Capítulo 26

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Carla

Aquele caminho eu conhecia de cor e salteado, porém, não sei ao certo o motivo, há anos que não pisava naquele lugar.

Um pouco antes de chegar a Teresópolis, próximo a uma região de mata, ar fresco, clima adorável e, o principal, silêncio, privacidade e paz. Tudo que eu estava precisando nestes últimos dias e, vamos combinar, estando bem acompanhada, isso melhora exorbitantemente.

- Hmm... - Atena gemeu baixinho, se esticando no banco ao meu lado. Um pouco mais de 30 min de viagem e ela já estava adormecida. Seu jeitinho dormindo, devo admitir, era bonitinho.

- Acordou, preguiçosa?! - Falei debochada, vendo como ela abria um sorriso e passava a mão pelo rosto, se ajeitando no assento.

- Já chegamos?! - Perguntou olhando pela janela. "Corajosa! Dormir dessa forma na companhia de alguém, indo para um lugar que não faz ideia de onde seja" pensei, rindo de lado.

- Estamos chegando. - Respondi, entrando por uma estrada ao lado da rodovia estadual, que nos levaria até a casa de campo que pertencia a minha mãe.

- Onde estamos?! - Perguntou, passando as mãos pelos cabelos e os prendendo um rabo de cavalo desajeitado. - Já escureceu... espero que não esteja me levando para me esquartejar. - Comentou, me olhando de lado e rindo de forma debochada, o que me arrancou uma gargalhada.

- Não tenho esse espírito psicopata... - Retruquei, me virando para olhá-la. - Para sua sorte. - Pisquei, vendo como ela sorria.

- Eu sei que não... se tivesse já teria me matado, do jeito que eu "te trato". - Ela contrapôs, recalcando a palavra e me fazendo rir.

Seguimos pelo caminho e, não demorou, já consegui ver a construção a nossa frente. Casa grande, moderna, com outra menor ao lado, porém, nem por isso menos charmosa.

De soslaio, observei como Atena sorria encantada com aquela construção, perdida no meio daquele "matagal", exalando ostentação e, ao mesmo tempo, aconchego. "Essa reação me agrada". Segui pelo caminho e entrei, estacionando logo em frente a grande casa, que, felizmente, parecia vazia, apesar de estar com as luzes exteriores acessas.

- Uau! - Ela exclamou enquanto eu puxava o freio de mão e retirava o cinto de segurança. - Essa casa é sua?

- Da família. - Respondi observando suas reações, seus olhares. - Na verdade é da minha mãe, era da minha avó materna, que faleceu e deixou para minha mãe... mas ela gosta de dizer que é da família. - Falei, abrindo minha porta. - Vamos?

Assim que me ouviu, Atena balançou a cabeça positivamente e também retirou o cinto e abriu sua porta, saindo do carro e foi caminhando lentamente até a frente da casa, a detalhando.

- Está vazia... teremos ela só para nós duas durante o final de semana inteiro. - Comentei, indo até o porta-malas do meu carro e já começando a retirar de lá todas as coisas que havia trazido, entre minha bagagem e algumas compras que fiz para esses dias.

- Veja isso! - Ela exclamou se virando para mim. - Pensou em tudo, hein?! Deixou até a casa vazia. - Piscou em minha direção, e eu sorri.

- Deixa disso e me ajuda aqui.

Atena caminhou até mim, ainda rindo de forma debochada, e, antes de pegar uma sacola sequer, segurou em meu rosto e me deu um beijo lento, mas nem por isso menos provocante. Seus lábios sedosos se encaixaram aos meus de uma forma perfeita, era como... não sei explicar, acho que uma nuvem macia?! Nunca beijei uma nuvem, mas, se algum dia tiver a "oportunidade" creio que será essa a sensação. Sua língua doce, atrevida, enfeitiçante, acariciou a minha de uma forma quente, me fazendo estremecer dos pés até a cabeça e, para finalizar, olhando em meus olhos, uma mordida no meu lábio inferior, deixando aquele gostinho de quero mais, de insaciável no ar.

Refém do Desejo (Romance Lésbico)Onde histórias criam vida. Descubra agora