Dezoito

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Jimin tinha chorado tanto que seus olhos estavam quase fechados de tão inchados, Jungkook apenas o abraçou durante a primeira crise de choro, no estacionamento diante da Hammerstead; então, quando o menor conseguiu se controlar um pouco, Jeon perguntou: 

— Você consegue comer alguma coisa?

Ele negou com a cabeça.

—Não. — Sua voz soou tensa. — Preciso contar para Jennie... e Momo...

—Ainda não, meu bem. Quando você contar a elas, o prédio inteiro vai ficar sabendo; alguém vai acabar ligando para o jornal, para alguma emissora de rádio ou de televisão, e a notícia vai se espalhar. A família dela ainda não foi informada, e eles não merecem descobrir assim.

—Lisa não tinha muitos parentes. — Jimin pegou um lenço de papel da bolsa, então secou os olhos e assoou o nariz. — Tem uma irmã em Daegu, e acho que um casal de tios idosos na Ulsan. Ela só mencionava essas pessoas.

—Você sabe o nome da irmã?

—Ryujin. Não sei o sobrenome.

—Provavelmente deve estar numa agenda pela casa. Vou avisar para procurarem por uma Ryujin em Daegu.

Jungkook discou o número no celular e, com calma, passou as informações sobre a irmã de Lisa para a pessoa que atendeu.

—Preciso ir para casa — disse Jimin, encarando o para-brisa.

Ele fez menção de puxar a maçaneta da porta, mas o detetive o impediu, mantendo-o no lugar com a mão firme sobre seu ombro.

—De jeito nenhum você vai dirigir agora — disse. — Se quiser ir para casa, eu te levo.

—Mas o meu carro...

—Vai ficar aqui. Ele está num lugar seguro. Se você precisar sair de casa, eu te levo.

—Mas talvez você tenha que ir para o trabalho.

—Vou dar um jeito — disse ele. — Você não vai dirigir.

Se Jimin não estivesse tão arrasado, teria discutido, mas as lágrimas vieram de novo, e ele sabia que não seria capaz de enxergar o suficiente para dirigir. E também não podia voltar para o escritório; seria impossível encarar os colegas agora e enfrentar as perguntas inevitáveis sem desabar.

—Preciso avisar que não vou voltar para o trabalho — disse ele.

—Você consegue fazer isso, ou quer que eu ligue?

—Eu consigo — respondeu ele, com a voz trêmula. — Mas... não agora.

—Tudo bem. Coloque o cinto.

Obediente, Jimin prendeu o cinto de segurança e ficou completamente imóvel enquanto Jungkook dava partida na picape e manobrava pelo tráfego das autoestradas. Ele dirigia em silêncio, sem se intrometer no seu luto, ao mesmo tempo que Park tremendo tentava aceitar que Lisa se fora.

—Você... você acha que Kai é o culpado, não é?

—Ele vai ser interrogado — disse Jungkook, em um tom neutro.

A essa altura, Kai seria o principal suspeito, mas as provas teriam de apoiar essa teoria. Mesmo sendo pouco provável, sempre havia a chance de a verdade ir contra as estatísticas. Quem poderia dizer? Talvez descobrissem que a Srta. Lisa estava saindo com outra pessoa.

Jimin começou a chorar de novo, cobrindo o rosto com as mãos e se inclinou para a frente, os ombros trêmulos.

—Não acredito que isso está acontecendo — conseguiu dizer, e então se perguntou, letárgico, quantos milhões de pessoas falavam exatamente a mesma coisa durante uma crise.

O homem perfeitoOnde histórias criam vida. Descubra agora