Capítulo 32

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Carla

Estávamos naquele pub, bebendo, envoltas em provocações e "brincadeiras".

Os olhos de Núbia, seu sorriso de lado, as leves mordidas no lábio inferior. A forma como ela levava a taça aos lábios e sorvia a bebida, ora cerrando levemente os olhos, ora com eles focavam em mim como num desafio velado.

Provocadora como ela só. Percebi quando, de uma maneira arteira, seu pé tocou minha perna por debaixo da mesa, subindo em um roçar quase que do meu pé até minha coxa. "Logo hoje que dispensei a meia-calça". Seu sorriso peralta e meu autocontrole estavam em uma conexão incontestável, até porque, se não me controlasse, teria feito uma loucura com ela, jogando seu corpo sobre a mesa que nos separava e lhe tomado ali mesmo, com plateia e tudo.

A música calma tocada pela banda só servia para aumentar o clima entre nós, o desejo, a vontade de cometer loucuras. Engraçado como que com ela tudo era fácil, como eu não tinha medo de me expor.

– Se continuar me provocando assim, posso acabar fazendo uma loucura aqui. – Falei bebendo do meu uísque. Tinha enjoado do dry e quis diversificar.

– Hmmm... será que seu amigo ia gostar de um show novo em seu estabelecimento?! – Perguntou, enquanto, diabolicamente, deixava seu pé afundar entre minhas pernas, aproveitando o fato de eu estar de saia social, o que me provoca um suspiro pesado.

– Acho que ele iria se assustar, mas, provavelmente, adoraria diversificar nas atrações. – Respondo, levando minha mão apressadamente entre minhas pernas e segurando firmemente seu pé, que já roçava minha calcinha. – Mas não sei se isso ia ser bom para minha reputação.

– Eu não me importo em manchar sua reputação, minha cara... – Voltou a beber de sua bebida. – Aliás, adoraria ver sua desenvoltura em uma situação como essa. – Passou a língua nos lábios, o que me fez sorrir e desviar o olhar.

Neste momento, percebi como a música no palco finalizou, dando lugar ao "som mecânico" do lugar, parecia uma pausa.

Olhei ao redor e Sandro, como eu imaginava, se encaminhou em nossa direção, para me cumprimentar.

– Boa noite, Carla! Como está?! – Falou assim que alcançou nossa mesa, me dando dois beijos no rosto, foi momento suficiente para Núbia tirar seu pé do meu agarre e voltar a sua posição inicial.

– Olá, Sandro. Estou bem e você? – Perguntei simpática, enquanto Núbia observava nossa interação atentamente.

– Estou cansado! – Falou de forma espalhafatosa. Sandro era o típico "hétero" afeminado. Se dizia bissexual, mas eu tinha ciência que ele, do seu jeito e maneira, tinha muito mais "rabos de saia atrás de si do que calças". – Trabalhar e cuidar do bar está me matando aos poucos... – Disse, dando uma golada em seu copo de uísque. – Às vezes penso em jogar tudo pro alto e viver uma vida errante por aí. – Completou, me fazendo rir.

Notei como seus olhos caíram sobre Núbia e um sorriso de lado surgir nos lábios de ambos. Ela é linda e ele também é um homem atraente.

– Mas me diga... – Falou, estendendo a mão, que foi estreitada pela de Núbia, que Sandro, muito charmosamente, levou aos lábios depositando um beijo em seu dorso. – Quem é sua acompanhante? – Questionou, curioso, me fitando de soslaio.

– Creio que ela mesma pode se apresentar, não é?! – Joguei para ela, que sorriu, liberando sua mão e, com a mesma, segurando sua taça.

– É um prazer, Sandro... me chamo Núbia. – Ela respondeu, levando a bebida aos lábios e me deixando abismada. "Imaginei que fosse usar o outro nome... enfim" pensei, desprendendo importância.

Refém do Desejo (Romance Lésbico)Onde histórias criam vida. Descubra agora