Capítulo 8

226 15 3
                                    

 CAUÃ

Enzo me encara com um olhar que não sei explicar, talvez nojo, talvez decepção. Fico constrangido mas aliviado por ter contado.

-Você não vai falar nada? Pergunto. Ele suspira.

-Uau! Diz.

-Uau? Pergunto de novo não entendendo nada.

-Eu não sei o que te dizer, cara. Enzo fala.

-Tá tudo bem, eu te entendo. Digo e me sento em sua cama.

-É sério mesmo? Enzo pergunta também se sentando.

-É...

-Eu nunca imaginaria isso. Enzo interrompe.

-Não contei antes por que não sei como eu te diria isso. Falo.

-De boas. Ele diz e sorri, o que me deixa mais aliviado.

-Mas vocês fazem isso, tipo, nunca tentaram outros tipos de trabalho...

-Enzo! Interrompo. -A gente já tentou de tudo, de tudo o que você possa imaginar. Falo. -Mas na época a gente era muito inexperiente, ninguém queria contratar a gente. E é um trabalho digno como qualquer outro, não estamos roubando. Termino de falar.

-Calma, eu sei, só fiquei sei lá. Ele diz. -Então vocês são irmãos? Pergunta.

-Não. Respondo. -Eu conheci primeiro o Diego, a gente já era garoto de programa na época, vi ele nas ruas também e ficamos amigos. Dou uma pausa pensando em tudo que já nos aconteceu. -Aí conhecemos a Ana quando ela trabalhava vendendo bombom no sinal, convidamos ela pra morar com a gente, ela aceitou, no começo foi meio difícil pra ela, mas depois ela começou e se acostumou, afinal dá mais dinheiro que vender bombom. Finalizo.

-Sei, bom cara, não julgo vocês. Ele diz e se deita na cama. Deito ao seu lado e ficamos por alguns minutos olhando pro teto em silêncio.


TIAGO

Entro na floricultura de Dandara e a vejo atender uma cliente.

-Obrigada, volte sempre. Ela diz abrindo um lindo sorriso sem notar minha presença ali.

-Você tem um sorriso lindo, sabia? Comento. Ela me olha e sorri de novo.

-Tiago, você está aí! Ela diz. Sorrio e me aproximo do balcão que ela está.

-Eu estava indo pro trabalho e decidi passar aqui primeiro. Falo.

-Ah, que bom. Ela diz.

-Como você tá? Pergunto olhando diretamente seu rosto.

-Estou ótima e você? Responde desviando seu olhar.

-Bem, mas ficaria bem melhor. Digo.

-Como assim? Não entendi. Ela diz.

-Se você aceitar meu convite pra pegar um cinema mais tarde eu ficaria bem melhor. Falo esperando uma boa resposta. Ela abre um sorriso tímido.

-Você, hein! Ela diz.

-O que é? Não posso convidar uma amiga pra ver um bom filme? Pergunto.

-Claro que você pode, eu só não esperava. Responde.

-Mas e aí, topa? Pergunto.

-Hmm...

-Vai! Por favor! Você escolhe o filme. Insisto.

-Tá bom, Tiago. Ela responde com um belo sorriso.

-Isso! Comemoro. -20:30 eu te busco aqui, ok? Falo.

MERETRÍCIOOnde histórias criam vida. Descubra agora