Capítulo Vinte e Quatro

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MATHEUS PALHARES
São Paulo. — Sábado, 14 de Abril.

Agradeço por ser sábado e não ter a obrigação de ir pra faculdade ou trabalho, porra cada dia que passa fica mais difícil de conciliar os dois, essa rotina tá me deixando cansado pra caralho. Depois de ter feito uma corrida matinal resolvi dar uma passada na casa dos meus pais para ver a minha mãe, que segundo ela esqueci da sua existência, estávamos trocando maior papo e eu acabei contando pra ela da loucura que o meu primo tá fazendo aqui em São Paulo.

— Você sabe que se a sua tia descobrir ela vai colocar toda a culpa em você né?

— Eles já me consideram a ovelha negra da família mesmo. — ergo os ombros. — Sem contar que o Rian já é maior de idade, ele pode fazer o que bem entender da vida dele.

— Mas você conhece bem como a sua tia Sara é. — minha mãe fala e reviro os olhos.

— Óbvio que sei, ela é igualzinha ao meu pai. — falo com deboche e minha mãe me repreende com o olhar. — Você sabe que estou falando a verdade, mãe. Tia Sara e meu pai são iguais em querer controlar o futuro dos filhos, só que diferente do Rian eu sempre bati de frente e ele só foi abrir os olhos agora.

— Eu só digo que quando sua tia descobrir que o Rian está em São Paulo não por causa do trabalho de "blogueirinho" dele, ela vai surtar e seu pai vai dar razão a ela caso você leve a culpa toda.

— Nego até o último minuto que não sabia de nada. — pisco e minha nega com a cabeça enquanto ria. — Como estão as coisas por aqui, é difícil demais aturar meu pai sozinha?

— Para com isso, Matheus. — me dá um tapa no braço. — Estão do mesmo jeito de sempre filho, seu pai vive enfiado na empresa ou no escritório aqui dentro de casa.

— Mas eu quero saber de você, mãe.

— Eu estou bem meu filho, nada de muito interessante para te contar. — força um sorriso e eu semicerro os olhos em seus direção. — Nada com o que precise se preocupar.

— Sei bem quando tem algo te incomodando dona Eva.

— Eu tô cansada de ficar somente aqui em São Paulo, estou com saudades da minha família. Queria ir visitar eles no interior de Minas, mas fora de cogitação.

— E o que te impede de ir visitar eles? — minha mãe fica em silêncio. — É a sua família dona Eva, meu pai não tem que te proibir de ir vê-los só porque não se dá bem com eles.

— Mas você conhece o seu pai, Matheus. — suspira cansada. — Toda vez que tento tocar no assunto, a gente sempre discute feio.

— Onde ele está agora?

— No escritório dele. — levanto da cadeira. — Onde você vai, Matheus? Não quero que vocês dois briguem por minha causa.

— Nós dois brigamos por causa de tudo, mãe. — falo antes de deixar ela sozinha na cozinha e ir em direção ao escritório do meu pai.

A família da minha mãe nunca aceitou o fato dela ter casado com o meu pai, porque desde muito novo ele sempre foi um homem arrogante e egocêntrico. Diferente do meu pai, minha mãe não nasceu em berço de ouro, vem de uma família muito humilde e que se contenta com o pouco que tem e meu pai sempre os tratava com indiferença, como se fossem inferiores a ele.

Sei que tudo isso mexe muito com a minha mãe, o fato da sua família não se dar bem com o homem que ama, afinal quem não ficaria mexido com isso? Mas meu pai querer proibir a minha mãe de ir visitar eles só porque não se dão bem, é inaceitável e eu não vou ficar calado enquanto sei que a minha mãe está triste por dentro.

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