijos mais intensos e mordidas. – Adoraria ficar aqui com você o dia inteiro... – Suspiro ao notar que me deixa um leve chupão em meu ponto de pulso. – Mas...

– Mas?! – Questiona ao notar que me calei.

– Precisamos conversar, não?! – Falo, trazendo a realidade à tona. Precisávamos conversar... deixar tudo claro entre nós duas. Não podíamos... eu não podia mais correr o risco de cometer os mesmos erros que cometi em toda a minha vida.

Ao ouvir minhas palavras, Carla liberou um suspiro resignado e me soltou, deitando-se de barriga para cima na cama. Não conseguir sentir mais o seu contato me deixou com frio, desprotegida. Há anos não me sentia assim, confesso que me assusta, mas não daria passo atrás.

– Você tem razão. – Foi o único que falou, se calando e deixando um vácuo entre nós duas. Foram poucos segundos de silêncio, mas eu sentia como se fossem séculos, milênios.

Refém do Desejo (Romance Lésbico)Onde histórias criam vida. Descubra agora