ENZO
Abro os olhos e sinto o corpo de alguém. Minha cabeça explode de tanta dor, sinto embrulho estômago. Minha cabeça estava no peito do Cauã, penso um pouco e me lembro do que aconteceu. Droga! Penso na merda que fiz. Me afasto tentando não fazer barulho, vejo meu celular na cama, pego para olhar as horas. 05:30 da madrugada. Me levanto, saio do quarto de Cauã, ando até meu quarto e vou até minha gaveta, coloco minhas roupas em cima de colchão e vou procurar minha mochila. Encontro no guarda-roupas, pego ela e começo pondo as roupas dentro da mochila. Pego perfume, desodorante, barbeador e escova de dente na estante e também ponho na mochila.
Não consigo parar de pensar no que rolou há alguns minutos. Cauã chupando meu pau. Que merda eu fiz! Me sinto um lixo, lembro de ter escutado ele chorar quando tentei dormir. Eu sei que toda a merda foi culpa minha. Não posso mais olhar pra cara dele sem lembrar disso. Eu sou um merda! Penso.
Fecho o zíper da minha mochila, separo uma calça jeans, uma camisa polo e um tênis para poder sair. Tento me vestir sem fazer muito barulho. Volto ao quarto de Cauã para me despedir. Vejo ele dormir tranquilamente abraçado a um travesseiro. Eu gosto muito do Cauã, muito mesmo mas não como ele gosta de mim e sinto que metade disso tudo foi culpa minha. Sinto uma dor no peito tendo que fugir dele.
Saio do quarto dele com cuidado. Ainda bem que tenho as chaves reservas do apê. Ando pela sala, tudo silencioso. Abro a porta da frente e saio. Desço as escadas rápido. Chego fora do apê. Olho pra cima me despedindo pela última vez desse lugar.
Pego o celular que pus no bolso e ligo pra Iara. Tomara que ela atenda. A minha única saída é ela, agora.
2 HORAS DEPOIS
CAUÃ
Acordo 07:30 da manhã. Olho para a minha cama e vejo que estou só. Meus olhos ainda doem devido a claridade. Depois de ter chorado boa parte da noite, me sinto bem melhor.
Enzo deve estar em seu quarto, eu também teria ido depois daquilo. Bocejo me despreguiçando e criando coragem para mais um dia. Vou me desculpar com ele e tudo ficará bem. Penso.
Me levanto da cama. Faço minhas higienes antes de tomar café da manhã. Decido primeiro comer antes de ir ver Enzo. Normalmente comemos juntos mas eu entendo seu motivo de não querer sair do quarto. Estou um pouco ansioso para falar com ele.
Depois de ter tomado café, escovo meus dentes, saio do banheiro e ando em passos rápidos até o quarto de Enzo. Sem muita cerimônia entro sem bater a porta. Enzo não está no quarto, estranho! Penso. Será que eles saiu pra ir algum lugar? Vejo o guarda-roupas entreaberto. Caminho até ele e vejo-o completamente sem nada.
Começo a estranhar um pouco. Nada, está tudo vazio, abro a outra porta e vejo que sua mochila também não está lá.
-Ahhh, não! Falo. Começo a pensar no que ele deve ter feito. Corro até meu quarto e pego meu celular. Digito seu número com pressa. Atende, atende, atende, Enzo! Penso, meus pés batem no chão agoniado. -SUA CHAMADA SERÁ ENCAMINHADA PARA A CAIXA POSTAL, DEIXE SEU RECADO. Diz a chamada. -DROGA! Encerro a chamada sem êxito. Meus olhos começam a marejar, me sento na cama aceitando a dura realidade. Ele foi embora, ele me abandonou! Eu sabia que não deveria ter feito aquilo, ontem. Minha consciência pesa. Dou vários socos no colchão como forma de me acalmar.
Eu iria me desculpar com ele, eu ia tentar recomeçar do zero com ele. Que droga, Cauã! Turbilhões de pensamentos invadem a minha cabeça. Para onde será que ele pode ter ido? Será que já voltou a sua cidade? Por que não disse nada? Deixo as lágrimas invadirem meu rosto, elas descem em grande quantidade, caindo pelo colchão. Me sinto sem chão. Eu o amava. Eu sei que foi errado ter achado que isso daria certo mas eu não consigo evitar. -TE ODEIO, ENZO! Grito para todos ouçam a dor que sinto. Eu sei onde posso encontrá-lo!
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MERETRÍCIO
RomansO que é família pra você? Existe família perfeita? Conheça a história de Enzo, um garoto de 18 anos que foge de sua casa não suportando mais viver com sua mãe drogada e seu padrasto alcoólatra. São Paulo será seu destino, a cidade grande que nunca...