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Era como estar com a cabeça na guilhotina, pensou Jimin sombriamente na manhã seguinte. A lâmina ainda não caíra, mas era óbvio que não tardaria. O momento só dependia de quanto tempo levaria para Dawna soltar que conseguira a lista com Lisa. E, quando a identidade de Lisa fosse descoberta, ele poderia muito bem pendurar no pescoço uma plaquinha que dizia: "sou culpado".

A pobre Momo estava morta de preocupação, e, se Jimin fosse casado com Kim Heechul, também estaria. Como uma coisa que começara como uma diversão inocente entre quatro amigos se transformara em algo que poderia acabar com um casamento?

Ele não dormira bem naquela noite de novo. Tomara mais aspirinas para os músculos doloridos, ficará de molho num banho quente de banheira e, quando finalmente fora para a cama, se sentirá bem mais confortável. Mas a preocupação com aquela porcaria de artigo o deixará acordado por muito mais tempo do que estava acostumado, e o despertará antes do amanhecer. Jimin sentia um pavor imenso de receber o jornal daquela manhã e, no que se referia a ir ao trabalho, ele preferia lutar com outro bêbado. Num chão de cascalho.

Ele tomou café e ficou observando o céu clarear. Era óbvio que BooBoo já o perdoara por acordá-lo de novo, sentando ao seu lado e ronronando sempre que tinha as orelhas distraidamente acariciadas.

O que aconteceu logo em seguida não foi culpa dele. Jimin estava lavando a caneca na pia quando a luz da cozinha na casa vizinha se acendeu e Jungkook surgiu.

Ele parou de respirar. Seus pulmões entraram em pane, e ele parou de respirar.

— Meu senhor Jesus — disse Jimin, rouco, e conseguiu puxar o ar.

Ele estava vendo mais de Jungkook do que jamais imaginará que veria; estava vendo tudo, na verdade. O vizinho havia parado diante da geladeira, nu em pelo. Jimin mal teve tempo de admirar sua bunda antes de ele pegar uma caixa de suco de laranja, girando a tampa no topo e inclinando o recipiente sobre a boca enquanto se virava.

Jimin esqueceu completamente a bunda. Jungkook era mais impressionante de frente do que de costas, o que queria dizer muita coisa, porque seu traseiro era super fofo. O homem era bem-dotado.

— Meu Deus, BooBoo! — arfou ele. — Veja só aquilo!

Na verdade, todas as partes de Jungkook eram ótimas. Ele era alto, afinado na cintura, musculoso. Jimin forçou os olhos a subirem um pouco e notou que o vizinho tinha um belo peitoral. Já sabia que o rosto dele era interessante, apesar de um pouco surrado. Olhos escuros sensuais, dentes brancos e uma risada gostosa. E bem-dotado.

Jimin pressionou uma mão contra o peito. Seu coração estava mais do que acelerado; o órgão parecia querer atravessar seu esterno à base de pancadas. Outras partes do corpo também começavam a acompanhá-lo em sua animação. Em um momento de insanidade, ele considerou ir correndo até lá e se oferecer para servir de colchão para o vizinho.

Sem saber da agitação que acometia Jimin, assim como da vista enlouquecedora da casa vizinha, BooBoo continuava a lamber as patas. As prioridades do gato obviamente estavam erradas.

Jimin agarrou a bancada para não desabar no chão. Era uma sorte ele estar dando um tempo dos homens; caso contrário, haveria a possibilidade real de ter atravessado os dois quintais e batido à porta de Jungkook. Porém, apesar disso, ele ainda apreciava coisas belas, e seu vizinho era uma obra de arte, um misto de estátua grega clássica e astro de filme pornô.

Ele odiava ter de fazer aquilo, mas precisava avisá-lo de que as cortinas tinham de ser fechadas; um bom vizinho faria isso, certo? Sem afastar o olhar da janela, evitando perder qualquer momento do show, Jimin pegou o telefone, mas então parou. Não apenas porque ele não sabia o telefone dele, como também nem sabia seu sobrenome. Que belo vizinho ele era; fazia duas semanas e meia que morava ali, e ainda não se apresentara. Mas, pensando bem, se ele fosse um policial decente, já teria descoberto seu nome. É claro que ele também não se dera ao trabalho de se apresentar. Se não fosse pela Sra. Kulavich, Jimin não saberia nem que o nome do vizinho era Jungkook.

O homem perfeitoOnde histórias criam vida. Descubra agora