Capítulo 14

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Núbia

Já dentro do quarto, deixei meus olhos passeando pelo ambiente, enquanto ouvia a porta se fechando às minhas costas. Ela já havia aberto o vinho e bebido um pouco.

Caminhei até próximo a janela e visualizei o belo mar de São Conrado à nossa frente. Era um belo bairro e eu gostava bastante dali. A noite estava quente, mas, ao mesmo tempo, a brisa do mar abrandava o calor que emanava do solo, trazendo o aconchego que precisávamos.

Virei-me e a olhei, de pé, me encarando e com o nervosismo latente em seu rosto, o que me fez sorrir.

– Como está, Carla?! – Perguntei, tentando ser simpática e quebrar aquele clima um pouco... digamos, tenso.

– Estou bem... e você, Atena?! – Ela respondeu e sua voz saiu carregada de inquietação.

– Bem também. – Respondi me aproximando dela, que respirava pesadamente. – Você... parece nervosa. Algum problema?! – Questionei, vendo como ela se remexia e sorria, olhando em volta.

– Um pouco. – Respondeu me olhando de relance. – Mas não tem problema algum.

– Hmm... Primeira vez que faz algo assim?!

Ao ouvir minha pergunta, Carla sorriu sem graça, deslizando as mãos pelos cabelos e, passando ao meu lado, indo até sua taça de vinho, que estava sobre a mesa próximo as janelas.

tão na cara assim?! – Perguntou, pegando a taça e bebendo do vinho rapidamente, deixando a taça seca e se servindo de mais, o que me fez sorrir.

– Não precisa fazer nada, se não quiser. – Falei simples, me aproximando dela e a olhando atentamente, enquanto ela bebia mais um pouco do vinho. – Só não exagera no vinho... não vai ser bom a ressaca que ele vai te proporcionar amanhã.

Carla me olhou e suspirou pesadamente, se virando para a janela e fitando o mar lá fora. Enquanto ela fazia isso, servi um pouco do vinho na outra taça para mim.

Tenho uma regra no meu trabalho: não costumo beber nada se não conhecer o cliente há um bom tempo e confiar o mínimo que seja nele, ou que tenha sido trazido e servido por mim. Sei que, por fazer o que faço, posso passar por situações muito complicadas se deixar minha guarda baixa, por isso evito álcool, porém, nesse caso em específico, essa mulher precisa relaxar de alguma forma e acho que me servir de um pouco do que ela bebe vai ajudar.

– A você! – Falei erguendo a taça, chamando sua atenção e bebendo do líquido vermelho sangue. Era um belo vinho. – Quer conversar?! – Perguntei depois de degustar a bebida, o que a fez sorrir de lado.

– Sobre o que falaríamos?! – Perguntou incrédula, balançando a cabeça em negação.

– Sobre o que você quiser falar. – Respondi me aproximando dela. – Afinal... já que você está nervosa e não sabe o que quer fazer...

– Eu sei o que quero fazer! – Carla retrucou, me cortando.

– Sabe?! – Questionei me afastando e indo até minha bolsa. O clima estava estranho, mas acho que poderia resolver isso de alguma forma.

– Claro que sei! – Ela respondeu ainda de costas, sem me encarar.

Coloquei a taça sobre a mesa de cabeceira, abri minha bolsa e peguei meu celular, abrindo o reprodutor de música e colocando para tocar uma sequência que eu usava de vez em quando, em um volume propício, que não chamasse a atenção dos hóspedes e também não atrapalhasse o momento. Sempre achei a melodia dessas músicas o suficiente para criar um clima interessante e, digo sem dúvidas, aquele instante precisava disso.

Refém do Desejo (Romance Lésbico)Onde histórias criam vida. Descubra agora