Nove

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O telefone tocou. Jimin hesitou, em dúvida se deveria ou não atender. Os jornalistas não estariam mais se dando ao trabalho de ligar, já que Lisa lhe dera sua história, porém, considerando o momento, a ligação provavelmente vinha de alguém que  o conhecia, que havia acabado de ouvir seu nome na televisão e queria falar com ele, como se os seus quinze minutos de fama duvidosa o afetassem por associação. Jimin não queria conversar sobre nada naquela porcaria de lista; só queria que o assunto morresse.

Por outro lado, poderia ser Jennie, Momo ou Lisa.

No sétimo toque, ele finalmente atendeu, pronto para fingir um sotaque italiano e se passar por outra pessoa.

— Como você teve coragem de fazer isso comigo? — ralhou seu irmão, Jihyun.

Jimin piscou, tentando dar conta do assunto. Meu Deus, será que ele nunca ia superar o fato de ele ter recebido a custódia temporária do carro do pai?

— Eu não fiz nada com você. Não é minha culpa se o papai quis deixar o carro aqui. Para mim, seria muito melhor que ele estivesse contigo, pode acreditar, porque aí eu poderia estacionar dentro da minha garagem, em vez de deixar meu carro na rua.

— Não estou falando do carro! — disse, praticamente gritando. — Aquele negócio na televisão! Como você teve a coragem de fazer aquilo? Como acha que isso vai respingar em mim?

Aquela conversa estava ficando estranha. Jimin pensou rapidamente, tentando captar de que forma a Lista afetaria Jihyun, mas a única coisa em que conseguiu pensar foi que o irmão poderia, talvez, não se adequar a todos os critérios e não queria que Valerie soubesse que eles existiam. Discutir os atributos físicos do irmão não era algo que ele queria fazer.

— Tenho certeza de que Valerie não vai fazer comparações — disse Jimin da forma mais diplomática que conseguiu. — Hum, estou com uma panela no fogo, então preciso...

— Valerie? — rebateu ele. — O que ela tem a ver com qualquer coisa? Você está me dizendo que minha esposa participou desse... desse negócio de lista?

Cada vez mais estranho. Jimin coçou a cabeça.

— Acho que não entendi do que você está falando — finalmente disse ele.

— Daquele negócio na televisão!

— Como assim? Como aquilo te afeta?

— Você deu seu nome para os jornalistas! Se tivesse se casado, seu sobrenome não continuaria a ser "Park", mas, não, você tinha que continuar solteiro, com o sobrenome igual ao meu. E não é um nome muito comum, caso você não tenha notado! Pense só nas coisas que vou ouvir no trabalho por causa disso!

Aquilo era um pouco demais, até mesmo para Jihyun. Sua paranoia geralmente era menos óbvia. Jimin o amava, mas o irmão nunca havia superado de verdade sua convicção de que o mundo girava ao redor dele. Seu comportamento fora compreensível na época da escola, porque ele era alto, bonito e muito popular com as garotas, mas isso já fazia quinze anos.

— Acho que ninguém vai perceber — disse Jimin com o máximo de cuidado possível.

— Este é o seu problema; você nunca pensa antes de abrir essa boca grande...

Jimin não pensou agora; suas ações vieram naturalmente.

— Vá se danar — disse ele, e bateu o telefone no gancho.

Não era a reação mais madura que poderia ter, mas lhe trouxe satisfação.

O telefone tocou de novo. De jeito nenhum ele iria atender; pela primeira vez, Jimin desejou ter bina. Talvez fosse necessário comprar um dispositivo assim.

O homem perfeitoOnde histórias criam vida. Descubra agora