Meu Melhor Lugar

Capítulo Dez

MATHEUS PALHARES
Praia Grande, São Paulo.
03:30PM.

Olho de relance para Analu e a vejo com a cabeça encostada no vidro da janela, ela parecia estar longe e distante, provavelmente está tentando assimilar a notícia que recebeu de sua mãe.

— Estamos quase chegando. — quebro o silêncio que estava dentro do veículo.

— Onde estamos?

— Praia Grande. — respondo de maneira simples e ela apenas concorda.

Dirijo por mais alguns minutos até encontrar a a praia mais tranquila de toda a cidade, onde raramente se tem pessoas andando para lá e para cá, local perfeito para refletir e relaxar.

— Matheus.. — Analu me chama com a voz embargada. — Acho que não quero descer do carro, a praia me lembra..

— A sua mãe? — Analu assente com os olhos marejados. — A sua sorte é que ela está viva, a praia me lembra alguém que eu tenho certeza que nunca mais irei ver.

— Desculpa. — sussurra. — Eu não queria parecer..

— Relaxa. — corto a sua fala. — Não te trouxe apenas para se distrair, antes de tudo você precisa por para fora tudo o que está sentindo aí dentro.

— Eu não sei se consigo.. você sabe. — me encara nos olhos e eu sinto os pelos do meu corpo se arrepiarem.

— Sei que começamos com o pé esquerdo. — falo ignorando a sensação que senti. — Mas se você deixar, posso te mostrar que sou um bom ouvinte e conselheiro.

Analu me encara por alguns segundos, sei que não sou a melhor pessoa para ela desabafar já que logo quando nos conhecemos não a tratei muito bem. Mas o que ela está passando agora, eu já passei antes e eu sei exatamente o que fazer em um momento como esse.

— Tudo bem. — tira o cinto de segurança. — Se você falar uma merda que seja, roubo a chave do seu carro e te deixo aqui. — me encara e eu sorrio.

— Se eu falar uma merda que seja, eu mesmo te entrego a chave do meu carro. — pisco e ela revira os olhos rindo.

Tiro o cinto de segurança e abro a porta do carro saindo para fora, espero Analu fazer o mesmo para eu poder travar o veículo. Feito isso, dou meia volta parando ao lado da morena.

— Vou te mostrar a beleza de uma praia no litoral paulista. — estico a mão para ela e a vejo fazer uma careta.

— Você está estranho hoje. — fala entrelaçando seus dedos nos meus. — Se alguém ver, vão pensar que somos um casal.

— Você liga para o que outros pensam? — falo nos guiando para a areia da praia.

— Eu não, mas você sim.

— De onde você tirou isso?

— A sua personalidade diz tudo sobre você. — ergue os ombros. — Geralmente pessoas frias tende a se importar demais com que os outros pensam.

— Eu não sou uma pessoa fria.

— Fala sério, Matheus. — ri. — É óbvio que você é uma pessoa fria, você apenas se importa com o que os outros pensam sobre você e quando se trata do próximo você simplesmente taca o fodase.