Capítulo Quatorze

1.4K 122 100
                                    

ANALU RAMALHO
São Paulo.
1 semana depois, 23 de Março.
Sexta-feira.

— Filha, não quero essa viagem atrapalhe vocês. — minha mãe fala do outro lado da linha.

— Mãe, vou falar mais uma vez, ir visitar você e o papai não vai nos atrapalhar.

— Tem certeza? Arthur trabalha e você fica o dia inteiro na faculdade.

— Arthur pediu folga na segunda-feira e eu não vou ter aula. — minha mãe suspira. — Não quer que vamos aí?

— É claro que eu quero.

— Então qual o problema? — pergunto e ela fica em silêncio. — É por causa do câncer né?

— Não quero que vocês venham para cá só porque estou doente, combinamos que vocês viriam apenas nos feriados.

— Isso antes do seu diagnóstico de leucemia mãe, queremos ficar perto da senhora sempre que der.

— Eu sei filha, mas não acham que..

— Mas nada mãe, vamos sair hoje às oito horas e esse assunto está encerrado! Preciso desligar, tenho que terminar de arrumar a minha bolsa, quando sairmos daqui te mando uma mensagem, beijos, eu te amo.

— Eu te amo, filha.

— Tchau, mãe. — falo e encerro a chamada.

Solto um suspiro pesado, enquanto colocava o meu celular sobre a cama. Termino de arrumar a minha bolsa, colocando apenas o essencial que eu iria precisar. Havia combinado com Arthur e Isabella que vamos sair daqui as oito horas da noite, olho no meu relógio de pulso e já marcava quinze para seis e nada dos dois estarem em casa.

Larissa ficou a semana inteira fora, provavelmente está com o Bernardo o que me preocupa a beça também, não confio nele. Matheus? Bom, estou evitando ele desde o que aconteceu na praia, vez ou outra ele tentou puxar assunto comigo mas eu era curta e sempre fugia dele.

— Analu, me ajuda aqui! — ouço Isabella me chamar, giro meus pés e caminho até a porta do meu quarto saindo por ela logo em seguida.

— Não acredito que você deixou pra fazer compra logo hoje, Isabella. — reviro olhos indo em sua direção.

— Ontem não deu tempo e é a minha vez de fazer a despesa. — bufa e eu pego algumas sacolas da sua mão. — Seu irmão já chegou? — pergunta enquanto íamos para a cozinha.

— Provavelmente ele foi levar o carro na oficina pra ver se está tudo em ordem antes de irmos. — coloco as sacolas em cima da mesa. — Vai tomar um banho que eu guardo essas coisas, Arthur é pontual e você ainda nem arrumou a sua bolsa.

— Já disse que eu te amo e você é a melhor amiga desse mundo? — me abraça.

— Nem precisa, eu já sei mesmo. — me gabo e ela ri. — Vai Isabella, não enrola! — a empurro para o lado e ela me dá a língua antes de sair da cozinha.

— Quer ajuda? — Matheus pergunta.

— Não precisa. — respondo sem o encarar.

— Que ótimo, vou te ajudar. — reviro os olhos. — Guarda as coisas da geladeira, que eu guardo o resto. — fala e eu apenas concordo com a cabeça.

Olho de relance e observo Matheus se aproximar, tento não deixar evidente o meu nervosismo e começo a pegar os alimentos que ficam na geladeira e os guardo em silêncio.

— Que horas vamos para o Rio? — o encaro imediatamente após fechar a geladeira.

— Como assim "vamos"?

Meu Melhor LugarOnde histórias criam vida. Descubra agora