Refém do Desejo (Romance Lésbico)

Capítulo 13

Carla

– A hora está chegando. – Sussurro olhando pela janela de meu escritório.

Finalmente a sexta-feira havia dado as caras nesta semana. Eu nunca senti que os dias corriam tão lentamente o quanto senti dessa vez, porém, finalmente o tão sonhado dia, o tão esperado momento, estava prestes a acontecer.

Eu me sentia nervosa?! Sim! Me sentia. Mas, ao mesmo tempo, eu me sentia ansiosa, excitada e expectante.

Era uma sensação como se eu tivesse voltado no tempo, me transformando novamente numa adolescente, prestes a fazer algo proibido, algo que, se fosse descoberto poderia me causar problemas, mas, na mesma intensidade, era mais tentador só pelo fato de não poder fazer.

As 21:00 eu tinha um compromisso importante e eram 17:40. Eu tinha tempo, mas, simultaneamente, sentia que não tinha tempo algum.

Gustavo me ligou o dia inteiro, querendo me convidar para sairmos hoje, mas ignorei todas as tentativas, dando a desculpa que tinha muita coisa para fazer e não tinha tempo e também pedindo para ele me deixar sozinha em casa, pois estava sem cabeça para estar na presença de ninguém. Sabia todos os problemas que teria com ele, mas não queria pensar nisso... não hoje.

Fui para casa cedo, não queria me atrasar.

O que vestir para um momento como esse? Como agir? O que fazer exatamente?... Eu tinha muitas dúvidas, mas não podia deslizar nelas.

Um vestido preto, costas de fora e que ia até o meio das coxas. Sandálias de salto... maquiagem que destacavam meus olhos, mas nada pesado. Cabelos soltos e alguns acessórios. Estava pronta muito mais cedo do que eu precisaria estar.

Saí de casa e sentia minhas mãos suando frio, minhas pernas não paravam de balançar... a ansiedade já me dominava. Quando cheguei ao hotel em que havíamos marcado e que já tinha sido reservado, na Zona Sul, fui atendida de maneira muito profissional. Sentia no olhar daquele homem que ele sabia o que eu estava fazendo ali, mas, em nenhum momento, senti algum julgamento.

"Ela sugeriu este lugar... será que vem muito aqui?" perguntei-me já no elevador, seguindo para a suíte 803.

Eram ainda 20:25 quando abrir aquela porta e acendi as luzes. Não era nada diferente do que eu já havia visto em outros hotéis por aí. Uma cama, TV, bar, vista para o mar, banheiro com chuveiro e banheira... ou seja, nada fora do comum.

Caminhei ouvindo o som dos meus saltos em contato com o piso, deixando meus olhos pousarem por cada detalhe. Segui para o "bar" e, ao abri-lo, percebi que havia uma garrafa de vinho disponível, com duas taças.

– Ela solicitou isso?! – Questionei-me, pegando a garrafa de vinho chileno e a abrindo, despejando um pouco na taça e bebendo em seguida. "Precisava me desprender".

Enquanto bebia, criava mil e uma teorias em minha cabeça. Imagens, fantasias, paradoxos, etc, etc, etc. Acho que fiquei tão absorvida e as taças de vinho me relaxaram tanto que nem vi a hora passar e, quando dei por mim, ouvi dois toques leves à porta, me fazendo voltar de meu transe e me virar para olhar naquela direção.

Respirei fundo algumas vezes e caminhei, a passos ansiosos e nervosos, até ela, abrindo e visualizando a imagem da pessoa que estava me tirando do prumo há dias, ali, sorrindo para mim de uma maneira pícara.

– Olá! – Falou sorrindo provocante e me fazendo engolir em seco.

– Boa noite. – Respondi deixando meus olhos passearem por aquela figura, tão linda e deslumbrante, envolta no tecido de seu vestido vermelho. "Cor de sangue e pecado!"

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Núbia

Minha semana foi bem corrida, mas, felizmente, estamos na sexta-feira e eu consegui resolver todas as minhas obrigações.

Apesar de já me considerar de férias, precisei ir a faculdade todos os dias, pois, além de precisar renovar minha matrícula para o próximo semestre, tivemos "aulas" com alguns professores, mas, felizmente, todas elas terminavam mais cedo, me permitindo ir para casa antes de ir para o estágio.

Falando em estágio, estou me sentindo muito feliz com meu trabalho junto a Drª Regina. Ela, como eu tinha pensado, é maravilhosa – não só na aparência. Ela é decidida, forte, profissional, eficiente e um tornado em sua área. Estou muito feliz com ela, sendo sua assistente, e espero absorver muito de seu conhecimento... além de outras coisas, se me entendem bem.

Flávio é outro que é um amor. Depois que saímos na quarta-feira para um happy hour e ele me contar um pouco sobre sua vida, nos aproximamos bastante, almoçando juntos, vamos embora juntos, etc. Espero poder tê-lo como meu amigo logo, tanto no ambiente de trabalho como para vida, e para sempre.

Enfim... essa foi, basicamente falando, minha semana na faculdade e no estágio, porém, como minha vida não é um mar de rosas, cá estou eu, em pleno início de final de semana, indo a caminho de mais um "trabalho". "Pelo menos dessa vez é com uma mulher".

No táxi, com meu amigo que sempre me leva e traz desses afazeres, sigo pensando em como poderá ser essa noite. Às vezes, muitas aliás, me pergunto como seria se eu tivesse tido a vida que me foi "prometida" desde que nasci.

Bem provável que estaria fazendo minha faculdade, já focando em trabalhar em um escritório tão bom quanto o da Drª Regina. Não tendo que suar para pagar minhas contas e vivendo como qualquer outra universitária qualquer, só pensando em tirar boas notas, indo em festas, me matando de estudar e namorando bastante... O problema é que não foi assim e a culpa não foi minha, mas, eu paguei por essa culpa.

Cheguei no hotel e já me encaminhei para o andar e o quarto que havia reservado. Não precisava de muita burocracia, tendo em vista que eu já era conhecida ali, infelizmente.

Subi e, assim que parei na frente da porta da suíte, ajeitei meu vestido e passei as mãos pelos cabelos, os ajeitando. "Hora do show."

Toquei duas vezes à porta e esperei. Primeiro o silêncio, mas logo ouvi passos receosos ecoando lá de dentro e o barulho da porta sendo destrancada. Quando a porta se abriu, me deparei com uma das mulheres mais lindas que já havia visto algum dia. Se Regina mexeu comigo pelo porte altivo, essa mulher, mesmo emanando nervosismo, não ficou para trás, pois tinha um porte tão, ou até mais feroz, que a minha chefe.

Cabelos negros, olhos tão azuis quanto um mar cristalino, boca em um tom vermelho leve, mas que ressaltava seus lábios, vestido negro pegado ao corpo, deixando bem claro as curvas que lhe faziam presente e exalando elegância por todos os poros.

Sorri diante de tamanho desafio.

– Olá.

– Boa noite. – Ela respondeu, engolindo em seco e deixando seus olhos passearem por mim.

"Parece que será mais interessante do que eu imaginava" pensei, entrando em passos lentos e já me sentindo extasiada.

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Bom dia!

Sim, estou enrolando :D ... mas logo vou chegar onde vocês querem...

Talvez, sexta-feira que vem?! 3:)