VINTE E NOVE

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O portão do pátio balançou. A cerca ao redor da piscina tinha dois metros de altura

— Jimin!

Era Vivi e ela parecia desvairada, balançando o portão com uma das mãos, como se isso fosse abri-lo.

— Vivi! O que houve? Aconteceu alguma coisa com Momo?

Jimin se levantou da espreguiçadeira de um salto e correu até o portão. Seu coração estava quase saindo do peito de tanto medo que sentia.

Vivi piscou, como se tivesse sido pega de surpresa pela pergunta. Seu olhar estranhamente intenso se focou em Jimin.

— Sim, aconteceu alguma coisa com Momo. — disse ela, e balançou as grades de novo. — Abra o portão.

— O que houve? Ela está bem? — Jimin parou diante do portão e fez menção de abri-lo, mas lembrou que não tinha a chave.

— Abra o portão — repetiu Vivi.

— Não posso, não tenho a chave! Vou chamar Irene...

Jimin  estava quase chorando de medo quando se virou, mas Vivi  enfiou uma das mãos entre as barras do portão e agarrou seu braço.

— Ei! — O susto afastou o medo. Jimin se soltou e virou para encarar a  mulher. — O que é...?

As palavras desapareceram em sua garganta. A mão esticada de Vivi estava cheia de sangue, e duas unhas se haviam quebrado. A mulher se pressionou contra o portão, e Jimin viu mais manchas vermelhas na camisa larga.

O instinto fez com que ele desse um passo para trás.

— Abra a porra do portão! — gritou Vivi, balançando as grades com a mão esquerda como se fosse um chimpanzé enlouquecido dentro de uma jaula. O cabelo fino e louro caiu no seu rosto.

Jimin encarou o sangue, os fios louros. Ele viu o brilho estranho nos olhos de Vivi, a expressão raivosa no rosto, e ficou gelado.

— Sua vaca assassina — sussurrou ele.

Vivi foi tão rápida quanto uma cobra dando o bote. Ela ergueu a mão direita e a impulsionou através das grades, tentando acertar a cabeça de Jimin com algo. Jimin se jogou para trás e perdeu o equilíbrio, cambaleando um pouco e caindo. Ele virou de lado antes de acertar o chão, aterrissando sobre o quadril. Cheio de adrenalina, levantou-se antes de sentir qualquer dor causada pelo impacto.

Vivi golpeou novamente. Era uma ferramenta para trocar pneus, notou Jimin. Ele se afastou ainda mais do portão e gritou: 

— Irene! Chame a polícia! Depressa!

Na espreguiçadeira, o celular começou a tocar. Jimin lançou um olhar involuntário para o aparelho ao mesmo tempo que Vivi, que, num surto de força insana, começava a bater no portão com a ferramenta. O metal tinia com o impacto dos golpes, e a fechadura cedeu.

Vivi empurrou o portão, uma expressão demoníaca tomando conta de seu rosto enquanto entrava no pátio.

— Você é um vadio — disse ela, rouca, erguendo a ferramenta. — Você é um Gay nojento e vulgar, e não merece viver.

Sem ousar desviar o olhar de Vivi, nem mesmo por um segundo, Jimin chegou um pouco para o lado, tentando colocar uma cadeira entre os dois. Ele sabia o que o sangue nas mãos e na roupa da mulher significava, sabia que Momo também tinha morrido. Todas elas se foram. Todas as suas amigas. Aquela vaca maluca as matara.

Jimin havia chegado muito para trás. Estava quase na beira da piscina. Ele rapidamente ajustou sua direção, indo para o lado oposto.

Irene saiu da casa, o rosto pálido e os olhos arregalados. Ela trazia um dos tacos de hóquei de seu marido.

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⏰ Última atualização: Dec 10, 2023 ⏰

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