Vinte e dois

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Luzes brilhavam de uma ponta a outra da rua e cabeças espiavam das portas quando Jungkook e Jimin foram falar com os policiais.

— Detetive Jeon — disse um dos homens, sorrindo. — Então, você é o homem seminu em quem não devemos atirar.

Jungkook olhou de cara feia para Jimin. Ele apertou BooBoo ainda mais.

— Você estava carregando uma arma — explicou. — Não queria que te dessem um tiro por engano.

Sadie e George Kulavich vieram do seu lado da calçada e ficaram observando as luzes que piscavam. Os dois vestiam robes por cima dos pijamas; o Sr. Kulavich calçava chinelos, mas a Sra. Kulavich colocara galochas. A mulher esticou o pescoço, depois se aproximou. Do outro lado da rua, Jimin viu a Sra. Holland sair de casa.

Jungkook suspirou.

— Eu verifiquei a casa — disse ele aos policiais. — Está tudo quebrado, mas não tem ninguém lá  dentro. Vocês assumam enquanto eu visto uma camisa.

A Sra. Kulavich tinha chegado perto o suficiente para ouvi-lo. Ela abriu um sorriso radiante.

— Por mim, não precisa — disse ela.

— Sadie! — reclamou o Sr. Kulavich.

— Ah, que bobagem, George! Eu estou velha, não morta!

— Vou te lembrar disso da próxima vez que eu assistir ao canal da Playboy — resmungou ele.

Jungkook tossiu e entrou na casa, mantendo a pistola junto à perna, para que os curiosos vizinhos idosos não a vissem e se empolgassem.

Jimin percebeu a especulação no olhar dos vizinhos enquanto o observavam. Ele apenas manteve BooBoo agarrado ao peito. Não ergueu uma das mãos para checar o cabelo, pois tinha certeza de que estava um ninho de rato. A chuva o molhara, ele passara algumas horas rolando com Jungkook na cama; os fios provavelmente estavam apontando um para cada lado. E dado o estado de seminudez do policial... pois é. Ele imaginava que a conclusão a que todos chegavam devia ser bem próxima da verdade.

Pensar nos vizinhos era mais fácil do que pensar na casa.

Depois da primeira visão horripilante da cozinha, Jimin não tinha certeza de que queria ver os outros cômodos. Aquilo, logo depois do trauma da morte de Lisa, o levara quase ao limite, então ele se concentrou em outras coisas, como a forma como a Sra. Kulavich lhe deu uma piscadela quando Jungkook voltou vestindo uma camisa de botões para dentro da calça jeans, com o distintivo preso ao cinto. Park se perguntou se ele colocara cueca.

— Você está trabalhando? — perguntou Jimin, olhando para o distintivo.

— Por que não? Já estou na cena do crime, e todos nós ficamos de plantão depois das onze.

Jimin ficou boquiaberto.

— Depois das on... que horas são?

— Quase meia-noite.

— Pobre BooBoo — disse ele, horrorizado. — Você pode tentar encontrar a comida dele e me trazer uma lata para eu alimentá-lo?

Jungkook o fitou, a expressão em seus olhos escuros dizendo que ele sabia que o outro estava evitando encarar a realidade sobre a sua casa, mas também transmitindo que compreendia.

— Tudo bem, vou trazer alguma coisa para BooBoo. — Ele olhou para a Sra. Kulavich. — Sadie, você e Eleanor podem levar Jimin para a minha casa e fazer um café?

— É claro, querido.

Ladeado pela Sra. Kulavich e a Sra. Holland, Jimin voltou para a cozinha de Jungkook. Ele soltou BooBoo e analisou seus arredores com curiosidade, já que aquela era a primeira vez que prestava atenção na casa. Antes de ele começar a se vestir, os dois não tinham se dado ao trabalho de acender as luzes, então os únicos lugares que vira foram o quarto e a sala, ambos mobiliados apenas com o básico. A cozinha, como a dele, tinha uma mesa pequena e quatro cadeiras ao redor, e o fogão devia ter uns vinte anos. A geladeira, por outro lado, parecia novinha em folha, assim como a cafeteira. Jungkook tinha as suas prioridades.

O homem perfeitoOnde histórias criam vida. Descubra agora