Capítulo 13

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 ENZO

Um cara alto, moreno de voz graça entrou no meio e apartou a briga. Me afasto tentando me controlar.

-VOCÊ VAI ME PAGAR SEU VIADINHO DE MERDA. Falo exaltado, a vontade de estourar a cara dele na porrada é grande.

-SE FODE, ENZO, SEU INÚTIL! Diego tenta me ofender. -Eu vou embora aqui, mas você vai me pagar, namoradinho do Cauã. Ele provoca, ando em sua direção e o cara alto me segura.

-Olha como você fala comigo! Grito. Ele anda e mostra o dedo do meio.

-Foda-se! Diz indo embora. O cara alto começa a rir. Olho pra ele sério.

-Qual foi a graça, irmão? Pergunto.

-Mona, a senhora brigando com um viadinho como o Diego. Ele fala.

-E aí? Pergunto não gostando.

-E aí? E aí que é muito idiota, o Diego caça confusão com todo mundo. Diz. Me sento no banco que tem atrás. Ele vem e se senta ao meu lado.


RAVI

Sento ao lado do garoto, ele me parece que não é daqui, seu jeito, não sei. Acho que vou perguntar. Penso.

-Você não é daqui, né? Pergunto.

-Não. Ele responde olhando pro chão.

-De onde você é, mona? Pergunto olhando pro céu e suspiro fundo.

-Eu não sou mona. Ele fala. Fico em silêncio esperando a resposta e ignorando seu comentário. -Eu sou de Flórida Paulista. Ele diz.

-De onde? Pergunto não fazendo a menor ideia do lugar.

-É um interior. Diz.

-Ahh. Falo. -E você tá aqui a passeio, suponho...

-Não. Ele diz me interrompendo. -Eu fugi de casa e moro aqui, agora. O garoto fala com um tom um tanto melancólico.

-Nossa. Falo surpreendido. -Por que fugiu? Pergunto um tanto me intrometendo.

-Ah, cara, vários motivos. Ele responde seco. É, acho que não é o momento. Penso.

-Entendi. Falo. -Ai, ai. Me despreguiço.

-Você também é viado? Ele pergunta. Olho pra ele incrédulo com a pergunta. Ele me olha. -Que foi? Pergunta.

-Mona, eu sou complicado, mas não sou "viado". Respondo fazendo aspas.

-Como assim complicado? Ele insiste na pergunta. -Você se veste estranho e usa essas linguagens de "mona" "bicha". Ele fala. Suspiro fundo novamente pra não matar esse garoto.

-Eu sou agênero e heterossexual. Falo. Ele me olha com uma cara de que não entendeu nada.

-Não entendeu, né? Pergunto rindo. Ele rir.

-Não, foi mal. Diz.

-Calma, vou tentar ser menos complicado. Falo. -Eu gosto do sexo oposto, ou seja, meninas! Falo. -Porém, eu não tenho gênero, sou um cara que não sou nem menino, nem menina, ou seja, sou agênero, entendeu? Pergunto finalizando.

-Mais ou menos. Responde. -Entendi que é hétero, mas essa parte de não ser menino ou menina. Diz.

-É, é complicado no começo, você só precisa entender que eu não me identifico com nenhum dos dois gêneros. Digo.

-Mas você se veste como menino e menina ao mesmo tempo, é estranho. Ele diz.

-É, pra maioria das pessoas é estranho, mas roupas são só roupas pra mim. Falo.

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