Treze

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Jimin abriu um olho e encarou o relógio, que emitia um apito agudo extremamente irritante. Finalmente reconhecendo que era o despertador — afinal de contas, nunca na vida o ouvira às duas da manhã —, esticou a mão e deu um tapa nele. Aconchegando-se no novo silêncio, perguntou-se por que diabos o alarme tocaria naquela hora horrorosa. Porque ele o programara para tocar naquela hora horrorosa.

—Não — gemeu Jimin para o quarto escuro. — Não posso acordar. Só estou dormindo há quatro horas!

Mas ele se levantou. Tivera a presença de espírito de deixar a cafeteira pronta, programada para ligar à uma e cinquenta. O cheio de café o guiou, aos trancos e barrancos, até a cozinha. Ele acendeu a luz, mas então precisou apertar os olhos contra o brilho ofuscante.

—Esse povo da televisão é de outro planeta — murmurou Jimin, pegando uma xícara. — Humanos de verdade não conseguem fazer isso todo dia.

Com uma dose de café dentro dele, foi mais fácil chegar ao chuveiro. Enquanto a água caía por sua cabeça, ele lembrou que não pretendia lavar o cabelo. Como não contabilizara o tempo para lavar e secar o cabelo quando calculara a hora de acordar, estava oficialmente atrasado agora. Ele gemeu e se recostou na parede.

—Não consigo fazer isso.

Logo depois, Jimin se convenceu a tentar. Ele rapidamente passou xampu, se esfregou com uma esponja e, três minutos depois, saiu do banho. Com outra xícara de café fumegante à mão, secou o cabelo e passou uma gotinha de brilho capilar para ajeitar os fios rebeldes. Quando se acordava tão cedo, maquiagem era indispensável para disfarçar a automática aparência horrorizado e chocado; ele aplicou os produtos com rapidez e generosidade, almejando um look glamoroso, tipo acabei-de-sair-da-festa. No fim das contas, acabou ficando com cara de quem estava de ressaca, mas não ia perder tempo com uma causa perdida.

A moça da televisão tinha alertado para não usarem branco nem preto. Jimin optou por uma calça preta  justa, concluindo que a moça quisera dizer para evitarem a cor na parte de cima, que era o que apareceria. Adicionou um suéter vermelho com gola canoa e manga três-quartos, passou um cinto preto pela cintura e colocou os tênis vans pretos ao mesmo tempo que prendia argolas douradas clássicas nas orelhas.

Jimin olhou para o relógio. Três da manhã. Puxa vida, ele era boa mesmo nisso!

Mas morderia a língua antes de admitir uma coisa dessas.

Tudo bem, o que estava faltando? Comida e água para BooBoo, que estava escondido. Gatinho esperto, pensou ele.

Depois de cumprir essa tarefa, Jimin saiu de casa às três e cinco. A vaga da casa ao lado continuava vazia. Nem sinal do Pontiac marrom, e ele não ouvira nenhum veículo chegar durante a noite. Jungkook não voltara para casa.

Ele provavelmente tinha namorada, pensou Jimin, trincando os dentes. Dã!  se sentia um idiota. É claro que ele tinha namorada. Homens como Jungkook sempre tinham uma ou duas mulheres, talvez três, no seu pé. 

—Babaca — resmungou Jimin entrando no Viper.

Ele devia ter mantido em mente suas últimas experiências na guerra dos relacionamentos e não ter ficado tão empolgado. Era evidente que o tesão passou na frente do seu bom senso. Em resumo, após uma olhada no corpo nu de Jungkook,  o  corpo de Jimin entrara em combustão.

A ideia de desistir daquela ereção de dar água na boca, tão impressionante, quando ainda nem tivera a chance de prová-la, era suficiente para fazê-lo querer chorar, mas seu orgulho era maior. Jimin se recusava a ser mais um na legião de seguidores de um homem.

O homem perfeitoOnde histórias criam vida. Descubra agora