Capítulo Dois

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ANALU RAMALHO
Rio de Janeiro.

Caraca, não consigo acreditar que eu realmente passei em Medicina, foi tão surreal a sensação que eu senti quando li que estava selecionada na chamada regular da minha primeira opção de curso, e mais, em segundo lugar.

— Ainda não acredito que você vai embora também. — minha mãe fala me ajudando a por as roupas na mala.

— É dona Marília, vou desejar sorte pro meu pai te aturar. — tiro uma com a sua cara e em troca, recebo um tapa no braço. — Sabe mãe, também não consigo acreditar que estou indo embora, ainda mais pra cursar Medicina em uma das melhores universidades públicas de São Paulo.

— Analu, eu reconheço todo o seu esforço. — olho de relance para ela que já estava com os olhos marejados, sempre tão sentimental. — Sempre foi dedica na escola, notas boas, nunca faltou um dia sequer.. lembra que você chorava sempre quando precisava faltar a aula? — pergunta rindo e eu entro na onda, ótimos tempos. — Vem cá, senta aqui, depois terminamos de arrumar sua mala. Vamos conversar agora, porque amanhã com certeza só vou saber chorar. — me sento ao seu lado na cama. — Não tive tempo de falar tudo quando o resultado da sua vaga saiu, ficamos tão felizes e preocupados em comemorar que eu esqueci de te parabenizar da forma correta.

— Mãe..

— Só me ouve, ok? — assinto me calando. — Eu tenho muito orgulho de você filha, nossa, você não sabe o quão orgulhosa eu fico de você a cada dia que passa. Depois que concluiu o ensino médio, eu acompanhei de pertinho seu empenho nesses dois últimos anos de cursinho pré vestibular, você estava somente focada em uma coisa: conseguir uma vaga em Medicina na UNIFESP, sua vida praticamente se voltou para isso e me enchia e enche ainda, de orgulho, sabe o por que? — nego, já com o choro preso na garganta. — Porque esse era o seu sonho e por mais difícil que fosse, você não desistiu, enfrentou todos os obstáculos e pedras no meio do caminho para conseguir realizá-lo, e olha onde você chegou agora, Analu. — sorri, enquanto seu rosto já se desmanchava em lágrimas. — Só quero te pedir uma coisa, uma única coisa.

— O que? — pergunto com a voz embargada.

— A sua vida agora será outra, irá conhecer pessoas novas, fazer amizades novas e talvez até irá conhecer o meu futuro genro. — brinca e eu reviro os olhos rindo. — O meu pedido é que você nunca perca a sua essência, ok? Nunca deixe de ser essa menina mulher alegre, sorridente, que contagia todos com o seu jeito de levar a vida. Jamais, em hipótese alguma, deixe que seu brilho se apague por causa de pessoas que não valem a pena e situações que não merecem o seu desgate, você é luz Analu e assim como o sol, você nunca pode parar de brilhar.

Não consigo expressar verbalmente o efeito que as palavras da minha mãe acabaram de causar em mim, enquanto eu já chorava feito uma criança a puxo para um abraço, sentindo meu coração se apertar ao lembrar a saudade que vou sentir de abraçá-la todos os dias.

(...)

— Sua mãe sempre foi uma fofa, né? — Isabella, minha melhor amiga, fala do outro lado da tela do meu celular.

— Minha mãe é um anjo, Isa. — sorrio. — Vou sentir muita falta dela e do meu pai — suspiro.

— Mas em compensação irá matar a saudade que sente por mim e pelo chato do Arthur. — revira os olhos ao citar o nome do meu irmão.

Isabella e eu somos melhores amigas desde que me entendo por gente, sempre éramos nós duas em tudo, porém, nossas vidas tomaram rumos diferentes assim que finalizamos o colegial, ela passou em Letras na FFLCH-USP enquanto eu, iniciava o cursinho pré vestibular. Ela e o meu irmão nunca se deram muito bem, já da pra imaginar como deve ser os dois morando no mesmo apartamento, né?

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