Refém do Desejo (Romance Lésbico)

Capítulo 18

Núbia

– Finalmente, férias! – Exclamei, me despreguiçando ao sair do prédio da faculdade acompanhada de Patrícia, que não escondia a euforia por ter conseguido, mesmo raspando, passar em todas as matérias.

– Nem me fala! Pensei que fosse ficar em Direito Internacional Privado... mas consegui passar em tudo. – Falou "emocionada".

– Fico feliz por você.

– Obrigada! – Agradeceu com um sorriso de orelha a orelha.

Havíamos ido na faculdade só para pegar as últimas provas e também ver quem havia aprovado ou não, porém, só Patrícia tinha dúvidas mesmo, pois, depois de tanto estudar eu sabia que havia aprovado em tudo.

Eu estava ansiosa para terminar logo e conseguir focar exclusivamente no estágio, que estava enriquecendo muito meus conhecimentos práticos sobre a profissão que eu havia escolhido para mim.

Caminhávamos conversando sobre banalidades, quando o celular de Patrícia soou, anunciando uma mensagem e, logo que ela leu, abriu um sorriso maior ainda, me fazendo saber rapidamente de quem era. Ela e Miguel, demoraram para se acertarem, mas, agora que conseguiram, viviam um romance parecido com aqueles de série adolescente.

– Vocês formam um casalzinho tão fofo, sabia?! – Falei chamando a atenção dela. – Daqueles que dá vontade de vomitar quando vemos. – Brinquei, fazendo o movimento de enfiar o dedo na garganta e fingir náuseas.

– Você tá com inveja. – Patrícia retrucou, me dando língua. – Ahhh... como eu demorei pra dar bola pra ele, hein?! Gente! Miguel é um sonho. – Completou, suspirando.

– Demorou porque vocês são lerdos. – Retruquei exagerando a palavra e ganhando um tapinha no ombro. "Se não fosse por mim, ainda estariam perdendo tempo".

– Para! – Patrícia falou rindo. – Mas, enfim... estou feliz com ele e com saudades. – Completou, fazendo biquinho.

– Aí... que grude! – Exclamei fazendo careta e levando um empurrão de leve no ombro.

Miguel havia faltado à aula, pois estava ajudando o pai, que tinha uma pequena empresa de entregas, em uma viagem para uma cidade do interior. Não era de se espantar sua "falta", afinal, sendo o melhor estudante do curso, era claro que ele havia conseguido boas notas.

– Mas, me fala. – Patrícia chamou minha atenção, enquanto caminhávamos para o metrô. – Como está indo no estágio?

– Perfeitooooo. – Respondi exageradamente. – Nossa! Está sendo puxado, mas muito enriquecedor para mim. A Drª Regina é excelente... uma advogada exigente, mas muito compreensível e amigável. – Expliquei.

– Meu pai me falou sobre ela... segundo ele, ela é a "engolidora". – Falou rindo e me fazendo sorrir também.

Regina tinha a fama de ser uma mulher muito "agressiva" em seu trabalho como advogada. Não no sentido pejorativo ou literal da palavra, mas sim por, raramente perder seus casos e de seus clientes, além de, sempre ter uma abordagem em negociações incisiva e certeira. Não era atoa que seu escritório tinha como clientes uma gama grande de "peixes grandes", não só do Rio como de vários outros estados. O pai de Patrícia era Oficial de Justiça, não seria estranho ele já ter ouvido dela e de sua "fama".

– Ela é o máximo. Estou muito feliz em estar trabalhando com uma mulher como ela. – Falei sorrindo orgulhosa.

Trabalhar com Drª Regina era como realizar um sonho, não somente no aspecto de trabalhar com uma mulher elegante, linda, mas por estar ao lado de alguém que representava um futuro que eu gostaria de ter, o que busco para mim quando me formar. Sei que vou ter que ralar muito para conseguir chegar num patamar parecido com o dela, mas... sei que tenho capacidade para tal.