Capítulo 3

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 CAUÃ

Chego do mercado, abro a porta do apê, vejo Ana e Diego conversando no sofá como que sussurrando, coloco as sacolas no chão.

-Do que tão falando pra ser tão baixo assim? Pergunto.

-Cauã a gente precisa conversar com você. Ana diz em um tom sério. Fico preocupado.

-Gente, o que foi? Pergunto. -Alguém morreu ou vai morrer? Fico nervoso.

-Ai, garoto! Eu hein! Diego bate na madeira da mesinha. -Ninguém morreu não, e por enquanto ninguém vai morrer. Ele diz sério. Depois começa a rir.

-Que horror Diego. Ana rir. Me acalmo e rio.

-Do que querem falar? Pergunto me jogando no puff da sala.

-Amigo, as coisas estão meio apertadas pra a gente. Ana diz.

-É, Cauã, e a gente chegou numa conclusão de que achamos melhor alugar o quarto que tá sobrando pra alguém. Diego diz.

-O QUÊ? Me levanto. -NÃO! Nego.

-Mas a gente precisa...

-A gente dá um jeito, sei lá...

-Cara não tem como dar um jeito. Diego diz. -As contas estão apertadas pra gente, nosso trabalho tá meio fraco por causa do fim de ano, contas só chegam, aumentam cada vez mais. Diego fala me deixando pensativo.

-Ele tem razão migo, a gente fez uns cálculos e não sabemos se mês que vem vamos conseguir pagar todas as contas. Ana diz.

-Vamos vender algumas coisas que não usamos...ou sei lá, a gente começa a fazer programa de dia também. Falo. Ele não dizem nada. Começam a rir. -Do que tão rindo? Pergunto sério.

-Você ficou louco né, a gente tem a casa pra cuidar. Diego diz.

-A gente reveza. Digo.

-Não amigo, a gente precisa do nosso tempo livre, pelo amor né. Ana diz.

-Ele tem razão, não tenho cu infinito não! Diego fala.

-Qual motivo que você não quer que a gente alugue o quarto vazio? Ela pergunta.

-A gente, nossa privacidade, vivemos de boas nesse quase um ano. Falo. -Não precisamos dividir isso com nenhum estranho, não. Me sento de novo no puff.

-A gente coloca regras. Diego diz. -Precisamos desse dinheiro para dar contas das coisas Cauã, não seja egoísta. Ele diz e se levanta.

-Vou ter que concordar com ele. Ana diz.

-Tá! Tudo bem. Digo. -Mas vamos pelo menos colocar alguém da nossa faixa de idade, não quero dividir o apê com nenhum ancião, não. Digo novamente.

-Traduzindo, ele quer transar com o futuro morador. Diego diz e sai. Ana começa a rir, olho pra ela sério.

-Desculpa, migo. Ela diz e sai da sala também.


12 HORAS DEPOIS


ENZO

Termino de comer o pacote de biscoito que comprei.

-Droga. Digo vendo que era o último. Puta que pariu, vou ter ficar comendo isso até quando? Penso. Pego meu celular, olho a hora, 19:30 e ele descarrega. -Porra! Jogo no chão. Olho para o céu. Céu mais estranho, vermelho e nem tá com cara de chuva. Penso. -Será que aqui tem tomada? Me pergunto. -Com certeza, não! Falo. Pego minha mochila, me levanto e pulo o muro do parque. A rua um pouco movimentada. Começo a andar no sentido contrário de como eu cheguei aqui. Os altos prédios me chamam muito atenção. Cidadezona grande! Penso. Vou ter me virar aqui, tomar banho, comer, trabalhar...mas como? Me pergunto, o que me deixa tenso. Mais na frente vejo uma lanchonete aberta, me aproximo mais e vejo o nome grandão D&C. -O que será isso? Me pergunto. Abro a porta e entro. -Uau! Digo.

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