Capítulo 20

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 CAUÃ

Enzo me encara, não sei decifrar seu olhar, talvez querendo me espancar ou talvez querendo rir da minha cara. Meu coração palpita muito forte, parece que vai sair pela boca. Ele se levanta e começa a andar sem dizer nada. Não entendi. Penso. Me levanto, também e o sigo.

Caminho atrás de Enzo, ele sabe que estou seguindo, por que não me parou? Me pergunto. Será que ele vai me matar, por isso deve querer que eu o siga, para que possa se livrar do meu corpo em um local mais reservado. Minha cabeça tá confusa. Não pensa merda, Cauã! Penso.

Andamos por mais 10 minutos, agora sei onde estamos indo, quer dizer, ele. No mesmo lugar que nos conhecemos, o parque. Enzo pula o pequeno muro. Não perco tempo e também logo pulo. O vejo andar até um dos bancos, ele se vira, me olha e se senta. Ando mais devagar, tenho medo do que ele tá querendo fazer. Me sento ao seu lado sem dizer nada.

-Por que me seguiu? Ele pergunta. Olho pra ele não entendendo nada.

-Achei que quisesse conversar aqui. Respondo baixo.

-Não. Diz, curto e grosso.

-Você não vai dizer nada? Pergunto indo ao ponto.

-Dizer o quê? Ele pergunta. Até parece que ele não sabe. Penso.

-Sobre o que eu disse a você. Falo um pouco chateado.

-Não tenho nada a dizer. Ele diz.

-Então...

-Cauã! Vaza! Enzo me corta. -Eu vim aqui para pensar e ficar só. Ele fala.

-Nossa. Digo. Esse cara é um babaca. Penso. Pior sou eu, por que eu gosto dele? Por quê? Milhões de pensamentos passam pela minha mente, mas nenhum com resposta.

-Não vai rolar. Enzo diz algo. Ele me olha nos olhos. Seu olhar penetra minha alma, queria que penetrasse outra coisa em mim, também. Penso.

-Por quê? Pergunto me levantando.

-Eu não sou gay. Responde.

-Você não precisa ser gay. Falo.

-Como assim? Pergunta.

-Você pode ser um bissexual. Respondo sugerindo algo malicioso. Enzo debocha.

-Eu não gosto de homens. Enzo fala. Respiro fundo e volto a me sentar ao seu lado.

-Como você pode falar isso sem nunca ter experimentado? Pergunto insistente.

-Sei lá. Responde. -Eu apenas não curto. Diz.

-Que saco! Falo. Enzo se aproxima mais de mim. Fico nervoso. Ele me puxa para um abraço. Nossa, não esperava isso dele. Penso. Aproveito para sentir seu corpo no meu, como é bom abraçá-lo. Penso.

-Você só faz isso pra tentar. Falo. Enzo rir, ahhh, sua voz é tão boa.

-Eu faço isso porque eu gosto de você. Ele fala. Desfazemos o abraço. Enzo pega nas minhas mãos e me olha com um olhar doce.

-E eu sou um estúpido por te ver de outra forma. Falo.

-É! Enzo diz rindo. Que ódio, eu te amo, garoto! Grito na minha cabeça. Você ainda vai gostar de mim, Enzo. Penso. Decido fazer uma coisa muito arriscada. Enzo ainda me olha. Me aproximo rapidamente e roubo um beijo seu. Ele fica sem reação, se afasta e se levanta irado.

-MAS QUE PORRA, CAUÃ! Grita. Me levanto rindo.

-Enzo, entenda que eu te a..

-DROGA! Sinto um murro na boca, me desequilibro e caio no chão. Minha visão fica um pouco turva, sinto gosto de ferro na boca, passo minhas mãos e vejo sangue.

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